Arquivo de Junho, 2014

Esse post era para ser publicado ontem ou hoje pela manhã, mas por compromissos profissionais acabou sendo “empurrado” para a o final dessa sexta-feira.

O que não determina uma perda de valor para o texto.

Ele seria exatamente idêntico caso fosse escrito ontem.

Até porque temos que elogiar o quanto for possível essa primeira fase da Copa do Mundo de 2014.

Ao menos dentro do gramado, que eu tenho condições de fazê-lo, o desempenho dessa Copa tem sido bem superior ao das três anteriores.

É a melhor Copa desse século!

E os números, sempre eles, falam por si.

136 gols marcados em 48 jogos, com média de 2,83.

Dos 48 jogos apenas 9 terminaram empatados e em pouco mais de 10% deles (5 jogos) a torcida saiu do estádio sem gritar gol.

Contribuiu para a beleza do espetáculo não só o número de gols marcados, embora saibamos que isso seja essencial, mas também as viradas de placar que tivemos, as goleadas, as poucas interferências de arbitragem no resultado dos jogos (que os croatas não nos leiam) e a altíssima taxa de ocupação média dos estádios.

Três equipes saíram do nosso país sem sentir o gostinho de fazer um pontinho sequer na classificação. Foram elas: Camarões (grupo A), Austrália (grupo B) e Honduras (grupo E).

Holanda, com 10, e Colômbia, com 9, foram as seleções com os melhores ataques da primeira fase.

Honduras, Camarões e Irã, cada um tendo marcado 1 gol, foram os piores.

As seleções que tiveram suas metas menos vazadas foram Bélgica, México e Costa Rica com apenas 1 gol sofrido nos três jogos disputados.

Já as que saíram com a sacola cheia do Brasil foram Camarões e Austrália, com 9 gols sofridos cada.

As doze sedes da Copa receberem 4 jogos cada.

O estádio que mais teve suas redes balançadas foi a Fonte Nova, na Bahia, com 21 gols marcados em 4 jogos (as principais goleadas da Copa, como Holanda 5×1 Espanha e Alemanha 4×0 Portugal foram lá).

Já o estádio que menos deu sorte aos goleadores foi a Arena das Dunas, com 5 gols em 4 jogos apenas.

Ainda bem que não teremos mais jogos lá, não é?

Os principais destaques, na opinião desse blogueiro, ficam por conta da Holanda, com o melhor futebol apresentado até o momento, da Costa Rica, pela surpresa em ser a melhor defesa num grupo onde tínhamos apenas campeões mundiais além dela, pela Argélia, que era tida como uma zebra no grupo H e, por fim, pela Colômbia, que embora não possa ser considerada como uma surpresa, demonstrou um futebol muito bem aplicado e bem jogado na primeira fase.

Nessa mini-Copa América que teremos nas duas próximas fases a Colômbia é, na minha opinião, a favorita a chegar na semifinal.

Até o momento não sei citar qual é o jogador de maior destaque, até porquê os times que melhor jogaram não tiveram um destaque individual muito grande.

E, daquela imaginação que eu fiz sobre como seriam as quartas de final (leia aqui), Brasil x Uruguai ainda é possível, embora eu não acredite mais no time Celeste, Nigéria x Bélgica não é mais possível, embora os dois possam chegar até essa fase, Espanha x Itália é melhor nem comentar mais e Argentina x Portugal só não é possível porque na “terrinha” só tem um Cristiano Ronaldo, que nem foi lá essas coisas.

Coisas de uma Copa que vem surpreendendo a todos.

Com a definição dos oito primeiros classificados para as oitavas de final da Copa do Mundo, e já sabendo que temos também mais três seleções já garantidas na próxima fase, algumas constatações já podemos fazer em relação à Copa.

Constatações simples, certamente, mas que ilustram quaisquer análises sobre esse mundial.

Como você já deve ter lido em algum lugar por aí (os grandes portais brasileiros já escreveram sobre isso), já é certo que teremos uma seleção sul-americana entre as quatro melhores do mundial.

Você também já deve ter percebido que, na outra chave das oitavas, os dois confrontos já definidos são entre seleções da UEFA e da CONCACAF.

Para essa Copa do Mundo tivemos a classificação de 4 seleções das Américas Central e do Norte, 6 da América do Sul, 13 da Europa, 3 da Ásia, 5 da África e 1 da Oceania (que se classificou jogando as eliminatórias pela Ásia).

Até agora temos classificados para as oitavas (onde passam exatamente a metade das seleções que disputam a Copa) 5 sul-americanos, 4 europeus, além de duas seleções das Américas do Norte e Central.

Quase a totalidade de Sul-Americanos já passou para as oitavas. A única seleção do continente que não está classificada, mas que pode vir a se classificar (o que eu acho difícil) é o Equador, que joga hoje contra a França e precisa vencer o time de Benzemá e ainda torcer contra a Suíça.

O que demonstra que o fator “campo”, ou poderíamos chamar de fator “continente” está pesando.

Se pegarmos como exemplo a última Copa disputada em solo europeu, veremos que o inverso também é proporcional.

Em 2006, na Alemanha, haviam 14 equipes europeias na disputa. 10, nada menos do que 10, passaram para as oitavas de final.

Ainda restam 5 vagas nas oitavas de final e temos 4 seleções europeias com possibilidade de classificação (a que está em pior situação é Portugal), 1 sul-americana, 2 norte-americanas, 2 asiáticas e 2 africanas.

5 vagas para 11 seleções.

