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Mengão deixa seus rivais pra trás e garante sua maior conquista.
Zico com as taças da Libertadores e do Intercontinental de 1981. O título desse ano pode ser mais importante do que esses dois juntos!

Zico com as taças da Libertadores e do Intercontinental de 1981. O título desse ano pode ser mais importante do que esses dois juntos!

O Flamengo ainda não foi campeão do Carioca de 2015.

Até porquê, esse campeonato nem acabou ainda e nem poderia ser considerado como o maior título da história Rubro-Negra.

Tampouco já tenha conquistado algum outro título dentro das quatro linhas em 2015.

Mas 2015 pode ficar marcado para sempre nessa tão linda e tão rica história.

Porque, se dentro do campo ainda nenhum título foi conquistado, fora dele o Mengão foi show.

Na noite de ontem o conselho deliberativo do clube da Gávea aprovou, por unanimidade, uma emenda ao estatuto do clube que pode revolucionar o futebol brasileiro.

Isso, é claro, se os demais clubes considerados grandes aprenderem com o exemplo Rubro-Negro.

A emenda aprovada vai ao encontro daquilo que prega o mercado empresarial, daquilo que pede o Bom Senso FC (e todos que com ele concordam) e, principalmente, com a Medida Provisória 671, popularmente conhecida como MP do Futebol.

E que emenda é essa?

É a chamada Lei de Responsabilidade Fiscal Rubro-Negra, que, na prática, joga nas costas dos dirigentes a responsabilidade por seus atos enquanto ocupam um cargo eletivo no clube.

Traduzindo: os presidentes responderão, inclusive com seu próprio patrimônio, se ficar comprovada uma gestão que cause prejuízos aos cofres do clube, se sonegar tributos ou se se apropriar indevidamente dos recursos do clube.

A emenda prevê desde inegibilidade (impossibilidade de se eleger novamente) por até 15 anos, além de perda de mandato para os presidentes, e demais cargos eletivos, caso ocorra situação desse tipo.

Como se não bastasse, a emenda ainda exige transparência na situação financeira do clube e que o orçamento anual passe a prever limitação de despesas, avaliação de metas, metodologias de cálculos e relatórios de acompanhamento de execução.

Tudo tal qual acontece em qualquer empresa bem administrada do mundo.

Ah, e como se boa notícia pouca não é bobagem, tudo isso já passa a valer para o atual mandato do presidente Eduardo Bandeira de Mello, que já começa a trabalhar para se reeleger.

Ou seja, o cara não teve medo de que o conselho aprovasse tal emenda, visto que buscará, em breve, uma reeleição ao cargo de presidente do clube.

Como eu escrevi lá em cima, o Mais Querido é o primeiro clube brasileiro a ajustar seu estatuto para a nova MP do Futebol, que nem aprovada não fora ainda, mas que promete adequar a gestão dos clubes que buscarem um refinanciamento de suas dívidas com a União.

É um passo e tanto para um clube que até alguns anos atrás fingia que pagava para que os jogadores fingissem que jogavam, como bem resumiu o meia Vampeta durante sua passagem pela Gávea.

Sendo responsáveis pela gestão financeira dos clubes, podendo responder inclusive com seus patrimônios, presidentes e vice-presidentes eleitos passarão a buscar com mais ênfase aquilo que se chama governança corporativa, que nada mais é do que uma gestão eficiente e transparente dos recursos da instituição (resumindo a grosso modo).

É complicado avaliar como tal emenda irá influenciar dentro das quatro linhas.

Acredito que, por ter aprovado essa emenda, a gestão atual do clube já esteja trabalhando bem alinhado a essas novas regras e que, por isso, pouca coisa vá mudar na gestão do time.

Se for isso mesmo, o que é mais factível, é possível que o Fla não sofra nenhum baque de momento (que facilmente ocorreria em clubes que tivessem que se adaptar a essa nova realidade da noite pro dia) e o elenco atual, e futuros elencos, só venha a ganhar com isso.

E quando o elenco ganha fora de campo, as chances de ganhar dentro dele são enormes.

Blog analisa os programas de sócios-torcedores dos 18 maiores clubes do país e diz: ainda há muito o que se fazer!

Moda entre os principais clubes do Futebol em Terras Brasilis, os programas de sócios-torcedores têm sido visto, nos últimos anos, como uma das principais fontes de renda dos maiores clubes do país.

Atraindo cada vez mais torcedores com o mote de ajudar seu clube do coração, além de acentuar algumas rivalidades locais, temos visto e ouvido falar cada vez mais sobre esses programas, principalmente no que tange à quantidade de associados em cada clube.

De olho em um mercado com potencial enorme de crescimento, algumas das maiores empresas do país (lideradas pela gigante de bebidas Ambev) se uniram há uns dois anos, sob a tutela do ex-jogador Ronaldo (fenômeno), para criar o Movimento por um Futebol Melhor, em que descontos em seus produtos e serviços passariam a fazer parte do rol de benefícios dados aos sócios-torcedores de muitos dos clubes que têm esse programa.

Ou seja, o negócio é realmente atraente.

A história desses programas é mais longa do que imaginamos.

Lembro-me de já na década de 90 ver o São Paulo, vanguardista que era naquela época, lançar o seu programa de sócio-torcedor.

Mesmo estando na vanguarda, não foi o Tricolor do Morumbi quem melhor lidou com esse programa.

Na década passada assistimos ao surgimento daquele que é, hoje, o programa que mais conta com sócios no país: o do Internacional.

Com pouco mais de 130 mil torcedores adimplentes (em dia) com o clube, o Sport Club Internacional é, há algum tempo, o clube brasileiro com maior número de sócios.

Não contente em só ver esse número, esse blogueiro que vos escreve foi pesquisar cada um dos programas dos 18 maiores clubes do país, de acordo com o nosso Ranking, para verificar o que pode ser melhorado e quanto que esses programas estão realmente beneficiando nosso futebol.

A primeira pesquisa, e mais óbvia, foi sobre o tamanho de cada programa. Mas não me contentei apenas em verificar o número de torcedores adimplentes. Fui um pouco mais afundo nessa questão e verifiquei a proporcionalidade de sócios-torcedores no número de torcedores que cada clube tem.

E chegamos ao seguinte quadro:

Sócio-Torcedor - Total

Aqui os clubes aparecem ordenados pela proporção de sócios em relação ao número de torcedores. Ao lado de cada coluna temos a colocação do clube na coluna que se refere.

Antes de analisá-lo, vale informar as fontes: o número de sócios torcedores eu peguei no site do Movimento por um Futebol Melhor. Esses são números de 11/03/2015.

