Hoje termina os Jogos Olímpicos de 2012, sua trigésima edição na era moderna.
E, mais que em qualquer outro esporte, no Brasil a medalha que mais se esperava novamente não veio.
Perdemos a decisão da medalha de ouro para o México, por 2×1, e acabamos ficando com a prata pela terceira vez.
Li e vi um monte de críticas ao desempenho da Seleção Brasileira, nos blogs de futebol e nas redes sociais, por ter ficado apenas com a prata. A prata que no futebol é duramente criticada, em outros esportes é deliciosamente apreciada.
E, sinceramente, eu não entendo isso.
O brasileiro é um povo muito arrogante e mal acostumado quando o assunto é futebol. Somos os maiores campeões mundiais sim, porém só isso. Não temos, por exemplo, nem o domínio no torneio sul-americano de seleções (nem no de clubes).
A prata no futebol é motivo de vergonha para a torcida brasileira. Não sei você, mas para mim ela é motivo de tanto orgulho quanto a prata do vôlei masculino. Não adianta querer comparar a Seleção Olímpica com a principal. Quanto menos querer comparar os torneios Olímpicos com a Copa do Mundo.
Por exemplo. Você, amigo leitor, sabe qual é a seleção mais vezes campeã olímpica? Alemanha? Argentina? Espanha? Não, tolinho, é a Hungria. Hungria que só fez uma Copa do Mundo boa, e nem campeã não foi.
O torneio olímpico prega essas peças nos torcedores mesmo. A tão falada Espanha, bicho-papão do futebol mundial no momento, acabou sendo eliminada na fase de grupos perdendo para o Japão e, acredite, para Honduras.
Infelizmente essa é a característica do torneio olímpico de futebol masculino. São zebras e mais zebras, uma atrás da outra. Se você quiser mais exemplos, entre na Wikipédia e procure lá. Você vai ver o quanto de zebra que tem na história do torneio olímpico, não só para cima da Seleção Brasileira.
Além disso, analisemos o jogo de ontem.
Tomar um gol com 30 segundos de jogo desestabiliza qualquer time. Qualquer. O Brasil levou uns 20 minutos para se recuperar do baque, ainda mais por conta da pressão que existe sobre a Seleção Olímpica.
O técnico Mano até foi arrojado e fez uma alteração aos 30 minutos do primeiro tempo, quando a Seleção passou a jogar melhor.
O segundo tempo foi o que se esperava: o Brasil pressionando e o México se defendendo e apostando nos contra-ataques. Até que funcionou.
E, num momento de desespero do Brasil, o México ampliou.
Aí foi aquilo. Desespero, desespero, desespero até que saiu o gol de honra da Seleção.
Ok, você pode reclamar da falta de tática, de uma ou outra escalação, mas pra mim ficou evidente que os jogadores da Seleção fizeram o que foi possível para buscar o ouro. Era só ver a cara dos jogadores no término do jogo.
Criticar esses jogadores, agora, é muito fácil.
E muitos dos que criticam a atual Seleção, vivem de um passado de “glórias”, idolatram Zico, Falcão, Sócrates, sem se lembrar que esses também não ganharam o ouro (pra falar a verdade, esses não ganharam absolutamente nada com a Seleção Brasileira).
E, por favor, não me venha com o argumento péssimo que diz que pelo salário que os jogadores ganham eles deveriam trazer o ouro. O salário quem paga é o clube e, se o cara ganha o que ganha, é que em algum momento ele traz um retorno bem maior ao clube.
Seleção não paga nada aos jogadores. Vai quem quer, joga quem quer.
Pode ser esse o problema? Se fosse, seria no mundo inteiro, e não só no Brasil. Seria em todos os esportes, e não só no futebol.
Agora, como último argumento, lembro aos leitores que o vôlei masculino brasileiro é um dos mais vencedores, se não o maior vencedor, do mundo. Entre ligas, campeonatos mundiais e Olimpíadas, a Seleção de Vôlei conquistou tudo nos últimos anos. Nós temos, no nosso país, uma das melhores ligas do mundo e, sem dúvida, o Brasil tem revelado os melhores jogadores no mundo nas duas últimas décadas.
E hoje, estávamos ganhando de 2 sets a 0 da Rússia, e conseguimos tomar a virada.
E a prata do vôlei vale mais do que a do futebol?
Não. Não vale.
Eu, como brasileiro, fico satisfeito com nossas seleções. Como fico satisfeito com a dupla masculina no vôlei de praia, com o nadado Thiago Pereira, com o boxeador Esquiva Falcão e com todos os outros que trouxeram, para o nosso país, qualquer medalha que fosse.
E que nos preparemos melhor para, no Rio 2016, finalmente vencermos esse último torneio que nos falta.