Arquivo de Março, 2015

Seleção Brasileira continua a ignorar sua própria terra durante a preparação para a Copa América 2015.
A Seleção se ajeitando para posar antes do confronto contra o Chile, pela Global Tour.

A Seleção se ajeitando para posar antes do confronto contra o Chile, pela Global Tour, em Londres.

Desde 2013, e até 2022, a Seleção Brasileira terá todos os seus jogos amistosos sendo organizados por uma empresa inglesa, a Pitch International. Esse contrato, assinado ainda à época de Ricardo Teixeira na presidência da CBF, prevê um número próximo a 70 jogos amistosos durante essa década (jogos oficiais não entram nessa conta).

Como o próprio nome sugere, a ideia dos organizadores dos amistosos é fazer com que a única seleção cinco vezes campeã mundial possa desfilar seu talento pelos mais variados países do mundo, utopicamente imaginando que a nossa Seleção seja algo como os Harlem Globetrotters, coisa que não o é.

Ainda mais após a semifinal da Copa do Mundo de 2014, quando fomos duramente humilhados pelo futebol alemão, esse sim, atualmente, digno de uma “global tour”.

Mas, diferente do que ocorre com a Seleção Canarinho, a federação alemã é quem organiza os amistosos de sua seleção e os faz, em grande parte das vezes, em seus domínios.

Só como efeito comparativo, desde o final da copa vencida pelos alemães, no ano passado, a seleção alemã fez três amistosos, contra Argentina, Espanha e Austrália.

O único jogado fora do seu território foi contra a Espanha e, pasme, o jogo foi em solo espanhol.

Ou seja, não existe essa de “Global Tour” para a atual campeã mundial e dona do melhor futebol jogado no planeta.

Já a Seleção Brasileira, desde a derrota por 3×0 para a Holanda, que finalizou agonizantemente a nossa participação na Copa, já fez 8 jogos amistosos, sendo que absolutamente nenhum dentro dos nossos modernos estádios construídos para a Copa.

A diferença no número de amistosos se explica pela participação alemã nas eliminatórias da Eurocopa, que ocorrerá no ano que vem.

Mas fato é que, após o trágico final da Copa para o futebol brasileiro, seria interessante mesmo fazer alguns amistosos fora de casa, pra deixar a poeira baixar e fazer com que a torcida, ressentida que estava, voltasse a se interessar pela Seleção paulatinamente.

Mas oito jogos já se foram, com oito boas vitórias do time do técnico Dunga, e em nenhum a Seleção esteve aqui em sua terra.

Jogamos em Miami contra a Colômbia, em Nova Jersei contra o Equador, em Pequim contra a Argentina, em Singapura contra o Japão, em Istambul contra a Turquia (primeiro jogo em campo “não-neutro”), em Viena contra a Áustria (também em campo “não-neutro”), em Paris contra a França (o terceiro em campo “não-neutro”) e, ontem, em Londres contra o Chile.

Pô, não dava pra trazer uns dois ou três jogos desses aqui pro Brasil? Será que uma Turquia, uma Áustria ou até mesmo o Chile não aceitariam jogar aqui?

Qual é a dificuldade, nessa Global Tour, de se incluir o país de origem da Seleção Brasileira em seus locais visitados?

Já foi assim antes da Copa do Mundo e será assim até 2022?

Os dois próximos amistosos, na preparação do time para a Copa América, serão jogados aqui no Brasil. O primeiro contra o México, no Allianz Parque (que eu pretendo ir), e o segundo contra Honduras, ainda sem estádio definido.

Mas, mesmo assim, é muito pouco.

Por sorte, pelo o que eu li no blog do jornalista Almir Leite no Estadão.com (leia aqui), a CBF está revendo esse contrato exatamente por essa questão.

O já eleito futuro presidente da CBF, Marco Polo del Nero, quer que ao menos metade dos amistosos da Seleção sejam jogados aqui no Brasil.

O que esse blog apóia incondicionalmente.

E espera, o quanto antes, que a Seleção volte a atuar em nossos, agora modernos, estádios.