Já o tamanho da torcida eu peguei da pesquisa da agência Pluri Pesquisas Esportivas, de 2013, pesquisa essa com a menor margem de erro já divulgada.

O primeiro fato que chama a atenção, logo de cara, é que nenhum clube brasileiro ainda conseguiu atingir o percentual que o Benfica, de Portugal, tem de sócios. O time lusitano tem 4% de seus torcedores inscritos no seu programa de sócios e é, atualmente, o clube recordista de sócios no mundo.

O segundo ponto que chama a atenção, e esse muito interessante de se ver, é que nenhuma das 4 maiores torcidas do país está entre as primeiras colocadas no número proporcional de sócios. Muito pelo contrário.

Flamengo, Corinthians, São Paulo e Vasco da Gama aparecem, respectivamente, na 14ª, 13ª, 12ª e 15ª colocações quando analisamos proporcionalmente seus programas de sócios-torcedores.

Muito pouco para esses gigantes.

Se analisarmos em números absolutos o Corinthians aparece em 3º lugar no número de sócios, o que alivia um pouco a barra do clube do Parque São Jorge.

Mas Flamengo, 7º no total de sócios, São Paulo, 8º no total, e Vasco, 13º no total estão muito aquém do que se esperava, em se tratando de tamanho de suas torcidas.

Na ponta da tabela vemos os dois grandes do Rio Grande do Sul, com uma diferença bem grande no número total de sócios. Enquanto que o Colorado tem 2,59% de sua torcida cadastrada, o Tricolor Imortal, dono da maior torcida do estado, tem pouco mais de 1,30% de seus torcedores no plano de sócios.

Vale lembrar que os gaúchos aparecem em 8º e 10º colocados na pesquisa de tamanho das torcidas, o que nos leva a crer que a rivalidade local é uma grande incentivadora na disputa pra ver quem tem mais sócios.

Um número que me surpreendeu, positivamente, mas que por si só não fala muita coisa, foi o número de sócios-torcedores do Bahia. O Tricolor da Boa Terra aparece em 4º lugar entre os que mais possuem sócios proporcionalmente à sua torcida.

Outra curiosidade foi não conseguir encontrar o número de sócios-torcedores dos dois times paranaenses. Como ambos não fazem parte do Movimento por um Futebol Melhor, não conseguimos verificar quantos sócios tem cada clube.

Pra finalizar a análise dos números, vale um grande destaque para a torcida do Palmeiras, que até bem pouco tempo atrás nem tinha programa de sócio torcedor, mas que nos últimos meses fez explodir o número de associados em seu programa, sendo o segundo clube do país a ultrapassar a marca dos 100 mil torcedores adimplentes.

Quanto tempo não se perdeu no Palmeiras até começarem a entender que é, e sempre será, a sua torcida que levará o clube para o topo sempre?

Esmiuçando os programas:

Como eu disse, nessa pesquisa eu não me contentei em apenas verificar o número de sócios-torcedores de cada clube.

Não.

Eu acessei cada um dos sites, vi cada um dos planos, comparei seus valores e seus benefícios e me sinto pronto para afirmar: ainda há um longo caminho a percorrer se os clubes querem realmente ganhar dinheiro com seus programas de sócio-torcedor!

A começar por um ponto em comum entre todos os programas: todos, sem exceção, tem como ponto central na captação de sócios o ingresso aos jogos dos times.

Erro primário dos gestores desses programas ao acreditar que todos os torcedores querem ir ao estádio para acompanhar seus times.

Há algumas exceções, como é o caso do programa do Internacional, que prevê um valor menor de mensalidade de acordo com a distância que o torcedor residir do clube (o que indiretamente significa que esse torcedor vá menos ao estádio).

Mas, mesmo nessas exceções, o ponto central da captação é a compra do ingresso (seja preferência na compra, seja compra com desconto).

E aí eu sugiro ao amigo leitor que faça a seguinte conta: imagine se todos os torcedores do Corinthians quisessem ir ao estádio ao menos uma vez e, utopicamente, imagine que o Corinthians queira dar a possibilidade de que todos o façam ao menos uma vez.

São 29.350.776 torcedores para 48.234 lugares na Arena Corinthians, o que significa dizer que teríamos 596 jogos para fazer com que todos os torcedores fossem aos jogos do Timão em sua casa.

Com uma média de 80 jogos por ano, sendo metade em sua casa (40 jogos), levaríamos quase 15 anos para completar a primeira rodada com todos os torcedores assistindo jogos do Timão em seu novo (até quando?) estádio.

Por essa contas vimos que é inviável que todos os torcedores vão ao estádio. Muitos passam a vida sem acompanhar seu time em um estádio de futebol, quanto mais na “casa” do time.

E essa é a principal crítica que o blog tem ao formato dos programas de sócios-torcedores.

Poucas são as vantagens para aqueles torcedores que não querem, ou não podem, ir ao estádio.

Como eu, por exemplo, que não vou a um jogo do meu Timão (por isso do exemplo ter sido exatamente com o Corinthians) desde 2009.

E não faço questão de ir.

E confesso que já entrei no site do programa de sócio-torcedor do Corinthians, o Fiel Torcedor, e fiquei muito a fim de me cadastrar.

Mas não vi muitas vantagens pra mim, mero torcedor de sofá.

E igual a mim, amigo, existem milhões de torcedores que simplesmente não vêem vantagem em se tornar sócio-torcedor de seu clube apenas pelo fato de “ajudar” seu time de coração.

Até porque, sabemos que não se tem garantia de que esse dinheiro vá realmente ajudar o nosso clube, não é?

Talvez ampliar as redes de desconto que muitos clubes fazem, como o Coritiba que tem uma ampla rede de empresas conveniadas que dão descontos aos seus sócios.

Talvez, e aí sim eu acho que seria uma boa vantagem, dar um belo desconto no pay-per-view do time do coração (em ação conjunta com a Globo, lógico).

Talvez dar um belo desconto em produtos nas lojas oficiais dos clubes, distribuir camisetas, criar ações de marketing em localidades distantes das sedes, enfim, pôr essa galera do marketing do clubes para pensar no que se pode criar para o torcedor que não sente interesse, ou até segurança, de ir a um estádio de futebol.

Outra vantagem que eu vi apenas em cinco clubes (Internacional, Grêmio, Bahia, Fluminense e Coritiba) é o direito a voto em todos os planos de sócio-torcedor.

Pô, é uma sacada genial!

