Pontos corridos ou mata-mata? – Parte 1

Posted: 13/09/2011 in Uncategorized

Lí em uma reportagem no site do Uol Esporte (http://esporte.uol.com.br/futebol/ultimas-noticias/2011/09/13/diretor-do-corinthians-defende-volta-do-mata-mata-e-mais-rentavel-e-democratico.htm) que o Diretor de Marketing do Corinthians, Luis Paulo Rosemberg, defende a volta do sistema de mata-mata para o Campeonato Brasileiro, alegando que além de mais rentável, esse sistema é mais democrático.

Assunto polêmico e que rende grandes discussões em rodas de bar e arquibancadas pelo Brasil afora.

Em partes eu concordo com o que o Luis Paulo Rosemberg disse. Em partes…

Mas o que seria melhor para o futebol brasileiro? Vamos analisar.

Acho que o sistema atual, além de elitizar mais o campeonato, o torna menos rentável para clubes e detentores do direito de imagem, uma vez que não há uma fase sequer em que o campeonato seja mais ou menos importante. A importância dos jogos é a mesma da primeira à última rodada, o que impede uma negociação mais forte das equipes e de quem transmite o evento com seus patrocinadores. Isso impede o tal Marketing de oportunidade, como existe na NFL (liga americana de futebol) com o Super Bowl, a grande final do campeonato, onde o país literalmente pára no primeiro domingo de todo Fevereiro para acompanhar um único jogo. É fato.

Como fato é também que o sistema de pontos corridos é mais justo com seu campeão. O time que acumula mais pontos é campeão e ponto. Justo e frio assim. Ou alguém aí discorda que o São Paulo tenha merecido os três títulos conquistados entre 2006 e 2008? Ou, mais ainda, alguém discorda que o Cruzeiro, campeão de 2003 com 31 vitórias em 46 jogos, não tenha merecido seu único título?

Porém, como eu disse, esse sistema elitiza o campeonato e diminui e muito a possibilidade de times médios e pequenos de aparecerem no cenário nacional. Como exemplo, vou listar abaixo os campeões e vices desde 2003, ano que essa fórmula foi adotada no Brasileirão, e os campeões e vices de 1995 à 2002, os oito anos anteriores à adoção dos pontos corridos:

Campeões e vices – Pontos Corridos

Campeões e vices no Sistema Mata-Mata

2003

Cruzeiro – MG

1995

Botafogo – RJ

Santos – SP

Santos – SP

2004

Santos – SP

1996

Grêmio – RS

Atlético Paranaense – PR

Portuguesa – SP

2005

Corinthians – SP

1997

Vasco da Gama – RJ

Internacional – RS

Palmeiras – SP

2006

São Paulo – SP

1998

Corinthians – SP

Internacional – RS

Cruzeiro – MG

2007

São Paulo – SP

1999

Corinthians – SP

Santos – SP

Atlético Mineiro – MG

2008

São Paulo – SP

2000

Vasco da Gama – RJ

Grêmio – RS

São Caetano – SP

2009

Flamengo – RJ

2001

Atlético Paranaense – PR

Internacional – RS

São Caetano – SP

2010

Fluminense – RJ

2002

Santos – SP

Cruzeiro – MG

Corinthians – SP


Tivemos 11 times diferentes entre 1995 e 2002, sendo que desses ao menos três podemos chamar de times médios e/ou pequenos (vide suas colocações em nosso Ranking Geral). São eles: Portuguesa, Atlético Paranaense e São Caetano (esses últimos inclusive disputando a final de 2001). No sistema de Pontos-Corridos foram 9 times que apareceram nas duas primeiras colocações e apenas um que não é considerado grande foi vice em 2004, o Atlético Paranaense. Percebe-se aí uma maior dificuldade para times de menor expressão se destacarem nesse tipo de campeonato.
 
Além disso, o sistema com vinte times na primeira divisão, formato europeu, funciona melhor para países de território pequeno, com menos estados e provincias, com menos população, como Espanha, Itália, Inglaterra e Argentina. Eu comparo esses campeonatos com os estaduais que temos no Brasil, pois são geralmente disputados por 2, 3 ou no máximo 4 times com reais possibilidades de serem campeões e os demais não passam de meros figurantes.
 
Será que manter essa fórmula de disputa não vai, com o passar dos anos, transformar o Brasileirão em um campeonato de 4 ou 5 times com chances de título e os demais apenas em meros figurantes?
 
Porém esse blogueiro não considera o melhor formato aquele que foi disputado na maior parte das vezes entre 1971 e 2001, com alguns times jogando num turno único e os oito primeiros (ou 16 primeiros como ocorreu em 2000) disputando um sistema de mata-mata.
 
Esse sistema apresenta injustiças como as de 1990 e 2002, onde os times campeões se classificaram na bacia das almas, na última rodada (com o Santos de 2002 perdendo seu jogo e se classificando por conta do resultado de um terceiro) e levaram o caneco por fazerem seis jogos épicos.
 
Além disso, vale mencionar que mesmo esse sistema de disputa colocava apenas 20 (ou algo parecido, dependendo do ano e das viradas de mesas) times para disputar a primeira divisão, o quê ajudava, de certo modo, na elitização do campeonato.
 
E não podemos esquecer que foi só à partir de 2003 que nos acostumamos com uma única forma de disputa, pois antes disso cada ano era de um jeito diferente, tendo ocorrido até campeonatos que tiveram suas fórmulas mudadas no decorrer da competição. Era a pura bagunça, desorganização e falta de profissionalismo.

Mas, então, qual seria a melhor forma de disputa? Qual formato permite trazer mais patrocinadores, emoção e equilíbrio ao Campeonato Brasileiro? Qual?

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