Campeonato Paulista de 2015 é um dos mais chatos da história do futebol!
trofeu

Troféu do Campeonato Paulista: campeonato ruim, chato e totalmente desnecessário.

Todo ano a rotina se repete: os campeonatos estaduais são duros de empolgar e a crítica especializada mete o pau na realização desses falidos torneios.

Mas, por mais que se tente e, acredite leitor, eu tentei não escrever sobre isso, fica impossível de não entrar nesse assunto.

Esses campeonatos são chatos pra caralho!

Não posso dizer por todos os campeonatos, até porque mal consigo acompanhar detalhadamente o Paulista, mas pelo exemplo que eu tenho (do Paulista) dá pra se ter uma ideia de como deve estar o resto dos estaduais por aí.

Para que o amigo de outro estado possa ter uma ideia, aqui em São Paulo o campeonato está tão ruim que os torcedores dos quatro grandes do estado só se preocupam em ver de quanto o seu time venceu algum dos pequenos.

Foi assim nesse final de semana, quando Santos, Corinthians, São Paulo e Palmeiras venceram, sem sustos, Audax, Capivariano, Marília e São Bernardo, respectivamente.

Soma-se a isto o fato de termos um regulamento no mínimo ridículo, onde 20 times (isso mesmo, 20) são separados em 4 grupos de 5 cada e os times jogam contra os times dos outros grupos, não enfrentando quem está no seu próprio grupo.

Com isso, claro, os quatro grandes estão disparados na ponta de seus grupos e os demais 16 clubes ficam lutando pra pegar a segunda vaga em cada grupo.

Pra piorar, porque sempre se pode piorar, três dos seis clássicos que essa fase previa serão disputados no meio de semana (dois já aconteceram e o terceiro, entre Palmeiras e São Paulo, será nessa quarta-feira), em mais uma cagada de quem organiza esse falido campeonato.

Como se não bastasse, passam os dois primeiros de cada grupo que se enfrentam nas quartas de final (o primeiro do grupo A pega o segundo do grupo A, e assim por diante), com o time de melhor campanha fazendo o jogo dessa fase em casa.

Ou seja, a chance de termos os quatro grandes nas semifinais é de 99%.

E não me venha argumentar que no ano passado o campeonato foi com essa mesma fórmula esdrúxula e que o Ituano foi campeão, porque todos sabemos que o raio não cairá duas vezes no mesmo lugar.

Ainda mais que esse ano os times grandes tiveram duas semanas a mais para pré-temporada, o que já eliminou a única vantagem que os pequenos tinham no início do campeonato (até o ano passado eram apenas duas semanas de pré-temporada para os grandes).

Aliás, é bom frisar que essas duas semanas a mais de pré-temporada vão começar a cobrar seu preço já nessa semana para o Corinthians, que terá que se submeter à incrível maratona de 4 jogos em 7 dias (domingo, terça, quinta e domingo), já que teve jogos adiados porque estava disputando a pré-Libertadores.

Como eu disse, não sei como andam os demais estaduais (principalmente aqueles que contém times da Série A do Brasileirão), mas pelo pouco que eu pude ver a coisa é bem similar: no Gaúcho quem lidera é a dupla Gre-Nal, em Minas Cruzeiro e Atlético estão entre os quatro primeiros e no Rio a única exceção é o Fluminense, o que também não quer dizer muita coisa.

A superioridade das equipes grandes é enorme.

Solução?

Até teria.

Mas, convenhamos, todos sabemos que o grande interesse não é solucionar nada.

A diretoria da CBF é eleita pelos presidentes de Federações que, para votarem em quem quer que seja, devem exigir que esse tipo de assunto nem entre em pauta, que dirá ser discutido em prol do nosso futebol.

E aí meu amigo, vira aquele circulo vicioso do qual estamos acostumados em todas as esferas políticas do nosso país.

Se a fase de grupos tivesse acabado nessa semana já teríamos um clássico brasileiro nas oitavas! Confira que clássico é esse e a análise do Blog para os times brasileiros.