Se o clube tem como principal atividade o futebol, sendo ela que mais arrecada, nada mais justo com os torcedores que eles possam escolher o presidente do seu clube.

E não me venha com essa de clube social, que isso é papo! Estamos falando dos 18 maiores times de futebol do país, clube social é coisa de bairro.

Isso atrai o torcedor que não vai a estádio, mas gosta de acompanhar as notícias, vive o seu time de futebol, vê as cagadas que os dirigentes fazem, comemora os títulos, enfim, se envolve com aquela instituição.

Valores:

Na pesquisa de valores podemos ver a mais variada opção, mas para a planilha não ficar muito extensa, coloquei apenas o valor do plano básico e o valor do plano top por clube.

Três clube possuem apenas um plano, por isso o valor comparado é o do básico. São eles: Bahia, Sport e Fluminense.

E cabe aqui uma janela para falar especificamente sobre o Bahia: o Tricolor, como já escrito lá em cima, é o quarto colocado na proporção entre sócios e torcedores, mas tem um plano muito básico, com apenas uma faixa de valor e com poucos atrativos para seus torcedores. Acredito que o grande impulsionador do clube seja a possibilidade de voto nas eleições, o que corrobora com o que escrevi alguns parágrafos acima.

O clube que tem o pacote mais barato é o Palmeiras, onde o torcedor pode, com pouco menos de R$ 120,00 no ano, ter a prioridade na compra de ingressos do clube, além de ganhar um Kit Avanti (não verifiquei o que vem nesse kit) e participar do Movimento por um Futebol Melhor.

Já o plano básico mais caro é o do Coritiba, custando R$ 600,00 por ano e dando, além do direito a voto citado acima, 50% de desconto nos ingressos e o clube de benefícios também já citado.

Veja a tabela com os valores básico e top:

Sócio-Torcedor - Valores

Valores em Reais (R$) consultados na semana entre 09 e 13 de março de 2015.

Novamente é curioso ver que duas das maiores torcidas do país estão entre os quatro clubes com plano básico mais barato.

Corinthians e São Paulo, mesmo tendo planos com anuidades tão baixas, possuem uma pequena proporcionalidade de suas torcidas como sócios-torcedores.

Mais curioso ainda é ver que o chamado Trio de Ferro Paulistano domina os planos mais baratos, justo estando na capitado do estado mais rico da união.

Já no topo da tabela dos planos top estão o Internacional e o Atlético Paranaense, ambos com planos bem arrojados para aqueles torcedores que querem, e podem, se sentir VIPs.

O Palmeiras também soube se aproveitar desse quesito e é o terceiro na lista dos mais caros, tendo um plano que custa pouco mais de R$ 7 mil anuais.

Novamente vemos a situação curiosa em que o Corinthians se encontra.

Dono da maior torcida do estado mais rico do país, o clube ocupa a modesta 14ª colocação quando o assunto é o plano mais caro.

Como os dirigentes Corinthianos pretendem se utilizar de um poder aquisitivo teoricamente maior de sua torcida ainda é um mistério para quem vê esses números.

Concluindo:

Apesar do ótimo crescimento que os programas de sócios-torcedores tiveram nos últimos anos, conseguimos verificar que ainda há um caminho enorme para que nossos clubes possam depender cada vez menos das cotas de televisão e de patrocínios de camisa.

Há um mercado enorme a ser explorado por nossos clubes, onde vai ganhar quem for mais criativo, mais inventivo e conseguir atrair um número cada vez maior de torcedores aos seus quadros de sócios.

Apesar de conseguir muitas informações, não foi possível concluir a análise do faturamento dos clubes com os seus programas, o que é uma pena, pois essa informação nos daria uma ideia exata do quanto cada programa representa financeiramente para os clubes.

Mas é interessante imaginar que se nossos clubes conseguissem o número proporcional de sócios-torcedores que o Benfica tem atualmente, muita coisa iria melhorar para os nossos clubes.

Peguemos o exemplo do Fluminense, que tem apenas 0,65% dos seus torcedores inscritos no seu programa de sócios.

Caso o Tricolor das Laranjeiras conseguisse atingir os 4%, teria hoje 144 mil sócios, com um faturamento acima de R$ 60 milhões só com o programa de sócio-torcedor.

E eu estou falando apenas de 4% da torcida contribuindo com R$ 35 por mês ao clube.

Não é nenhuma utopia.

Clássico paulista do final de semana segue padrão já adotado em Minas Gerais e terá apenas uma torcida.
morumbi

Morumbi lotado para um Corinthians e Palmeiras na década de 90. Nunca mais veremos um clássico assim?

Se tem algo que chama a atenção quando analisamos a questão da segurança pública em nosso país, esse algo é o fato de que, sempre que possível, os responsáveis pela segurança fazem de tudo para resolver a falta dela, menos atacar o que de fato é o problema.

Um exemplo disso é a absurda lei que proíbe a utilização de celular dentro de agências bancárias, com o intuito de evitar-se os crimes comumente chamados de “saidinha e banco”.

Ora, é muito mais fácil proibir o cidadão de bem de usar o seu celular para fazer ou receber chamadas, mandar ou ler mensagens, do que protegê-lo na saída da agência bancária.

Como também é muito mais fácil controlar as barbáries que ocorrem nos entornos de estádios de futebol com apenas uma torcida, do quê com duas.

Baseado nessa “facilidade”, a promotoria pública de São Paulo sugeriu, e a Federação Paulista acatou, que o clássico do próximo domingo entre Palmeiras e Corinthians, no Allianz Parque, seja realizado apenas com a torcida do time da casa.

Ridículo.

E uma pena.

Ridículo porque é o tipo de decisão mais fácil, que demonstra toda a incompetência que ainda se tem no país em organizar, e dar segurança, um simples jogo de futebol.

Ridículo, também, porque sabemos da atuação de cada um dos envolvidos: dos clubes que não se empenham em se afastar das torcidas organizadas; da Federação que se isenta como se esse não fosse um problema dela; e da Polícia Militar, que no meio disso tudo prefere (quem não preferiria) correr menos riscos no entorno do estádio.

Atestamos a nossa própria incompetência.

E uma pena porque a beleza de um clássico está sim na atuação das torcidas envolvidas.

Quem viveu a época em que a foto desse post foi tirada, sabe muito bem o que eu estou falando.

Respirar um ar de Morumbi lotado, ouvir os cantos das duas torcidas, sentir a vibração que saía da arquibancada em direção ao campo são coisas que só quem viveu pra saber o que é.

A cada lance, a cada jogada, as torcidas inflamavam.