E em se confirmando algumas previsões, ao menos desse magrelo aqui, teremos para as próximas 5 vagas a classificação de 2 europeus (Suíça e Alemanha), 2 africanos (Nigéria e Argélia) e 1 norte americano (Estados Unidos).

Se isso acontecer o continente americano classificará 8 seleções para a próxima fase. É ou não é um domínio da América?

Agora resta saber se as previsões serão mesmo confirmadas.

Decisões de hoje:

Argentina e Nigéria entram em campo hoje com a possibilidade de empatarem para ambos se classificarem.

Mas eu duvido que os argentinos vão decepcionar tanto assim a sua torcida que está invadindo Porto Alegre.

Mesmo com uma vitória hermana, acho que a Nigéria passa porque o Irã não será capaz de vencer a Bósnia.

No outro grupo a situação está um pouco mais equilibrada.

Como eu já escrevi acima, o seleção equatoriana tem que vencer a França e torcer por um tropeço da Suíça contra a fraca seleção de Honduras.

Difícil.

O mais óbvio mesmo é que as duas seleções europeias vençam seus jogos.

Embora saibamos que o óbvio não está ligando muito para essa Copa.

O meia Fernandinho que entrou e deu outra cara para o meio-campo da Seleção.

O meia Fernandinho que entrou e deu outra cara para o meio-campo da Seleção.

O Brasil se garantiu nas oitavas de final ao vencer, e bem, o fraco time de Camarões.

Os 4×1, no entanto, não significam que o Brasil tenha jogado um futebol dos sonhos, principalmente no primeiro tempo, quando encontramos mais dificuldades do que deveríamos contra o já eliminado e em crise time camaronês.

Mas no segundo tempo, principalmente com a entrada do meia Fernandinho, o Brasil dominou o jogo porque passou a dominar o meio de campo, tendo melhorado a marcação e a roubada de bola nesse setor.

Com o apagado, e meu ídolo, Paulinho as coisas não estavam funcionando bem assim.

Neymar foi outra vez Neymar e se aproveitou da fragilidade do adversário para demonstrar um pouco de sua habilidade, dando dribles desconcertantes e fazendo algumas firulas para levantar a galera.

Vale lembrar que nenhum outro craque da Copa teve uma atuação tão bela quanto a do Neymar, nem mesmo enfrentando o mesmo nível de adversários.

A vitória deu ao Brasil o primeiro lugar do grupo e jogará as oitavas contra o surpreendente time do Chile, no próximo sábado, às 13 horas.

Demais jogos:

No começo da tarde a Holanda venceu o Chile, se confirmando como primeira do grupo B e mantendo 100% de aproveitamento.

Não vi o jogo e começo a crer que temos que ficar de olhos bem abertos para esse time da Holanda.

Os caras chegaram para a Copa como segunda força de seu grupo, fecharam a primeira fase com esse belo aproveitamento e estão com a moral lá em cima por conta da campanha, até aqui, perfeita.

Time que ganha moral e autoconfiança, nesse tipo de campeonato, se torna difícil de ser batido hein.

Ainda pelo grupo B, Espanha e Austrália fizeram um jogo melancólico de despedida, com a Espanha vencendo por 3 a 0 e evitando um vexame ainda maior.

No mesmo horário do jogo do Brasil o México, que ninguém está colocando como uma surpresa, mas é, venceu bem a seleção da Croácia, por 3×1 e fará o outro jogo das oitavas contra a Holanda.

Digo que o México é uma surpresa porque o time de Chichiarito Hernandéz se classificou na repescagem mundial, tendo ficado atrás até de Honduras nas eliminatórias da CONCACAF e trocou, se eu não me engano, duas vezes de técnico no último ano.

Chegar aqui e ter o mesmo desempenho que os donos da casa, sob essas condições, é sim ser uma surpresa.

Amanhã:

Um clássico do futebol mundial decide uma vaga nas oitavas de final pelo grupo D, considerado como “da morte” antes do início da Copa.

Um jogo simplesmente entre os dois primeiros campeões mundiais.

Um puta jogo, que eu não vou poder assistir.

Uruguai e Itália entram em campo, às 13 horas, com a vantagem do empate para a Esquadra Azzurra, mas com uma ampla vantagem de torcida para a Celeste Olímpica.

Jogo duro de palpitar.

Mas como os sul-americanos, e por quê não os americanos (do continente, não do país), estão levando vantagem sobre os europeus eu acho que vai dar Celeste.

Sem moleza, é claro.

Ao mesmo tempo a candidata ao título Costa Rica pega a já eliminada Inglaterra, com os costarriquenhos jogando por um empate para se classificarem em primeiro lugar no grupo.

A tarde a decisão será pelo grupo C.

A Colômbia pega o Japão jogando por um empate para ser líder do grupo.

Os japoneses precisam vencer por dois gols de diferença e torcer para que a Costa do Marfim e Grécia empatem.

Mafineses e gregos jogam pela vitória para garantir a vaga como segundo do grupo.

Um dado curioso desse grupo é que um de seus classificados pode ser conhecido através de sorteio da FIFA.

Para que isso ocorra, uma improvável combinação de resultados tem que acontecer. O Japão tem que vencer a Colômbia por 3 a 2 e a Grécia tem que bater a Costa do Marfim por 4 a 1.

Mas, do jeito que essa Copa anda, é melhor os homens da FIFA começarem a preparar o sorteio.

Que delícia é a Copa do Mundo!

Todo dia tem jogo, ao menos na primeira fase, e a grande maioria dos jogos são decisivos.