Dos oito grupos dessa fase da Libertadores, cinco já completaram, nessa semana, a quarta rodada dessa primeira fase. Em outros três grupos foram completas as três primeiras rodadas.

Ou seja, pelo menos na metade da fase de classificação nós já chegamos.

E, muito mais pela curiosidade do que por significar realmente algo (afinal, nas rodadas que faltam muita coisa pode mudar) esse blogueiro aqui simulou como ficariam as oitavas de final se a fase atual estivesse encerrada.

Essa simulação é interessante para vermos quais confrontos realmente vão acontecer, quais times nem vão se classificar e entender que em um torneio como esse tudo pode mudar com apenas um jogo.

Para fazer essa simulação tivemos primeiro que separar os times em dois grupos, obedecendo a forma como a Conmebol decide os confrontos das oitavas: os primeiros colocados de cada grupo de um lado e os segundos colocados em outro.

Feita essa separação classificamos os times pelo percentual de aproveitamento, pois temos grupos que fizeram apenas três rodadas e grupos que já completaram 4 rodadas, saldo de gols e gols pró, chegando à seguinte classificação:

 

classificação liberta

A partir desse ponto é fácil montar as chaves de confronto para as próximas fases, de acordo com o site da Conmebol:

chaveamento

Tivesse a primeira fase terminado hoje, como o amigo leitor pode ver, dos cinco brasileiros apenas 4 passariam para a próxima fase (o Galo estaria eliminado).

E como podemos ver também, já nas oitavas outro brasileiro iria dançar, pois Cruzeiro e São Paulo se enfrentariam como o pior primeiro e o melhor segundo colocados.

E quem passasse desse suposto confronto pegaria nada mais, nada menos que o Boca Juniors 100% nas quartas de final.

Pedreira.

Do outro lado da chave o Corinthians, outro 100% da competição, pegaria uma baba paraguaia nas oitavas, mas poderia enfrentar o Estudiantes nas quartas.

Outra pedreira.

Já o Internacional teria o duríssimo Emelec pela frente, coisa que não assusta tanto se verificarmos que no confronto dessa fase (ambos estão no grupo 4) o Inter venceu em casa e empatou fora.

Passando pelo time equatoriano o Colorado poderia enfrentar o bom time do Tigres ou a baba do Universitário Sucre.

Curioso é ver que, se chegarem à semifinais, Corinthians e Internacional podem reviver uma rivalidade recente.

Em pouco mais de um mês teremos a disputa da última rodada dessa fase e aí poderemos ver se o que está aqui simulado vai mesmo acontecer.

Vale frisar, também, que os times que estão na parte de cima de cada chave das oitavas fazem o segundo jogo em casa.

Análise:

Simulações a parte, vamos analisar agora a situação dos times brasileiros em seus grupos, o que deve ser feito para classificar e contra quem, ou o quê, você deve torcer.

A começar pelo grupo 1, onde temos o time brasileiro em pior condição no momento, mas que teve o melhor resultado dessa semana: o Atlético Mineiro.

Depois de perder os dois primeiros jogos (um no Independência), o Galo surpreendeu a este blogueiro e venceu o colombiano Santa Fé em sua casa, por 1 a 0.

Agora o Galo tem dois jogos em casa pela frente e, entre eles, sai para enfrentar o Atlas no México.

E a coisa é bem simples, se não fosse tão complicada.

O Galo precisa vencer as duas partidas em casa e ao menos empatar contra o Atlas, lá no México.

Feito isso o Galo não irá depender de ninguém para se classificar. Qualquer outro resultado fará com que o time do técnico Levir Culpi dependa dos demais resultados da chave, o que não é nada agradável.

No grupo 2, onde temos Corinthians e São Paulo, a coisa não está assim tão ruim.

Para o Timão 4 pontos bastam para se classificar, podendo até ser como líder caso o São Paulo não faça 6 pontos nas duas próximas rodadas.