Se o seu time mandava uma bola na trave era a sua vez de gritar mais alto. Se o adversário fizesse uma boa jogada, os gritos vinham do outro lado do estádio.

Hoje, com os modernos estádios e com cada clube tendo a sua própria casa, o que acaba fazendo com que os visitantes sejam sempre a minoria, essa graça morreu.

Porque a minoria que vai é sempre da torcida organizada, que vai com o intuito de quebrar, brigar e depredar.

E a graça vai morrer ainda mais no próximo domingo.

E nós, torcedores considerado “normais” ficaremos de luto por sua morte.

Primeira rodada dos estaduais prova o que muitos pregavam há muito tempo.

O início da temporada 2015 do Futebol em Terras Brasilis teve como grande destaque, na primeira rodada dos combalidos campeonatos estaduais, uma enorme superioridade dos clubes considerados grandes contra os adversários mais, digamos, modestos.

Analisamos o desempenho dos principais clubes brasileiros, de acordo com nosso Ranking, em suas competições regionais e pudemos notar que os grandes venceram 14 jogos, empataram 5 e perderam apenas 1.

Para chegar a esses números, separamos os vinte primeiros colocados do Ranking 2014 e excluímos dessa lista dois clubes que não estão disputando a principal divisão do seu estado.

Ambos paulistas, são eles o São Caetano e o Guarani.

Os dezoito times que sobram estão disputando, nesse início de temporada, os campeonatos Paulista (São Paulo, Corithians, Santos e Palmeiras), Mineiro (Cruzeiro e Atlético Mineiro), Gaúcho (Inter e Grêmio),Carioca (Flamengo, Vasco da Gama, Fluminense e Botafogo),  Paranaense (Atlético Paranaense e Coritiba), Goiano (Goiás), Pernambucano (Sport) e Baiano (Vitória e Bahia).

Para fechar com um número redondo adicionamos à conta os dois melhores catarinenses do Ranking: Figueirense (24ª colocação); e Criciúma (27º lugar).

A escolha dos representantes catarinenses se dá porque entendemos que o campeonato desse estado está entre os principais do país, além de ser o menos chato dos estaduais.

Muito bem.

Com a exceção do Bahia, que perdeu para o Vitória da Conquista, fora de casa, nenhum outro grande foi batido nessa primeira rodada.

Os cinco empates ficaram por conta de Flamengo (1×1 com Macaé), Internacional (1×1 com Lajeadense), Atlético Paranaense (0x0 com Cascavel) – todos fora de casa – e por conta do Goiás (2×2 com Trindade) e Vitória (0x0 com Bahia de Feira), ambos em casa.

De resto, todos venceram.

Tamanha superioridade, até certo ponto já esperada, vem para provar uma teoria que muitos já falavam há algum tempo: a de que os clubes grandes sentiam o impacto de uma menor preparação no início dos estaduais.

Essa teoria, sempre muito usada por alguns técnicos para justificar o fraco desempenho nas rodadas iniciais dos estaduais, pode ser validada agora que todos os clubes tiveram um pouco mais de tempo para se preparar e, com isso, conquistaram melhores resultados no início dos estaduais.

Não tenho aqui, de bate pronto, o desempenho dessas equipes na primeira rodada dos estaduais anteriores, o que serviria de comparação.

Mas, mesmo não tendo esses dados (e não querendo pesquisar), creio que dificilmente tivemos esse desempenho nos anos recentes.

O que acaba provando outra coisa, também.

De que os estaduais, para essas equipes, acaba não valendo de muita coisa.

Pois enfrentar equipes de menor qualidade técnica não agrega nada a ninguém: aos grandes clubes, à torcida, à beleza do espetáculo, ao interesse do público.

E, como já é certo também, já dá pra prever nas mãos de quem os campeonatos estaduais vão acabar, salvo raríssimas exceções.

Tem clube ameaçando entrar em jogo decisivo com time reserva. Até quando isso vai durar? Como acabar de vez com isso?

Às portas de mais um término de Campeonato Brasileiro vi hoje, nos principais portais da mídia esportiva, o mesmo blá-blá-blá que já vimos e lemos antes.

O de que fatores extra-campo podem influenciar na definição dos quatro times que seriam rebaixados para a Série B do ano que vem.

Dessa vez o fator extra é uma briga judicial envolvendo Atlético Paranaense, adversário do Palmeiras na próxima rodada, e Vitória, que luta contra o rebaixamento tal qual o Alviverde.

Teoricamente Furacão e Rubro-Negro seriam rivais e a queda do segundo interessaria ao primeiro.

Ridículo.

E triste.

Ridículo porque um clube de tradição, que já foi campeão brasileiro e vice da Libertadores, não poderia sequer permitir que uma situação qualquer insinuasse algo nesse sentido.

E o clube paranaense assim o faz ao admitir que irá escalar um time reserva para o confronto do próximo domingo.

E triste porque invariavelmente vemos essa situação se repetindo ano após ano, campeonato após campeonato.

Pior é que não vemos, em quase nenhum momento, os dirigentes da CBF preocupados em impossibilitar essa situação.

Na verdade, a únicas vez que a CBF demonstrou alguma preocupação com esse tema foi nas edições de 2011 e 2012 do Brasileirão, e ainda o fez de forma “meia boca”, trazendo para a última rodada todos os clássicos regionais que fossem possíveis de ser realizados.

Meia boca, sim, porque essa medida em nada resolveria a situação vivida nesse ano caso os confrontos decisivos ocorressem na penúltima rodada, por exemplo.

Apenas como exemplo, lembro que no Brasileirão 2014 o Criciúma foi rebaixado na 36ª rodada e o Botafogo na 37ª.

Situações que os clássicos na última rodada em nada serviriam.

Mas, se é difícil fazer com que todos ajam eticamente, se é inviável estabelecer uma regra que obrigue os clubes a escalarem seus times titulares em todas as partidas e se os clássicos regionais não resolvem, apesar de amenizarem, em nada o problema, qual seria a melhor solução?

Deixar como está certamente não é.

E na opinião desse blogueiro, apenas uma solução radical poria fim nessa palhaçada de final de campeonato de quase todo ano.

Essa solução é estabelecer a média de pontos nos três últimos campeonatos para definir os rebaixados para a divisão inferior.

Simples e complicado assim.

Algo parecido com o que ocorre no campeonato argentino.

Dessa forma, mesmo que pouco influencie, todo jogo será válido. Os três pontos conquistados na próxima rodada serão válidos até 2016, quando quase todo mundo tiver esquecido de 2014.