E isso é o que todo amante desse esporte mais gosta.

Os três jogos de ontem fecharam a segunda rodada da competição, que teve uma ligeira queda na média de gols marcados, estando agora com 2,94 por jogo, mas que ainda se mantém como a melhor média das últimas quatro Copas, que tiveram o mesmo formato e número de participantes.

Se formos pegar historicamente a Copa de 2014 tem a melhor média desde 1970, essa sim conhecida como a Copa das Copas. Coincidentemente, ao final da 2ª rodada, temos o mesmo número de jogos realizados do total de jogos da Copa de 70, sendo que naquela foram marcados 95 gols e nessa, até ontem, foram contabilizados 94 gols.

A diferença é mínima.

Os principais grupos responsáveis por essa festa de gols são o Grupo B, com destaque à Holanda, o Grupo E, da França (Holanda e França com os melhores ataques da competição até aqui) e o Grupo G, da Alemanha, o terceiro melhor ataque. Todos esses com média de gols igual ou superior a 3,75 gols por jogo.

O grupo onde menos vimos gols é exatamente aquele que esse blogueiro mais esperava gols, o Grupo F, da Argentina. Até agora foram marcados apenas 5 gols nesse grupo, o que dá uma média de 1,25 por jogo.

Muito pouco.

Fonte Nova, em Salvador, e Beira Rio, em Porto Alegre, são os estádios que mais viram gols até agora. O primeiro testemunhou 17 gols e o segundo 14.

As goleadas da Holanda sobre a Espanha e da Alemanha sobre Portugal contaram, e muito, para deixar a Fonte Nova nessa posição privilegiada.

Já o estádio que menos viu gols até esse momento foi a Arena da Baixada, em Curitiba, que nos dois jogos que recebeu viu apenas 3 gols.

Prévia das oitavas retirada do portal UOL.

Prévia das oitavas retirada do portal UOL.

Nova simulação das oitavas:

Pouca coisa mudou na simulação das oitavas.

Os confrontos que estão diferentes entre essa e a simulação da primeira rodada são os da França, que antes poderia pegar ou Irã ou Nigéria, e que agora está com a Nigéria, a Alemanha que antes poderia pegar ou Coreia do Sul ou Rússia, mas que agora está pegando a surpresa Argélia e a Argentina que antes pegaria a Suíça e que agora estaria enfrentando o Equador.

De resto está como estava na primeira rodada: Brasil x Chile, Colômbia x Itália, Holanda x México, Costa Rica x Costa do Marfim e Bélgica x Estados Unidos.

De um lado da chave de quartas de final estão os campeões mundiais Brasil, Itália, França e Alemanha e do outro apenas a Argentina.

Promessa de que iremos sofrer, e muito, se quisermos chegar até a final.

Palpites:

Como hoje começa a terceira rodada da fase de grupos, que vai formar as oitavas de final, vamos dar os palpites finais dessa fase.

Embora que como palpiteiro eu tenho sido um ótimo blogueiro, apenas.

No grupo A eu acredito que passará o Brasil em primeiro e a Croácia em segundo. Acho que haverá uma grande frustração da enorme torcida mexicana que está tomando conta de Recife.

No grupo B as coisas ficam como estão: Holanda em primeiro e Chile em segundo. Só espero que a Austrália não termine em terceiro desse grupo.

No grupo C passam Colômbia em primeiro e Costa do Marfim em segundo. Não acredito que o burocrático time grego vá surpreender na decisão contra os marfineses.

No grupo D mora a grande questão. Acho que a Costa Rica irá sim ficar com o primeiro lugar do grupo (os caras já chegaram até aqui, não vão desapontar agora). Mas entre Itália e Uruguai tudo pode acontecer. Se for para escolher um, pelo o que eu vi na última rodada, eu escolho o Uruguai.

No grupo E a França termina em primeiro e nos resta saber como a seleção da Suíça vai se recuperar do massacre sofrido na última rodada. Mas, mesmo sabendo que os suíços estão abalados com a derrota, aposto minhas fichas neles. Acho difícil que o Equador arranque uma vitória contra a França.

No grupo F, o pior da Copa até aqui, acho que Argentina e Nigéria farão um jogo no estilo “bom pra todo mundo” e se garantirão em primeiro e segundo colocados com um simples empate.

No grupo G outra decisão. Grupo complicadíssimo mas que pode haver também um jogo no estilo “bom para todo mundo” entre Alemanha e Estados Unidos, que com um empate se classificam para a próxima fase. Mas é duro de prever. Pelo saldo de gols acho que Portugal já está eliminado (teria que reverter um saldo negativo de 4 gols). Já Gana poderia se beneficiar de uma vitória alemã, caso vença também os portugueses, mas teria que tirar dois gols de saldo. Mesmo achando que a Alemanha vá vencer os americanos, vou ficar com a classificação dos dois para a próxima fase.

Como também acredito que nada vá mudar no grupo H, mesmo sabendo que haverá o confronto direto entre Argélia e Rússia pela segunda vaga desse grupo. Os argelinos demonstraram muita garra e disciplina tática no jogo de ontem contra a Coreia, essa sim já eliminada, e podem ser mais uma surpresa dessas oitavas de final.

Agora, como sempre escrevo, é só esperar para ver. E torcer!

História de Torcedor de hoje não poderia deixar de ter a ver com o principal campeonato de futebol do planeta, a Copa do Mundo.

Afinal, estamos no meio da 20ª edição do torneio, que pra felicidade do Futebol em Terras Brasilis está sendo disputada em nosso solo.