Pra falar a verdade, se o Tricolor vencer o San Lorenzo em Buenos Aires e o Timão bater o Danúbio aqui em São Paulo, o Corinthians já estará classificado.

O Timão pode até se classificar com dois pontos nos próximos três jogos, desde que os consiga contra São Paulo e San Lorenzo.

Já para o Tricolor a tarefa é um pouco mais difícil, mas não impossível.

A vitória na última quarta-feira foi excelente para as pretensões da equipe do técnico Muricy Ramalho. Com ela, o Tricolor passou a depender apenas de si próprio e, para conseguir a classificação, tem que somar 5 pontos nos próximos três jogos.

Conseguir 5 pontos em três jogos significa vencer um e empatar dois. Ou seja, o Tricolor não pode perder para o San Lorenzo, pois com um resultado desses, mesmo que vença os dois próximos confrontos, irá depender dos resultados do time argentino, e de seu rival Corinthians, para decidir quem se classifica.

A coisa é tão apertada nesse grupo que, dependendo da simulação que você faça, os três times podem acabar empatados com 12 pontos.

Creio, só para finalizar, que o fiel da balança nesse grupo será o Danúbio. Aquele time que perder pontos para os uruguaios terá sua classificação comprometida.

No grupo 3, liderado pelo Cruzeiro, a coisa também está bem apertada, embora o time Celeste tenha vencido fora de casa ontem a noite.

Foi apenas a primeira vitória do líder do grupo com maior número de empates até aqui: foram 4 em 6 jogos.

De novo creio que o fiel da balança será o pior time da chave, que o Cruzeiro venceu ontem fora de casa, o venezuelano Mineros de Guayana.

O Huracán (Argentina) já perdeu pontos para os venezuelanos dentro de sua casa, e isso pode comprometer sua campanha.

Seis pontos colocam o Cruzeiro nas oitavas, sem muito sofrimento.

Basta vencer o mesmo Mineros de Guayana na próxima rodada e o Universitário de Sucre na rodada derradeira.

Pelo grupo 4, esse já com quatro jogos disputados, o Internacional terá pela frente o Universidad de Chile, em Santiago, para depois finalizar contra os bolivianos do Stronghest, no Beira Rio.

3 pontos são necessários para que o Colorado passe à próxima fase, independente do que aconteça nos demais jogos.

Se fizer 4 pontos o Inter pode até terminar na primeira colocação, porque muito provavelmente o Emelec não aguentará (como não aguentaram Inter e Universidad) jogar na altitude de La Paz e perderá o confronto contra os bolivianos.

Corinthians e Internacional são as equipes brasileiras que têm o caminho mais tranquilo nas próximas rodadas dessa fase, o que não significa que não podem, porventura, terminar sua participação nessa Libertadores já em abril.

Futebol brasileiro vive semana cheia na competição continental e o blog lança os seus palpites.!

Os cinco times brasileiros que estão na Taça Libertadores de 2015 entrarão em campo nessa semana, sendo que quatro deles estarão em jogos válidos pela 3ª rodada da fase de grupos da competição, encerrando o primeiro turno virtual da fase, e um inicia os jogos de volta do grupo.

O Blog FTB vai lançar aqui os seus palpites para cada um dos confrontos.

A começar pelo Corinthians, que na noite de hoje irá ao Uruguai enfrentar o Danúbio, em jogo do Grupo 2.

O Timão tem 100% de aproveitamento nessa fase da competição e pegará o adversário que vem sendo considerado por toda a crítica como o sparring do grupo, que ainda não pontuou no torneio.

Junta-se a isso o fato do Timão não perder em solo celeste desde 1982, de acordo com o aplicativo Almanaque do Timão, do jornalista Celso Unzelte.

Ao Danúbio só a vitória interessa se o time uruguaio não quiser dar adeus precocemente à competição.

O Blog aposta em um empate, que serviria para o Timão se manter na liderança do grupo e firme na busca por sua classificação.

Já o coração do blogueiro acredita no terceiro triunfo do time do técnico Tite, dessa vez por 3 a 0.