E quem estiver no comando dos clubes jamais poderá abrir mão de disputar todos os 114 pontos que estão em jogo nas 38 rodadas de cada edição do Brasileirão.

Tal regra poderia beneficiar os grandes clubes em anos que tivessem um má temporada?

Talvez.

Dificultaria, mas não impediria que os tais clubes grandes caiam.

Haja visto o caso do River Plate, que foi rebaixado em 2011 exatamente depois de ter feito um bom Torneio Apertura, o que não salvou os Milionários de seu primeiro rebaixamento.

E olha que lá eles ainda tiveram a possibilidade de disputar uma repescagem contra o terceiro colocado da segunda divisão.

E isso, nem de longe, eu proponho aqui.

Essa mesma regra pode dificultar que um time recém promovido se mantenha na Série A?

Acredito que não. Principalmente se essa regra prever que na soma desses clubes, que disputaram a Série B no ano anterior, 75% da sua pontuação na Série B seja considerada na média da Série A.

Ou 70%, tanto faz.

Dessa forma, e diferente do que acontece no Campeonato Argentino (que aqueles recém chegados à primeira divisão não contam com essa média para serem rebaixados), acredito que isso amenizaria a vida dos recém chegados.

Além do quê, poderia se fazer um teste e caso não fosse caracterizado o sucesso da fórmula voltaria ao sistema simples que temos hoje.

Mas acredito piamente que, se colocássemos uma regra dessa para definir aqueles que cairiam para a nossa Série B, dificilmente iríamos ouvir de novo esse bla-bla-blá.

Dinamite: de ídolo sagrado à dirigente questionado.

Dinamite: de ídolo sagrado à dirigente questionado.

Certa vez, ouvindo a um desses programas esportivos do rádio, um dos comentaristas afirmava que ídolo que é ídolo, nunca deveria voltar ao clube que o colocou nessa situação.

Segundo esse comentarista, que eu não me recordo quem era e nem sobre qual ídolo ele se referia no momento, ídolo é sagrado e, como tal, corria um enorme risco de, ao voltar, perder essa condição.

Na época isso me fez pensar sobre essa afirmação e confesso que acabei concordando com ela.

Em partes aquele comentarista tinha sua razão.

Isso já faz algum tempo e hoje podemos testemunhar que sim, aquele esquecido comentarista tinha razão.

Porque hoje o Clube de Regatas Vasco da Gama está elegendo de forma indireta o seu presidente, que assumirá o posto a partir de 1º de dezembro, no lugar de Carlos Roberto de Oliveira, popularmente conhecido como Roberto Dinamite.

Dinamite foi, quando jogador, o maior ídolo da torcida Cruzmaltina.

Era ele que fazia o contraponto com Zico, no Flamengo, no final da década de 70 e em toda a década de 80.

Dinamite foi o cara dos 5 gols no meu Corinthians, inesquecíveis para a torcida do Gigante da Colina, entre outros tantos feitos que só mesmo o excelente Juca Kfouri em sua coluna de ontem poderia relatar com tanta exatidão.

Para quem viveu essa época, como disse muito bem o esquecido (por mim) cronista, Dinamite era sagrado.

Era.

Porque quem viveu os últimos 6 anos viu nele um péssimo gestor. Alguém que conseguiu a proeza de levar o Vasco à segunda divisão, ou Série B se você preferir, por duas vezes em um curto espaço de tempo.

Nem os notórios dirigentes Palmeirenses não conseguiram tal fato, em tão pouco tempo.

É claro que não podemos esquecer da brilhante temporada que o Vasco teve em 2011, quando foi campeão da Copa do Brasil e vice-campeão do Brasileirão daquele ano, disputando o título até a última rodada.

Mas como não é a primeira impressão a que fica, mas sim a última, Dinamite será lembrado muito mais pela segunda queda, pelos erros de gestão, do que por apenas essa boa temporada que o time teve.

Além disso, Roberto Dinamite deixa o cargo sem nem ao menos conseguir indicar um sucessor, tamanha a aversão que os Vascaínos pegaram à sua gestão.

Nenhum dos três candidatos no pleito de hoje é considerado um candidato da situação.

Nenhum.

E o que é pior: quem está prestes a ser eleito é o nefasto Eurico Miranda, responsável direto pela primeira queda Vascaína, e grande inimigo político de Dinamite no Vasco.

É.

O sagrado já não é mais tão sagrado assim.

E como agravante desse caso, quem foi que disse que um bom jogador de futebol será, necessariamente, um bom dirigente? Onde está escrito, por exemplo, que um bom professor é um bom diretor de escola? Quem garante que um bom médico seja um bom dono de hospital?

São cargos diferentes, que exigem preparos diferentes.

Além do caso de Dinamite, existem outros em que aquele que era considerado sagrado saiu com sua imagem arranhada após retornar ao clube que o consagrou (seja para ocupar o mesmo cargo, seja para outra função).

Exemplos disso não faltam.

Um foi a recente passagem do técnico Felipão pelo Palmeiras, que culminou no segundo rebaixamento do Alviverde, mesmo tendo a conquista da Copa do Brasil.

Outro foi a atuação do Zico como dirigente do Flamengo, quando o Galinho trabalho com a ex-presidente do clube da Gávea, Patrícia Amorim, e onde teve muito mais decepções do que alegrias no cargo.

Pra fechar, esse dentro de campo e mais antigo um pouco, foi quando o meia Marcelinho Carioca retornou ao Corinthians da MSI, por conta de uma briga na justiça, e teve a sua pior passagem pelo Timão.

É lógico que para toda regra há exceção, mas invariavelmente o reatar de um namoro é menos saboroso do que o primeiro namoro que se teve.

Coincidentemente no sábado eu estava conversando com dois amigos São Paulinos e um deles ficou admirado quando eu disse que não gostaria mais de Tite no Corinthians.

“Como não? Ele não é seu ídolo?” questionou-me um desses amigos.

Talvez eu não o tenha respondido com essas palavras, mas acho que é exatamente porquê Tite é tão meu ídolo, que eu não o quero mais no meu Corinthians.

Seria muito decepcionante se ele perdesse a áurea que conquistou.

É bom não mexer naquilo que é Sagrado.

calendario-bolaSe tem um assunto que é recorrente no Futebol em Terras Brasilis, esse assunto é o calendário.

Vira e mexe alguém se pronuncia com relação ao nosso calendário, à quantidade de jogos, ao formato do campeonatos e etc.

Talvez porque ainda não tenhamos encontrado o ponto certo entre o que os clubes e federações podem oferecer e aquilo que torcedores, críticos e imprensa realmente desejam.