Mas, muito mais do que uma mera história sobre o que eu vivi numa Copa do Mundo, o relato de hoje pode ser mais compreendido se for lido como uma homenagem.

Pequena, mas uma homenagem.

Homenagem a alguém que, se não tivesse vivido, eu também certamente não estaria aqui.

Homenagem à minha mãe, que se estivesse encarnada estaria completando, hoje, 69 anos de idade.

Dona Luiza Estela Silveira Lopes, Lú para os mais próximos e mãe para apenas três.

Parabéns mãe!

Que Deus possa continuar te abençoando em seu caminho e que possamos, eu, meus irmãos, meu pai e seus netos sentir as boas vibrações que sempre recebemos vindas de você.

E que a festa seja animada de verdade dessa vez!

Minha mãe, em foto com meu irmão Leonardo, que nem havia nascido ainda em 86. Saudades imensas de você, mãe.

Minha mãe, em foto com meu irmão Leonardo, que nem havia nascido ainda em 86. Saudades imensas de você, mãe.

Festa (?) de aniversário:

Tenho poucas lembranças da Copa do Mundo de 1982.

A principal delas, certamente, foi da tristeza que tomou conta da sala lá de casa na derrota da Seleção Canarinho para a Itália de Paolo Rossi.

E só.

A primeira Copa que acompanhei mais foi, sem dúvida alguma, a de 1986, quando eu já tinha 9 anos completos e já era um mini-apaixonado por futebol.

Nessa Copa vivemos uma espécie de ressaca de 1982, com a Seleção sendo ainda comandada por Telê Santana e com alguns craques vindos daquela Copa inesquecível (como Zico e Sócrates, por exemplo).

Em 86 o caminho da nossa Seleção foi sendo percorrido de maneira até bastante simples.

Na fase de grupos pegamos, e vencemos, a Espanha (1 a 0), a Argélia (de novo 1 a 0) e a Irlanda do Norte (3 a 0).

Nas oitavas atropelamos a Polônia por 4 a 0 e chegamos entre os oito melhores do Mundial com quatro jogos, quatro vitórias, 9 gols marcados e nenhum sofrido.

Já era motivo para todos declararem o Brasil como um dos favoritos ao título, mesmo tendo naquele ano a Argentina de Maradona.

Enquanto tudo isso acontecia, o aniversário da minha mãe se aproximava e ela, que sempre gostava de ver a casa cheia, se animava para fazer uma festinha.

Afinal, não é todo ano que seu aniversário cai num sábado, né?

E naquele 1986, quando completava seus 41 anos, o dia 21 de junho, que marca também o início do inverno no nosso hemisfério, cairia num sábado.

Coincidentemente, aquele dia 21 de junho marcava também o início da disputa das quartas de final da Copa do Mundo.

E o primeiro jogo era o do Brasil.

Lógico que muitos detalhes eu não vou me lembrar, mas me lembro perfeitamente que minha mãe marcou sua festa para aquela tarde, que seria uma comemoração com comidas típicas de festa junina, afinal era junho, e que o jogo seria apenas mais um motivo para comemorarmos.

A ideia pareceu excelente.

No dia 21 de junho de 1986 a casa estava arrumada para a festa. Naquela época ainda não tínhamos tantas bandeiras pra lá e pra cá, mas alguma coisa sempre se fazia para marcar a experiência de mais uma Copa.

Lembro que morávamos em um apartamento bem grande na Lins de Vasconcelos, aquelas construções antigas onde o apartamento era sim espaçoso, e por isso daria para fazer a festa lá mesmo, preparando para lá, também, a comemoração com a vitória da Seleção Brasileira.

Praticamente ninguém contava com mais uma eliminação brasileira.

Se não tínhamos o timaço de 1982, ao menos estávamos com uma Seleção competitiva e que iria pegar a tal da França, atual (para aquela época) campeã europeia, mas com pouquíssima tradição em Copas do Mundo.

A França de 86 era algo parecido com o Portugal desse ano.

Estava a baba do quiabo.

Doce inocência.

Certamente também não me lembro de todos os detalhes do jogo, afinal eu era apenas uma criança ainda.

Mas me lembro daquelas malditas cobranças de pênalti.

Lembro que naquela cobrança francesa que bateu na trave e nas costas do goleiro brasileiro, Carlos, meu pai gritava com a televisão pedindo que anulassem a cobrança, dizendo que não poderia valer aquele gol.

Meu pai não era o único que gritava.

Me lembro também da aflição, e depois do alívio, de todos quando viram que o Galinho pegara a bola para a cobrança de pênalti. Afinal, ele havia perdido um pênalti durante o jogo, mas acabou convertendo a sua cobrança na decisão.

Alegria.

Que foi maior quando o ídolo deles, Michel Platini, isolou sua cobrança, fazendo com que o Brasil empatasse a série na quarta cobrança.

Que rapidamente se transformou em tristeza, quando o zagueiro, sim um zagueiro cobrou o último pênalti do Brasil, mandou a bola na trave.

E que se tornou em depressão quando o último francês, um tal de Fernández, cobrou e converteu seu pênalti.

Pronto, o fantasma do Sarriá estava novamente sob nossas cabeças.

O Brasil estava eliminado.

E a festa acabada.

E não importava o que eu fizesse, e eu juro que lembro que tentei convencer a todos (do jeito que uma criança faz, claro) de que era a festa de aniversário da minha mãe, e que não devíamos ficar tristes na festa.