Amanhã, também em jogo válido pelo grupo 2, o São Paulo recebe o San Lorenzo em um jogo decisivo para a equipe do Morumbi, que depois fará dois jogos fora de casa.

Acredito que esse será o melhor jogo da rodada.

Ambos tem três pontos, estão sendo questionados e precisam roubar pontos um do outro para continuarem na briga pela classificação.

E ambos estarão torcendo pelo Danúbio contra o Corinthians na noite de hoje, o que até amenizaria uma possível derrota amanhã.

Acho que o fator casa pesa a favor do São Paulo amanhã e o Tricolor vence os argentinos.

Um pouco mais cedo, em Guayaquil, no Equador, o Internacional começa sua caminhada no returno da fase, onde fará dois jogos fora de casa e para depois finalizá-la no Beira-Rio.

O confronto com o Emelec é decisivo para o Colorado, já que ambos estão na liderança do grupo com 6 pontos cada.

No único jogo que os equatorianos fizeram em casa, venceram o fraco time do The Stronghest, da Bolívia, por 3 a 0 e sabem da importância do jogo de amanhã para suas pretensões na competição.

O blog aposta num empate, embora o faz porque não se sente confortável em apostar numa derrota brasileira (que é bem possível).

Também amanhã, às 22 horas, o pior brasileiro até aqui nessa fase da Liberta vai à Colômbia para aquela que é, nessa rodada, a pior missão dos times brasileiros.

O Atlético Mineiro, que até agora não somou pontos na competição, enfrentará o Independiente Santa Fé, líder de sua chave com 100% de aproveitamento.

Uma derrota e o sonho do segundo título continental começará a tomar contornos de pesadelo.

E, nesse caso, nem o blog se arrisca a apostar em outro resultado.

Apesar de não achar que o time do Galo mereça ser eliminado na primeira fase (ele estava na minha lista de favoritos a passar à próxima fase), o time do técnico Levir Culpi perdeu a grande possibilidade de entrar mais tranquilo para esse jogo quando foi derrotado pelo Atlas (México) no Independência.

Uma recuperação pode até acontecer agora, mas acho que ficou muito complicado.

Por fim, na quinta-feira, para contrariar mais ainda a torcida do Galo, o blog aposta na única vitória fora de casa do Futebol em Terras Brasilis nessa rodada da competição, com o CruzeiroAq indo à Venezuela enfrentar o desconhecido Mineros de Guayana.

Nem vou discorrer muito a respeito desse jogo, pois custo a acreditar que um time que vem com a credencial de atual bicampeão brasileiro não vá conseguir vencer o tal do Mineros.

E só!

Blog analisa os programas de sócios-torcedores dos 18 maiores clubes do país e diz: ainda há muito o que se fazer!

Moda entre os principais clubes do Futebol em Terras Brasilis, os programas de sócios-torcedores têm sido visto, nos últimos anos, como uma das principais fontes de renda dos maiores clubes do país.

Atraindo cada vez mais torcedores com o mote de ajudar seu clube do coração, além de acentuar algumas rivalidades locais, temos visto e ouvido falar cada vez mais sobre esses programas, principalmente no que tange à quantidade de associados em cada clube.

De olho em um mercado com potencial enorme de crescimento, algumas das maiores empresas do país (lideradas pela gigante de bebidas Ambev) se uniram há uns dois anos, sob a tutela do ex-jogador Ronaldo (fenômeno), para criar o Movimento por um Futebol Melhor, em que descontos em seus produtos e serviços passariam a fazer parte do rol de benefícios dados aos sócios-torcedores de muitos dos clubes que têm esse programa.

Ou seja, o negócio é realmente atraente.

A história desses programas é mais longa do que imaginamos.

Lembro-me de já na década de 90 ver o São Paulo, vanguardista que era naquela época, lançar o seu programa de sócio-torcedor.

Mesmo estando na vanguarda, não foi o Tricolor do Morumbi quem melhor lidou com esse programa.

Na década passada assistimos ao surgimento daquele que é, hoje, o programa que mais conta com sócios no país: o do Internacional.