Isso sem falar nos patrocinadores e detentores dos direitos de transmissão, no caso a Rede Globo, como escrevi recentemente.

O tema caiu muito mais no debate daqueles que acompanham o esporte bretão após o surgimento do Bom Senso FC e, principalmente, após a acachapante derrota de nossa Seleção na Copa do Mundo.

Que precisamos nos organizar melhor, isso é fato.

Mas, qual seria, na opinião desse blog, a melhor forma para fazermos isso? Qual o formato que entendemos ser o ideal, que permita aos nossos clubes maiores um número não tão excessivo de jogos e, contrariamente a isso, aos clubes menores um número tão pequeno de jogos?

Como fazer com que times importantes do país, que hoje são considerados apenas coadjuvantes (casos de Portuguesa, Guarani, Bahia, Atlético Paranaense, Paysandu, Ceará, Vitória, Coritiba, Remo, entre outros), possam voltar a ter chances de serem protagonistas?

Primeiramente esse blog acredita que devemos quebrar esse maldito paradigma que campeonato bom é nos moldes dos Europeus, com 18 ou 20 clubes na primeira divisão e o restante se fudendo lá embaixo.

Nosso país, sozinho, tem quase a mesma extensão territorial da Europa inteira. Nenhum país europeu tem 10 ou 12 clubes considerados grandes, com chances de ser campeões nacionais no início da temporada, como temos aqui. E nenhum país Europeu tem, ou deve ter (porque eu realmente não sei o número com exatidão) tantos clubes profissionais de futebol como temos por aqui.

Portanto, pra mim, essa história de Série A, B e C com 20 clubes cada uma só trará um efeito certo: a elitização do nosso futebol, restringindo a disputa aos grandes centros e, com o tempo, as conquistas a meia dúzia de clubes que tiverem a capacidade de se organizar melhor, ou que receberem mais investimentos de patrocinadores e detentores dos direitos de transmissão.

Quebrando-se esse paradigma, deveríamos partir para uma customização do modelo norte-americano, que eu vejo como melhor opção para o nosso país.

E como seria essa customização?

Eu já postei essa ideia aqui, há um bom tempo, mas vou reescrever de maneira resumida, para não tomar muito o tempo do leitor.

A primeira divisão do campeonato brasileiro seria dividida em 5 regiões, a saber: Sul-Minas; Rio-São Paulo; Central (com times da região Centro-oeste mais do Espírito Santo); Nordeste; e Norte.

As Regiões Sul-Minas, Rio-São Paulo e Nordeste contariam com 16 clubes, enquanto que as regiões Centro e Norte com 14 clubes.

As Regiões com 16 clubes teriam a disputa em pontos corridos, perfazendo um total de 30 rodadas (turno e returno), enquanto que as Regiões com 14 clubes poderiam, após uma primeira fase de turno e returno (26 jogos), fazer uma disputa de semi-final e final para completar os 30 jogos.

Após a fase Regional, os 16 melhores clubes disputariam a fase nacional, em fases eliminatórias com dois jogos (oitavas, quartas e semifinais) e com final em jogo único. Poderiam se classificar para essa fase nacional os 4 melhores das regiões com 16 equipes e os dois primeiros das regiões com 2 equipes.

As vagas para Libertadores e Sul-Americanas poderia ser definidas de acordo com o título da Região (Sul-Americana) e a classificação final da fase Nacional (4 primeiros, como é hoje). Caso uma mesma equipe seja campeã de sua Região e fique entre os quatro primeiros colocados da fase Nacional, essa equipe ficaria com a vaga para a Libertadores e passaria a vaga da Sul-Americana para o seguinte na classificação de sua Região.

Os dois últimos de cada Região seriam rebaixados para a segunda divisão, com caráter estadual.

Essa segunda divisão das Regiões seria disputada de maneira semelhante à primeira, porém com os clubes disputando a primeira fase dentro dos estados, em formato a definir por cada federação, e indo para uma seletiva final dentro da região. Por exemplo, na região Sul-Minas, os times disputariam primeiro a fase estadual (Gaúcho, Catarinense, Paranaense e Mineiro) e os melhores de cada estado iriam para a fase Regional, com disputas eliminatórias até se definir os dois finalistas e, consequentemente, que subiriam para a primeira divisão.

Essa segunda divisão teria que seguir o mesmo número de jogos para os clubes dentro da primeira fase (30 jogos, por exemplo), sendo que a segunda fase teria, obrigatoriamente, 7 jogos nas quatro fases eliminatórias (oitavas, quartas e semi com dois jogos e um jogo final).

Para os estados que tenham um número maior de clubes, como São Paulo, por exemplo, haveria a segunda, a terceira e até a quarta divisões estaduais, exatamente como há hoje.

Em paralelo à disputa desse campeonato a Copa do Brasil poderia continuar ocorrendo, até contemplando um número maior de equipes, mas podendo utilizar a classificação do ano anterior desse modelo do Brasileirão para determinar em que fase cada equipe entra, mais ou menos como ocorre hoje com as equipes que jogam a Libertadores que entram na Copa do Brasil apenas nas oitavas de final.

Necessariamente eu não vejo a necessidade de equipararmos nosso calendário ao europeu (com início em agosto e término em maio), apesar de saber que esse modelo privilegia as disputas de Seleções, que geralmente ocorrem entre os meses de junho e julho.

Mas também entendo que o nosso verão é demasiadamente desgastante para a prática de competições esportivas, principalmente nas regiões mais quentes do país, o que pode acabar por prejudicar o espetáculo.

Embora saibamos, também, que nossa realidade não é tão diferente atualmente, com os estaduais começando cada vez mais próximos da virada de ano, independente do calor que faça.

De qualquer forma, acredito que independente da data de início e fim, independente do regulamento que se faça, se quisermos um campeonato nacional que tenha o poder de fortalecer nossos clubes, em todas as regiões do país, temos que abandonar esse modelo exclusivista europeu para, a partir das nossas características como país, encontrar o modelo que melhor se adequará à nossa realidade.

Em toda cadeia produtiva, se é que podemos chamar assim, do nosso futebol há uma instituição em específico que tem um grande interesse que esse produto, o futebol, tenha cada vez mais qualidade.

Ela é, na minha modesta opinião, aquela que mais investe e que mais retorno precisa ter, até porque se trata de uma instituição privada, com fins lucrativos, mas, principalmente, com interesses comerciais e empresariais no negócio.