De nada adiantava.

Pra falar a verdade, acho que nem minha mãe queria mais continuar aquela festa.

O clima parecia mais com o de um velório.

A Copa havia acabado para o Brasil.

E havia acabado com a festa da minha mãe.

Se tem algo para quê o empate em 0x0 entre Brasil e México serviu ontem foi para conseguirmos simular, sem muitas distorções, como estariam as oitavas de final da Copa após o término da primeira rodada, e início da segunda.

Porque se um dos dois saíssem vencedores, não poderíamos fazer a simulação até que as outras duas seleções do grupo também fizessem seu jogo.

Com o empate tanto Brasil, quanto México, se mantiveram na primeira e segunda colocações do grupo, respectivamente, e não poderão ser alcançados por Camarões ou Croácia nessa rodada.

E, junto com essa primeira prévia, vamos fazer também um balanço do que foi a primeira rodada da Copa.

Ao final do post colocarei minhas impressões sobre o desempenho da Seleção Canarinho no jogo de ontem.

Prévia das oitavas, retirada do Portal UOL.

Prévia das oitavas, retirada do Portal UOL.

As oitavas:

Algumas surpresas entre os times que teoricamente estariam nas oitavas de final.

E vale ressaltar que, por conta de dois empates ocorridos na primeira rodada, entre Irã 0x0 Nigéria e Rússia 1×1 Coreia do Sul, onde lemos os nomes de Irã e Coreia no quadro ao lado podem também ser considerados os nomes de Nigéria e Rússia, uma vez que os critérios de desempate válidos para a Copa não teriam utilidade na primeira rodada.

Mas, tirando esses dois fatos, é bem interessante imaginar, por exemplo, uma oitavas entre Brasil e Chile. E o que é pior, com a Holanda enfrentando o México, ao invés da toda poderosa Espanha.

Outra surpresa é a presença da Costa Rica, principalmente como primeira colocada do grupo onde temos Itália, Inglaterra e Uruguai. Seria um duelo de Costa a Costa (a piada era imperdível).

Outros jogos que seriam bem interessante, embora sem muitas surpresas, seriam entre Argentina e Suíça e Bélgica e Estados Unidos. Dois confrontos com pouca possibilidade de se prever quem avançaria para as quartas.

No mais ver uma Alemanha contra a Coreia seria até injusto. França passaria fácil pelo Irã, mas não sei se passa pela Nigéria. Colômbia e Itália seria um puta jogão também, muito mais pela festa que os colombianos estão fazendo em nosso país e Holanda e México daria Laranja tranquilamente.

Vamos ver quais desses confrontos realmente vão acontecer, uma vez que tudo pode mudar nos próximos 31 jogos dessa fase.

Balanço da 1ª rodada:

Sem sombra de dúvidas nem medo de errar as duas seleções que mais ganharam destaque na primeira rodada foram Holanda e Alemanha.

E por motivos óbvios: foram as duas seleções que aplicaram as maiores goleadas da rodada.

E, apesar de seus jogos terem sido goleadas por 5×1 e 4×0 respectivamente, essas seleções não pegaram nenhuma baba do Mundial não. Ganharam de Espanha, a tida melhor seleção do mundo, e Portugal, que tem o melhor jogador do mundo.

Embora saibamos que, no caso de Portugal, eles tem o melhor jogador do mundo e mais nada, né?

É só lembrar que não conseguiram nem se classificar em primeiro no seu grupo da eliminatória europeia, que contava com Rússia (que ficou na primeira colocação), Israel, Azerbaijão, Irlanda do Norte e Luxemburgo (só timaço hein).

Outro destaque ficou por conta da zebra Costa Rica que ganhou, e bem, da seleção uruguaia. Basta lembrarmos, caros leitores, que o Uruguai veio para essa Copa do Mundo como o atual campeão da Copa América e a melhor seleção Sul-Americana do último mundial.

Ou seja, era sim um dos candidatos a uma semifinal (ao menos).

Outro grande destaque dessa primeira rodada foi o elevado número de gols marcados.

No total foram marcados 49 gols em 16 jogos (sem considerar o jogo do Brasil de ontem, que foi válido pela segunda rodada), o que dá uma média de 3,06 gols por jogo.

Só para o leitor ter uma ideia do que isso significa, nos últimos três mundiais (desde quando foi adotado esse mesmo formato com 32 seleções) as médias de gols das primeiras rodadas foram: 2,87 em 2002 (46 gols marcados); 2,43 em 2006 (39 gols marcados); e 1,71 em 2010 (com apenas 25 gols marcados).

Ou seja, estamos muito superiores aos últimos mundiais.

Que isso se mantenha assim até o o último dia de competições, em 13 de julho, quando conheceremos o novo campeão mundial.

Brasil 0x0 México:

Que conclusão podemos tirar quando os melhores jogadores em campo são defensores ou até mesmo um goleiro?

De que o ataque de um time foi superior ao do outro, certo?

Mas e quando os melhores jogadores são os defensores de um time e o goleiro do outro time?

Foi isso o que aconteceu no jogo entre Brasil e México, em Fortaleza, na tarde de ontem.

O goleiro mexicano operou verdadeiros milagres tanto no primeiro, quanto no segundo tempo.

E a dupla de zaga brasileira, mais o volante Luiz Gustavo, foram monstros durante todo o jogo de ontem.

Sinal claro de que as defesas se saíram bem melhor do que os ataques e o 0 a 0 acabou sendo o resultado mais justo.