Com pouco mais de 130 mil torcedores adimplentes (em dia) com o clube, o Sport Club Internacional é, há algum tempo, o clube brasileiro com maior número de sócios.

Não contente em só ver esse número, esse blogueiro que vos escreve foi pesquisar cada um dos programas dos 18 maiores clubes do país, de acordo com o nosso Ranking, para verificar o que pode ser melhorado e quanto que esses programas estão realmente beneficiando nosso futebol.

A primeira pesquisa, e mais óbvia, foi sobre o tamanho de cada programa. Mas não me contentei apenas em verificar o número de torcedores adimplentes. Fui um pouco mais afundo nessa questão e verifiquei a proporcionalidade de sócios-torcedores no número de torcedores que cada clube tem.

E chegamos ao seguinte quadro:

Sócio-Torcedor - Total

Aqui os clubes aparecem ordenados pela proporção de sócios em relação ao número de torcedores. Ao lado de cada coluna temos a colocação do clube na coluna que se refere.

Antes de analisá-lo, vale informar as fontes: o número de sócios torcedores eu peguei no site do Movimento por um Futebol Melhor. Esses são números de 11/03/2015.

Já o tamanho da torcida eu peguei da pesquisa da agência Pluri Pesquisas Esportivas, de 2013, pesquisa essa com a menor margem de erro já divulgada.

O primeiro fato que chama a atenção, logo de cara, é que nenhum clube brasileiro ainda conseguiu atingir o percentual que o Benfica, de Portugal, tem de sócios. O time lusitano tem 4% de seus torcedores inscritos no seu programa de sócios e é, atualmente, o clube recordista de sócios no mundo.

O segundo ponto que chama a atenção, e esse muito interessante de se ver, é que nenhuma das 4 maiores torcidas do país está entre as primeiras colocadas no número proporcional de sócios. Muito pelo contrário.

Flamengo, Corinthians, São Paulo e Vasco da Gama aparecem, respectivamente, na 14ª, 13ª, 12ª e 15ª colocações quando analisamos proporcionalmente seus programas de sócios-torcedores.

Muito pouco para esses gigantes.

Se analisarmos em números absolutos o Corinthians aparece em 3º lugar no número de sócios, o que alivia um pouco a barra do clube do Parque São Jorge.

Mas Flamengo, 7º no total de sócios, São Paulo, 8º no total, e Vasco, 13º no total estão muito aquém do que se esperava, em se tratando de tamanho de suas torcidas.

Na ponta da tabela vemos os dois grandes do Rio Grande do Sul, com uma diferença bem grande no número total de sócios. Enquanto que o Colorado tem 2,59% de sua torcida cadastrada, o Tricolor Imortal, dono da maior torcida do estado, tem pouco mais de 1,30% de seus torcedores no plano de sócios.

Vale lembrar que os gaúchos aparecem em 8º e 10º colocados na pesquisa de tamanho das torcidas, o que nos leva a crer que a rivalidade local é uma grande incentivadora na disputa pra ver quem tem mais sócios.

Um número que me surpreendeu, positivamente, mas que por si só não fala muita coisa, foi o número de sócios-torcedores do Bahia. O Tricolor da Boa Terra aparece em 4º lugar entre os que mais possuem sócios proporcionalmente à sua torcida.

Outra curiosidade foi não conseguir encontrar o número de sócios-torcedores dos dois times paranaenses. Como ambos não fazem parte do Movimento por um Futebol Melhor, não conseguimos verificar quantos sócios tem cada clube.

Pra finalizar a análise dos números, vale um grande destaque para a torcida do Palmeiras, que até bem pouco tempo atrás nem tinha programa de sócio torcedor, mas que nos últimos meses fez explodir o número de associados em seu programa, sendo o segundo clube do país a ultrapassar a marca dos 100 mil torcedores adimplentes.

Quanto tempo não se perdeu no Palmeiras até começarem a entender que é, e sempre será, a sua torcida que levará o clube para o topo sempre?