Diferente do que é, como sabemos, as instituições que organizam (federações e confederação) e que participam dos campeonatos (clubes), que podem até ser privados e com fins lucrativos, mas que não têm a quem se reportar caso um negócio dê prejuízo (ou vocês acham que a CBF se importa se o Brasileirão é ou não lucrativo?).

E, dessa cadeia toda, que envolve desde atletas, profissionais, clubes, federações, patrocinadores, entre outros, essa instituição é sim a mais preocupada com o atual momento do nosso futebol.

Tanto que convocou uma série de reuniões com os dirigentes dos 12 principais clubes do país para rediscutir nosso futebol.

Trata-se, obviamente, da detentora dos direitos de transmissão dos clubes e campeonatos, a Rede Globo de Televisão.

Não tenho os números, e também não os vi serem divulgados em canto algum, mas segundo o que temos lido, a audiência dos jogos do Campeonato Brasileiro, a principal competição do país, estão despencando nesse ano e esse é o grande motivo que fez a Globo convocar essas reuniões.

A preocupação da Globo é tamanha que a está fazendo pensar até em propor a volta do Brasileirão com fase eliminatória, modelo esse abolido em 2003, quando nosso campeonato passou a ter o sistema de pontos corridos em todas as suas edições.

E a preocupação é justa.

Justíssima, para falar a verdade.

Já a proposta nem tanto.

Se a Globo basear essa importante discussão apenas na fórmula de disputa do campeonato, teremos mais perda de tempo do que outra coisa.

Basta lembrar que a Copa do Brasil é disputada apenas com fases eliminatórias, o que não impede que tenhamos jogos bisonhos como o Bahia 1×0 Corinthians, de ontem, onde aposto que a audiência também não fora nenhuma maravilha.

A Globo paga caro aos clubes participantes da Série A, principalmente aos 5 times com as maiores torcidas do país (Flamengo, Corinthians, São Paulo, Palmeiras e Vasco) e, por se tratar de uma instituição com fins lucrativos, tenta recuperar esse montante investido com as quotas de patrocínio.

Analisando a cadeia produtiva do futebol, se os telespectadores verem jogos feios repetidamente é certo que muitos deixarão de ligar seus aparelhos de TV para assistir a estes “espetáculos”. Com isso a audiência cai.

A audiência caindo, cada vez menos patrocinadores estarão dispostos a pagar o que a Globo pede, pois não haverá a exposição da marca que se previa inicialmente.

Com os patrocinadores negociando cada vez mais para baixo as quotas, e os clubes cada vez mais para cima os direitos de transmissão, a Globo se verá numa encruzilhada financeira de difícil solução.

E é nesse ponto que a emissora não quer chegar.

Sendo ela a maior interessada em transmitir jogos de qualidade, com apelo público e com mais envolvimento dos telespectadores, acho justíssima a convocação dessa reunião por parte da Globo e acho sim, que por se tratar da maior interessada financeiramente falando, tem que pensar em mudar o nosso futebol brasileiro para melhor.

Já que nem CBF e nem os dirigentes de clubes parecem querer sair de sua zona de conforto, cabe à emissora carioca liderar esse processo.

Só espero que a discussão não fique baseada apenas no formato do principal campeonato do país, mas que seja elevada para o longo prazo e com vistas a ajudar os clubes a se organizarem para produzirem cada vez mais jogadores talentosos e, principalmente, retê-los em nossos campos.

Dando a oportunidade de vermos, quando ligarmos nosso aparelho de televisão, espetáculos sem aspas, como é hoje na tão badalada Alemanha.

E se forem falar no formato do nosso campeonato, saiam do lugar-comum e pensem em fazer algo como eu propus há algum tempo (Clique aqui e aqui para ler).

Jogadores do Botafogo entram no clássico com uma faixa reivindicando seus direitos.

Jogadores do Botafogo entram no clássico com uma faixa reivindicando seus direitos.

Dois jogos que ocorreram nesse último final de semana, pela Série A do Brasileirão, servem como exemplos muito bons para entendermos o que levou ao nosso futebol a levar uma surra tão impiedosa dentro de sua própria casa.

São exemplos que nos ajudam a entender que uma Seleção é apenas a ponta de um iceberg e que muitos são os fatores que nos levaram a tomar aquela maldita surra dos alemães.

E são exemplos, também, que nos ajudam a ver que a discussão sobre o nome do novo técnico da Seleção, que causou furor nos últimos dez dias, também é equivocada.

Um técnico pode sim mudar um placar de um jogo, construir um time vencedor ou implantar uma filosofia de trabalho (expressão de lugar comum) vitoriosa.

Mas só ele não é suficiente.

Mesmo se a CBF tivesse contratado o tal Pepe Guardiola, se continuássemos vendo esse tipo de situação ocorrendo no dia a dia do Futebol em Terras Brasilis (como certamente vamos continuar), na minha opinião, não significaria uma renovação no nosso futebol.

E, para nossa tristeza, esses exemplos estão muito mais enraizados do que o efeito positivo da força do trabalho de um técnico, seja ele quem for.

Mas, que exemplos são estes?

São os dois assuntos que mais chamaram a atenção da mídia esportiva, exatamente por envolverem os dois clássicos da rodada.

No primeiro caso, e mais absurdo deles, o Botafogo é o exemplo escolhido.

O clube que, na semana anterior ao clássico, ameaçou deixar de participar da continuidade do Brasileirão 2014, viu seus jogadores entrarem em campo contra o Flamengo portando uma faixa onde diziam estar com 5 meses de direitos de imagem atrasados, além de 3 meses de salários e FGTS.

Ou seja, faz 3 meses que os jogadores do Fogão não veem a cor do dinheiro.

O seu presidente, Sr. Maurício Assumpção, diz que não é possível continuar a disputa, uma vez que as receitas do clube estão bloqueadas pela Justiça para saldar a já imensa dívida do clube com a Receita Federal, além de outros órgãos públicos.

Ou seja, em resumo o Botafogo faliu.

O caso do Fogão é apenas um exemplo, pois todos os grandes clubes brasileiros, em maior ou menor escala, estão atolados em dívidas trabalhistas e fiscais.

E todos, sem exceção, continuam a serem geridos de forma irresponsável, onde mesmo com dívidas astronômicas continuam gastando rios de dinheiro com jogadores que não valem um décimo do que recebem.

Veja, dando um exemplo dentro do exemplo, que o Flamengo, time com a maior dívida do país, está oferecendo R$ 900 mil mensais ao Robinho (???), que mesmo que fosse o Robinho de 2003, não justificaria tamanha irresponsabilidade.