Sinto que estamos vivendo algo entre o sonho que foi a Copa das Confederações e a realidade que é a Copa do Mundo. Se na primeira, no ano passado, o Brasil foi campeão sem perder um ponto sequer, na segunda já estamos encontrando mais dificuldades do que imaginávamos.

A vitória de virada, com um pênalti inexistente, sobre a Croácia e o empate de ontem com o México podem sim acender uma luz amarela, que não tem referência nenhuma com a camisa da nossa Seleção, na cabeça do técnico Luiz Felipe Scolari.

O Brasil, que pode até se classificar perdendo para Camarões, tem que começar a jogar melhor se quiser fazer ao menos um jogo no Maracanã, no dia da grande final.

Porque se continuarmos assim, na hora de enfrentar uma Holanda, uma Argentina ou uma Alemanha, certamente teremos mais frustrações do que alegria pela frente.

Tá na hora de acordar Seleção!

 

logo-copa-201411Pode ser um pouco de romantismo de quem sempre sonhou em ver a Copa do Mundo sendo disputada em Terras Brasilis, mas creio que desde 1986 não temos um começo de Copa tão entusiasmante como esse.

E não falo baseado em números, como sempre o faço, até porquê sei que esses seriam apenas para comprovar isso que estou afirmando.

Mas falo também pela qualidade dos jogos que pude assistir até aqui.

Olha, dos que eu vi apenas o jogo de hoje entre França e Honduras não foi tão empolgante, e mesmo assim manteve a média de gols elevada com os 3 a 0 aplicados pelo time da Galícia.

Dos onze primeiros jogos da Copa assisti a 8 deles (só perdi Chile 3×0 Austrália, Colômbia 3×0 Grécia e Uruguai 1×3 Costa Rica – vi só o finalzinho) e todos os que eu vi me agradaram de alguma maneira.

Destaque óbvio para a goleada impiedosa da Holanda sobre a Espanha, à boa vitória da Itália sobre a Inglaterra e à virada da Suíça sobre o Equador, no último minuto mais eletrizante da Copa até agora.

Parece que o país do futebol está fazendo bem às seleções que aqui vieram, pois todos os jogos que vi pude perceber que as seleções têm entrado em campo muito mais preocupadas em marcar gols e vencer do que em apenas se defender para não perder.

E isso que tem atraído muito a minha atenção.

Com uma média de gols bastante elevada (37 gols em 11 jogos, média de 3,36 gols por jogo), a melhor desde 1958, e nenhum empate registrado até agora, o Mundial desse ano tem realmente tudo para entrar para a história como a Copa das Copas, porém não essa propagada pelo governo.

A Copa das Copas dentro de campo.

Depois de resultados bastante surpreendentes (como a goleada holandesa, ou a vitória costarriquenha) fica difícil continuar fazendo prognósticos para os próximos jogos, o que aumenta mais ainda a perspectiva sobre o Mundial.

O negócio é relaxar na frente da TV (ou no estádio para quem teve essa sorte) e curtir o momento mágico pelo qual nossos campos estão passando por esses dias.

Jogadores brasileiros comemoram o primeiro gol, a favor, da nossa Seleção na Copa.

Jogadores brasileiros comemoram o primeiro gol, a favor, da nossa Seleção na Copa.

Que o Brasil não jogou, ontem, nem a metade daquilo que muitos de nós (eu inclusive) esperávamos, disso ninguém duvida.

Mas, também, que o Brasil foi muito superior à Croácia, parece que também ninguém duvida, não é?

A Seleção Brasileira sentiu sim o peso de uma estréia em Copa do Mundo jogando em casa e o começo do jogo foi pra lá de estranho.

Parecia que todo mundo queria fazer tudo ao mesmo tempo e o que acabou realmente acontecendo era o que ninguém previa: o primeiro gol da Copa, no Brasil, foi contra….

Marcelo, aquele do nome mais bonito da Seleção, acabou empurrando pra dentro do gol uma bola que fora ligeiramente desviada por um atacante Crota que o nome termina com “ichi”.

Até no primeiro gol brasileiro, que tenha sido para nós, a coisa foi meio estranha. O meia Oscar, um dos melhores em campo, brigou por uma bola no meio de campo, tocou para o Neymar que, de longe, arriscou um chute fraco… mas tamanha fora a precisão do chute que a redonda entrou no cantinho.

A partir daí, com uma sensação de maior tranquilidade, a Seleção foi se acertando em campo e terminou o primeiro tempo podendo até estar vencendo.

A coisa mudou um pouco no início do segundo tempo, quando parecia que a seleção Croata iria dar mais trabalho do que imaginávamos.

Mas com o passar dos minutos o time Canarinho foi retomando o controle do jogo e, aos 25 minutos do segundo tempo, em um pênalti que não existiu, Neymar virou para a Seleção.

Daí em diante a coisa foi só alegria, com a Croácia pouco ameaçando o gol do Brasil e com Oscar coroando sua participação no primeiro jogo com um gol no final, selando de vez a nossa vitória.

Importantíssimo dizer que as duas substituições feitas por Felipão (trocando o apagado Paulinho por Hernanes e Hulk por Bernard) foram fundamentais para o Brasil virar o jogo.

E agora, com a vitória sobre o adversário mais chato do grupo, podemos afirmar que o Brasil se classificará sim como primeiro colocado.

Jogos de hoje:

Três jogos estão marcados para hoje.

Ainda pelo grupo A, do Brasil, Camarões e México se enfrentam na Arena das Dunas, em Natal.