Esmiuçando os programas:

Como eu disse, nessa pesquisa eu não me contentei em apenas verificar o número de sócios-torcedores de cada clube.

Não.

Eu acessei cada um dos sites, vi cada um dos planos, comparei seus valores e seus benefícios e me sinto pronto para afirmar: ainda há um longo caminho a percorrer se os clubes querem realmente ganhar dinheiro com seus programas de sócio-torcedor!

A começar por um ponto em comum entre todos os programas: todos, sem exceção, tem como ponto central na captação de sócios o ingresso aos jogos dos times.

Erro primário dos gestores desses programas ao acreditar que todos os torcedores querem ir ao estádio para acompanhar seus times.

Há algumas exceções, como é o caso do programa do Internacional, que prevê um valor menor de mensalidade de acordo com a distância que o torcedor residir do clube (o que indiretamente significa que esse torcedor vá menos ao estádio).

Mas, mesmo nessas exceções, o ponto central da captação é a compra do ingresso (seja preferência na compra, seja compra com desconto).

E aí eu sugiro ao amigo leitor que faça a seguinte conta: imagine se todos os torcedores do Corinthians quisessem ir ao estádio ao menos uma vez e, utopicamente, imagine que o Corinthians queira dar a possibilidade de que todos o façam ao menos uma vez.

São 29.350.776 torcedores para 48.234 lugares na Arena Corinthians, o que significa dizer que teríamos 596 jogos para fazer com que todos os torcedores fossem aos jogos do Timão em sua casa.

Com uma média de 80 jogos por ano, sendo metade em sua casa (40 jogos), levaríamos quase 15 anos para completar a primeira rodada com todos os torcedores assistindo jogos do Timão em seu novo (até quando?) estádio.

Por essa contas vimos que é inviável que todos os torcedores vão ao estádio. Muitos passam a vida sem acompanhar seu time em um estádio de futebol, quanto mais na “casa” do time.

E essa é a principal crítica que o blog tem ao formato dos programas de sócios-torcedores.

Poucas são as vantagens para aqueles torcedores que não querem, ou não podem, ir ao estádio.

Como eu, por exemplo, que não vou a um jogo do meu Timão (por isso do exemplo ter sido exatamente com o Corinthians) desde 2009.

E não faço questão de ir.

E confesso que já entrei no site do programa de sócio-torcedor do Corinthians, o Fiel Torcedor, e fiquei muito a fim de me cadastrar.

Mas não vi muitas vantagens pra mim, mero torcedor de sofá.

E igual a mim, amigo, existem milhões de torcedores que simplesmente não vêem vantagem em se tornar sócio-torcedor de seu clube apenas pelo fato de “ajudar” seu time de coração.

Até porque, sabemos que não se tem garantia de que esse dinheiro vá realmente ajudar o nosso clube, não é?

Talvez ampliar as redes de desconto que muitos clubes fazem, como o Coritiba que tem uma ampla rede de empresas conveniadas que dão descontos aos seus sócios.

Talvez, e aí sim eu acho que seria uma boa vantagem, dar um belo desconto no pay-per-view do time do coração (em ação conjunta com a Globo, lógico).

Talvez dar um belo desconto em produtos nas lojas oficiais dos clubes, distribuir camisetas, criar ações de marketing em localidades distantes das sedes, enfim, pôr essa galera do marketing do clubes para pensar no que se pode criar para o torcedor que não sente interesse, ou até segurança, de ir a um estádio de futebol.

Outra vantagem que eu vi apenas em cinco clubes (Internacional, Grêmio, Bahia, Fluminense e Coritiba) é o direito a voto em todos os planos de sócio-torcedor.

Pô, é uma sacada genial!

Se o clube tem como principal atividade o futebol, sendo ela que mais arrecada, nada mais justo com os torcedores que eles possam escolher o presidente do seu clube.

E não me venha com essa de clube social, que isso é papo! Estamos falando dos 18 maiores times de futebol do país, clube social é coisa de bairro.