Reflexo claro da impunidade que cerca esses “gestores”, uma vez que o presidente que assume um clube hoje não se responsabiliza pela sua dívida do passado (faz um mea culpa), sai contratando jogadores como louco, aumenta a dívida do clube e, depois de 3 anos (no melhor dos casos) sai ileso para voltar num futuro distante.

E quando esse presidente tenta fazer uma gestão mais séria, enxugando os gastos do clube sem fazer contratações loucas, acaba não conseguindo tempo e credibilidade suficiente para completar o seu trabalho, pois torcida e mídia (grande parte) entendem que futebol é só bola na rede e taça levantada.

Torcida Mancha Verde quebra cadeiras do estádio Corinthiano e se identifica. Por quê é o Palmeiras que tem que pagar a conta?

Torcida Mancha Verde quebra cadeiras do estádio Corinthiano e se identifica. Por quê a conta é do Palmeiras?

O outro exemplo, vindo do clássico paulista entre Corinthians e Palmeiras, demonstra também que, quando se faz necessário punir quem se deve, doa a quem doer, os próprios clubes se isentam dessa tarefa, tornando-se paternalistas ao extremo e acobertando atos de suas torcidas que não são de responsabilidade dos clubes.

Foi o que aconteceu com o Palmeiras, que teve que pagar o prejuízo causado por sua torcida organizada ao estádio Corinthiano.

Se a torcida organizada é uma entidade reconhecida, possivelmente com Cadastro Nacional de Pessoa Jurídica ativo, a conta pela depredação do estádio rival, ou até mesmo de seu próprio estádio, não deve ficar com o clube, mas sim com essa entidade, que deve ser responsabilizada pelos atos de seus integrantes.

Nessas situações, o Palmeiras, ou qualquer clube que seja, é responsável pelos atos de seus profissionais.

Como não foi um caso de violência, mas sim de mau uso e irresponsabilidade daqueles que ocupavam aquele espaço, sou totalmente contra o repasse desse custo para a entidade esportiva.

Se não doer no bolso de quem fez, esse tipo de situação nunca vai acabar.

E se os clubes continuarem a passar a mão na cabeça de seus Vândalos Organizados, os estádios brasileiros, padrão FIFA ou padrão CBF, irão contar cada vez menos com a presença de quem realmente deveria ocupa-los: as famílias.

Apesar de rivais os dois clubes não devem se tratar como inimigos.

Apesar de rivais os dois clubes não devem se tratar como inimigos.

Talvez o que eu escreva aqui nesse post possa parecer, para muitos, algo utópico e sem a menor chance de acontecer.

Confesso que até para mim, que acredito piamente nisso, esse post parece bastante utópico.

Principalmente ao ler e ver as notícias da recente briga entre São Paulo e Palmeiras pela contratação do medíocre atacante Alan Kardec, que não é para o futebol nem 1% do que foi o original para o Espiritismo, onde os presidentes dos clubes se prestaram ao papel de irem à imprensa trocar acusações e, pior, ofensas.

Nesse ponto, os dois presidentes dos dois clubes não agem apenas como rivais, mas também como inimigos.

“Vou tirar um profissional excelente do meu inimigo para enfraquecê-lo”.

“Vou acusar meu inimigo para que todos conheçam seu modus operandi“.

Esse é tipo de coisa que eu imagino que os presidentes pensam, ou pensaram, durante todo esse episódio. Mal sabem eles que a única coisa que estão enfraquecendo é o nosso futebol, o único modus operandi que estão expondo é o seu próprio.

Não quero aqui defender A ou B, nem cair no “lugar comum” de dizer que esse tipo de ação incita a violência, porque não é bem esse o intuito do post (e até porque a violência só é incitada em quem está inclinado a ela).

Mas o intuito é de mostrar que esse tipo de situação realmente não contribui em nada para o fortalecimento do nosso futebol.

Achar que o inimigo é o seu clube rival é de uma tolice tão grande que, ao longo dos anos, só tem afastado mais o público consumidor dos estádios, dos times.

Apesar de pouco conhecer, nesse caso sou fã do modelo norte-americano de gestão esportiva. Veja se existe esse tipo de situação na NBA, ou na MLS, por exemplo.

Não.

Lá, os clubes não definem suas contratações e acredito que isso ocorra exatamente para evitar esse tipo de situação, além, é claro, de evitar o fortalecimento de uns em detrimento aos outros.

Tudo bem que lá o modelo já nasceu assim, diferente daqui, que teríamos que tentar construir algo parecido partindo de um modelo pre-existente.

Pensando o futebol como um negócio, como uma indústria, coisa que o é, é tolice achar que quem torce, acompanha e consome o São Paulo, por exemplo, pode, de um dia para o outro, torcer, acompanhar ou consumir o Palmeiras.

Mas não é tolice pensar que esse mesmo cara que consome o São Paulo pode um dia desviar seus olhos, e seu dinheiro, para o teatro, o cinema, ou seja, qualquer outra forma de lazer.

Porque, para o torcedor comum, aquele que não vive do futebol, o esporte nada mais é do que isso: uma opção de lazer.

E se você acha que esse tido torcedor comum é minoria, sinto lhe informar que você está redondamente enganado.

Mesmo que eu nunca tenha visto uma pesquisa sobre o comportamento das torcidas, como postei certa vez (clique aqui), tenho certeza de que o número de potenciais consumidores do nosso futebol (caras que torcem para um time, mas não o acompanham de perto) ainda é bem maior do que o número de torcedores que realmente consumam algo dos times.

E enquanto os presidentes dos clubes, de todos e não apenas dos envolvidos nesse caso, ficarem brigando por migalhas (não que o tal Alan Kardec seja uma migalha, mas também não é um pão inteiro) é bem difícil que ações sejam desenvolvidas para atrair esse tipo de consumidor.

O tempo que estão dispensando nessa mesquinharia sem fim poderia ser aproveitado para pensarem o Futebol em Terras Brasilis no longo prazo, em ações que fortaleçam não só seus clubes, mas o nosso futebol hoje e também para daqui 10, 15, 30 anos.

Pensarem em como tornar o modelo arcaico que temos hoje em algo comercialmente atrativo e, principalmente, lucrativo.

Não pensarem em como tirar um “Alan Kardec” do rival, mas sim em como segurarem os futuros Neymar, Ronaldo, Kaka, e tantos outros que saem do país a cada janela de transferências, esses sim jogadores que justificam brigas, mas não entre os nossos clubes e sim com os clubes Europeus.

Porque enquanto nos dignificarmos a brigar apenas por Alan Kardec, vamos ter que nos contentar por brigar apenas por Alan Kardec, e nada mais.