Com a Croácia tendo perdido o primeiro jogo para a nossa Seleção, quem vencer desse confronto já dará um belo passo para as oitavas de final.

E eu acho que o vencedor será os Camarões.

Depois teremos dois jogos pelo grupo B.

Às 16 horas, um puta, mas um puta jogão!

Espanha e Holanda farão a reedição da final da última Copa, quando a Espanha venceu a Laranja Mecânica na prorrogação.

E hoje o equilíbrio não deve ser diferente.

Tanto que eu até aposto em um empate, só que dessa vez com muitos gols para encher os baianos de alegria.

Certamente farei de tudo para acompanhar esse jogo.

E, às 18 horas, será a vez de Chile e Austrália estrearem na Copa.

E essa é uma grande oportunidade para os chilenos conseguirem uma vitória nesse grupo e, quem sabe, já começarem a Copa como líderes do seu grupo.

Pode ser que aconteça.

Daqui a pouco mais de 5 horas terá início o maior campeonato de futebol do mundo. Às 17 horas de Brasília será dado o pontapé inicial à 20ª edição da Copa do Mundo de Seleções da FIFA.

Brasil e Croácia fazem o jogo inaugural, obedecendo a recente determinação da entidade máxima do futebol, onde a seleção que joga em seu país faz o primeiro jogo da Copa.

E a Seleção Brasileira vai a campo com uma expectativa enorme sobre ela e, em igual ou maior proporção, também com uma responsabilidade gigante.

Pela primeira vez entraremos em campo numa Copa do Mundo duplamente favoritos.

Se em 1950 éramos favoritos apenas por sermos os donos da casa, isso mudou radicalmente depois de, principalmente, 1970, quando o mundo se encantou com aquela que foi, sem dúvida alguma, a maior seleção de uma Copa do Mundo.

De lá pra cá, fosse onde fosse, o Brasil passou a entrar em todas as Copas do Mundo como um dos favoritos, se não o maior deles.

E agora, 5 títulos mundiais depois, essa responsabilidade soma-se àquela de 1950.

Isso é bom.

E isso também dá um pouco de medo.

Até porquê todas as 31 seleções que se juntarão à Brasileira nessa Copa sonham em repetir o feito do Uruguai de 64 anos atrás.

Além de Brasil, entram em campo como favoritas, também, as seleções da Espanha, da Argentina, da Alemanha e, um pouco atrás dessas, da Itália e do Uruguai.

E é melhor que passemos a dividir o favoritismo com todos esses sim.

O time campeão da Copa das Confederações será o que começará a disputa da Copa do Mundo.

O time campeão da Copa das Confederações será o que começará a disputa da Copa do Mundo.

O jogo:

A Seleção do técnico Felipão não apresentará nenhuma novidade em relação ao time que foi campeão da Copa das Confederações no ano passado.

E, cá pra nós, não teria nem porque apresentar alguma novidade, não é?

Júlio César é um goleiro experiente, com duas Copas do Mundo no currículo e vasta experiência em campos Brasileiros e Europeus.

A defesa conta com Dani Alves, Thiago Silva e os cabeludos David Luiz e Marcelo. Me parece uma defesa bem segura, também com jogadores experientes, e com laterais que apoiam bastante o ataque.

No meio de campo contamos com o carregador de pianos Luiz Gustavo, com Paulinho e Oscar.

Não me parece o meio de campo dos sonhos. Não temos nele nenhum jogador que você olhe e diga: “Bem, se estivermos no sufoco, esse cara salva a pátria”.

Mas também não é dos piores. Longe disso.

Já o ataque é sim dos melhores, com Neymar, Fred e Hulk.

Nesse setor do campo temos sim “o cara” que pode resolver numa situação complicada.

E o problema, nesse ponto, é o que muitos chamam de Neymardependência.

Se o craque estiver num dia bom, o que todos esperamos, a Neymardependência é uma ótima. Agora, se não estiver…

E é esperado, ao menos, que a seleção da Croácia marque muito o nosso camisa 10.

Inclusive, caro torcedor, a não ser que estejamos muito enganados, acredito que os croatas venham para não perder, o que para eles seria fundamental nesse jogo, e que tenhamos um jogo amarrado, onde a torcida terá que exercer demais a sua paciência.

Hoje é jogo em que 1 a 0 pode ser comemorado como goleada.

Vitória que se vier, e torcemos para que venha, deverá ser comemorada como sempre fizemos em Copas do Mundo: muitos fogos, buzinas, cornetas, bandeiras, cervejas, petiscos e muita alegria.

Afinal, é hoje que começa a Copa do Mundo no Brasil!

 

Alforria

Posted: 10/06/2014 in Uncategorized
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Carta de Alforria - Lei Áurea de 1888.

Carta de Alforria – Lei Áurea de 1888.

Eu gosto de futebol.

E eu gosto mais ainda de Copa do Mundo!

Sou daqueles que é capaz de dizer, em poucos segundos, todos os campeões e vices das 19 edições de Copas do Mundo que tivemos até hoje.

Bem, talvez nem todos os vices… mas os campeões eu te digo sem sombra de dúvidas.

Apesar de ser um fã incondicional desse esporte, sou também bastante consciente de tudo o que se passa ao meu redor.

Sou consciente do mundo em que vivo.

O futebol, ao contrário do que diz o dito popular, não é o meu ópio.

Longe disso.

Sou consciente, por exemplo, que nosso país não tem o mínimo de investimento que deveria ter em educação e saúde, para ficar apenas com o básico.