Isso atrai o torcedor que não vai a estádio, mas gosta de acompanhar as notícias, vive o seu time de futebol, vê as cagadas que os dirigentes fazem, comemora os títulos, enfim, se envolve com aquela instituição.

Valores:

Na pesquisa de valores podemos ver a mais variada opção, mas para a planilha não ficar muito extensa, coloquei apenas o valor do plano básico e o valor do plano top por clube.

Três clube possuem apenas um plano, por isso o valor comparado é o do básico. São eles: Bahia, Sport e Fluminense.

E cabe aqui uma janela para falar especificamente sobre o Bahia: o Tricolor, como já escrito lá em cima, é o quarto colocado na proporção entre sócios e torcedores, mas tem um plano muito básico, com apenas uma faixa de valor e com poucos atrativos para seus torcedores. Acredito que o grande impulsionador do clube seja a possibilidade de voto nas eleições, o que corrobora com o que escrevi alguns parágrafos acima.

O clube que tem o pacote mais barato é o Palmeiras, onde o torcedor pode, com pouco menos de R$ 120,00 no ano, ter a prioridade na compra de ingressos do clube, além de ganhar um Kit Avanti (não verifiquei o que vem nesse kit) e participar do Movimento por um Futebol Melhor.

Já o plano básico mais caro é o do Coritiba, custando R$ 600,00 por ano e dando, além do direito a voto citado acima, 50% de desconto nos ingressos e o clube de benefícios também já citado.

Veja a tabela com os valores básico e top:

Sócio-Torcedor - Valores

Valores em Reais (R$) consultados na semana entre 09 e 13 de março de 2015.

Novamente é curioso ver que duas das maiores torcidas do país estão entre os quatro clubes com plano básico mais barato.

Corinthians e São Paulo, mesmo tendo planos com anuidades tão baixas, possuem uma pequena proporcionalidade de suas torcidas como sócios-torcedores.

Mais curioso ainda é ver que o chamado Trio de Ferro Paulistano domina os planos mais baratos, justo estando na capitado do estado mais rico da união.

Já no topo da tabela dos planos top estão o Internacional e o Atlético Paranaense, ambos com planos bem arrojados para aqueles torcedores que querem, e podem, se sentir VIPs.

O Palmeiras também soube se aproveitar desse quesito e é o terceiro na lista dos mais caros, tendo um plano que custa pouco mais de R$ 7 mil anuais.

Novamente vemos a situação curiosa em que o Corinthians se encontra.

Dono da maior torcida do estado mais rico do país, o clube ocupa a modesta 14ª colocação quando o assunto é o plano mais caro.

Como os dirigentes Corinthianos pretendem se utilizar de um poder aquisitivo teoricamente maior de sua torcida ainda é um mistério para quem vê esses números.

Concluindo:

Apesar do ótimo crescimento que os programas de sócios-torcedores tiveram nos últimos anos, conseguimos verificar que ainda há um caminho enorme para que nossos clubes possam depender cada vez menos das cotas de televisão e de patrocínios de camisa.

Há um mercado enorme a ser explorado por nossos clubes, onde vai ganhar quem for mais criativo, mais inventivo e conseguir atrair um número cada vez maior de torcedores aos seus quadros de sócios.

Apesar de conseguir muitas informações, não foi possível concluir a análise do faturamento dos clubes com os seus programas, o que é uma pena, pois essa informação nos daria uma ideia exata do quanto cada programa representa financeiramente para os clubes.

Mas é interessante imaginar que se nossos clubes conseguissem o número proporcional de sócios-torcedores que o Benfica tem atualmente, muita coisa iria melhorar para os nossos clubes.

Peguemos o exemplo do Fluminense, que tem apenas 0,65% dos seus torcedores inscritos no seu programa de sócios.

Caso o Tricolor das Laranjeiras conseguisse atingir os 4%, teria hoje 144 mil sócios, com um faturamento acima de R$ 60 milhões só com o programa de sócio-torcedor.

E eu estou falando apenas de 4% da torcida contribuindo com R$ 35 por mês ao clube.

Não é nenhuma utopia.