E mais consciente ainda de que o pouco que é investido, se é que podemos chamar de pouco, é muito mal gerido.

Sou consciente, também, de todos os problemas estruturais da política e da democracia que o país viveu (e vive) nos seus últimos 30 anos.

Sim, tanto nossa política quanto nossa democracia são falhas e estão anos-luz afrente do futebol, ou da Copa do Mundo, no rol de importância da nossa pauta de discussões.

Sei também, até porque moro em uma delas, que nossas cidades tem tantos problemas, dos mais básicos aos mais complexos, que em um único post eu não seria capaz de enumerar nem os do meu bairro, o que dirá da cidade onde vivo.

E vejo os mesmos problemas nas diversas cidades que tive o prazer de visitar nos dois últimos anos da minha vida profissional.

O fato de eu gostar de futebol e, principalmente, de Copa do Mundo, não me torna um alienado.

Ao menos não a mim.

E, se torna alienada alguma parcela da nossa população, não é por culpa do futebol em si, mas sim da educação (formal) que nosso país insiste em nos negar.

A Copa do Mundo no Brasil é um sonho que eu carrego desde adolescente, do qual não consegui participar (sim, eu tentei comprar ingressos) e que vou ver como vi todas as 7 edições anteriores.

Com a grande diferença de que agora o meu time joga em casa, na minha casa, no meu país.

Apesar de não ter conseguido ingresso, sou sim aquele torcedor que coleciona figurinhas (mesmo que para jogar fora o álbum depois), que compra cornetas e enfeites para minha casa e meu carro (a famosa bandeirinha já está lá, na janela) e compra camisa para acompanhar o jogo da Seleção.

O fato de eu gostar de futebol, ou de torcer para a Seleção do meu país, não impede que eu saiba, até por antecipação, que os estádios construídos para o evento levaram muita verba pública, embora muitos neguem, e que essas obras foram sim superfaturadas, como também é uma praxe em todas (ou na maioria delas) as obras públicas do nosso país.

Se você esperava que fosse diferente, meu caro, sinto em decepcioná-lo.

Embora eu saiba, também, que o valor gasto com a Copa do Mundo é, até certo ponto, irrelevante se comparado com o PIB brasileiro, ou até com o Orçamento da União, Estados e Municípios no período em que esse montante fora investido.

O valor gasto, inclusive no financiamento de estádios, em toda essa história de Copa (desde que fomos escolhidos, em 2007), não chega a ¼ do orçamento anual da União para as áreas da educação e da saúde, por exemplo.

O problema não é falta de dinheiro, mas sim na falta de competência na gestão.

Certamente que isso, de maneira alguma, justifica termos estádios públicos “padrão FIFA” (como nos acostumamos a dizer) em cidades que não possuem hospitais ou escolas públicas com um padrão superior aos existentes hoje.

Como também sei que muita politicagem rolou para definir as cidades-sede da Copa, onde 12 é um número absurdo, onde a Seleção Brasileira irá jogar, enfim, muita politicagem para tudo.

E também sei os políticos e, principalmente, os partidos que estiveram no meio disso tudo.

E, com relação aos partidos, podemos dizer que todos estão envolvidos.

Se o Brasil ganhar, e tomara que ganhe, ou se não ganhar pouca ou nada coisa vai mudar naquilo que vi, que li e, principalmente, no que sei.

E dificilmente minha opinião também vá mudar de acordo com o resultado da Copa, dentro do campo.

Como dificilmente, também, o meu voto no final do ano será decidido pelo resultado em campo da Seleção.

Quanto menos influenciado.

O que demonstra que o fato de ser um fã do esporte não me torna menos cidadão do que quem é fã de Fórmula 1, ou do que de quem é fã de séries americanas, ou de um nerd qualquer (que agora se chamam de Geeks).

Muito menos do que aqueles que são altamente envolvidos em política, em religião ou em filosofia.

Somos todos cidadãos com os mesmos direitos e, mais importante do que isso, os mesmos deveres.

Já votei em PT, PSDB, PMDB, DEM, em nulo (tem sido minha opção ultimamente) e sou totalmente à favor de protestos por melhores condições para todos, seja esse protesto uma greve, um pedido por moradia ou um protesto contra o aumento de R$ 0,20 no aumento da passagem de ônibus.

Só não aguento mais ser tachado de alienado apenas por gostar de um esporte.

Então, por favor, deixe-me acompanhar minha Copa em paz.

Há quatro anos eu estava acompanhando a Copa que era realizada na África do Sul e ninguém ficava, por isso, discutindo a política nacional e os nossos problemas.

Embora todos devêssemos fazer isso, não apenas em época de Copa do Mundo (que dificilmente voltará a ocorrer aqui).

Nem a Copa, nem a FIFA e quanto menos o futebol são culpados pelos problemas do nosso país.

E, embora a realização da Copa tenha sido um choque de realidade nos cidadãos, trazendo à tona discussões que antes não tínhamos, que não nos importávamos, acredito que nos próximos dias não seja o período ideal para querer discutir sobre isso.

Seria como se eu convidasse você para ir jantar na minha casa e, durante a janta, ficasse discutindo com minha esposa problemas que são apenas nossos.

Então, venho aqui pedir minha carta de alforria, igual à que a Princesa Isabel assinou no final do Século XIX, sem que isso signifique que eu vá fechar meus olhos para os problemas do nosso país.

A carta de alforria é do seu julgamento, daquilo que você pensa e acha que sabe sobre quem apenas quer acompanhar um evento.