A quinta edição da seção História de Torcedor é a mais fresca de todas.
Essa história ocorreu ontem mesmo.
Mas, por algum motivo que eu ainda desconheço, tenho a estranha sensação de que ela ficará para sempre marcada na minha cabeça.
E no meu coração.
Porque hoje é meu aniversário e ontem… bem, ontem tivemos aquele que eu considero o maior clássico do país.
Você pode até discordar.
Tem todo o direito.
Principalmente se você torce para qualquer outro time que não seja um dos dois envolvidos. Tenho alguns leitores que acompanham o blog de outros estados, tenho muitos amigos que não torcem para esses times, e por isso tenho certeza de que muitos irão discordar.
Mas pra mim é, e ponto final.
Vamos lá então?
Influência:
Hoje, dia 09 de fevereiro, é meu aniversário.
Nesse ano de 2015 estou completando 38 verões.
E ontem, o domingo que antecedeu essa data tão especial pra mim, pedi que minha esposa fizesse um almoço e convidei meu pai para vir almoçar comigo.
Como ele mora no litoral e, por conta da idade, já não dirige mais, combinei com um dos meus irmãos para buscá-lo em um ponto no meio do caminho entre a minha casa e a casa do meu pai.
Não era uma festa.
Era só um almoço, pois fazia tempo que o velhinho não vinha na minha casa.
E, como ontem mesmo haveria o primeiro Palmeiras x Corinthians do ano, combinei com meu irmão que o retorno seria após o apito final do juiz.
Nunca deixaria de ver ao jogo.
Almoçamos o delicioso estrogonofe da esposinha, batemos algum papo, que já não está fluindo tanto como fluiria antigamente, e após o almoço cada um foi se encostando nos cantos possíveis para aquela soneca da tarde.
A primeira a “embarcar” foi a filhota.
Junto dela o vovô também apagou. Ambos no sofá, um de cada lado meu.
Depois de colocar a filha na cama e lavar a louça foi a minha vez. E em seguida a patroa.
Acordei uns 40 minutos antes de começar o jogo e já sintonizei na Band, para ver o finzinho do “Gol, o Grande Momento do Futebol” e pegar o pré jogo desde o começo.
Ali, enquanto passavam gols históricos do clássico, foi que meu pai contou pela milésima vez a mesma história.
“Em 1955 eu estava no Pacaembu pra ver Corinthians 1×1 Palmeiras”.
“Fomos campeões do 4º Centenário”.
Engraçado como mesmo com a recente perda de memória, essa história ele não esquece nunca.
E aí eu perguntei, como se fosse a primeira vez que eu a estava ouvindo, como tinha sido estar lá.
“Ah, fomos campeões. Teve muita festa. O Pacaembu estava lotado. Ainda tinha a concha acústica”.
Sim, pai, eu sei.
Eu sempre soube.
Assistimos ao jogo juntos. A filha ainda dormia, a esposa tomava seu banho.
A certa altura do primeiro tempo o pessimismo de sempre: “Ah, o Corinthians vai perder esse jogo”.
Como assim pai???
“Ah, vai no máximo empatar”.
Ufa, que bom. Já é alguma coisa.
Ele lá, quietinho num canto do sofá, e eu nervoso no outro. Esfregando as mãos, levantando a cada lance perigoso.
Até que, gol!
Gol do Timão!
Eu não podia gritar, a filha ainda dormia. Mas levantei e bati no peito, como quase sempre faço.
Estávamos na frente no primeiro Derby na casa nova dos caras. Era lindo isso.
Porém, antes de me recompor, fui lá e abracei o velho. Gol pai, gol do Timão!
Ele que me ensinou a falar isso.
Catzo, meu pai que me influenciou a ser Corinthiano estava de novo lá comigo, “comemorando” um gol do Timão pra cima do nosso maior rival.
O segundo tempo veio e o meu nervosismo continuava lá.
E a cada lance perdido eu via que a minha reação era idêntica a dele: bater a mão na perna e soltar um belo “Aaaahh…”.
Quando o Cássio foi expulso vi a primeira reação mais efusiva dele: “Puta que pariu”…
Pronto, agora eu estava liberado a falar também os meus palavrões.
E eles foram falados aos montes quando o atacante Mendoza perdeu o gol cara a cara com o Fernando Prass, no lance que poderia acabar com o jogo.
Verdade seja dita, não foi o Mendoza que perdeu o gol. O Fernando Prass que fez uma puta defesa.
Como fez o goleiro reserva do Timão, no momento que mais palavrões vociferaram pela minha boca, quando o lateral Palmeirense teve tudo pra fazer o gol, e o Valter impediu com o pé.
Até que, fim de jogo.
E antes de ir postar algumas provocações para os meus amigos no Face, fui lá e dei um abraço no meu velho.
Foi um abraço de comemoração.
Mas também foi um abraço de gratidão.
Gratidão por ter me influenciado tão bem na escolha do time.
E nesse 9 de fevereiro, um dos presentes que eu mais queria ganhar de novo eu ganhei.
Comemorar a vitória do meu Timão frente ao nosso maior rival, com meu pai do meu lado!
Ps.: Apenas como dado estatístico, essa é a 5ª vez que Corinthians e Palmeiras se enfrentam próximo (ou no dia) do meu aniversário.
Isso, é claro, desde que eu me conheço por gente.
Até ontem tinham sido duas vitórias do Palmeiras (2×1 em 07/02/98 e 3×1 em 09/02/2000, ambos pelo Rio-São Paulo) e duas do Timão (2×1 em 11/02/2001 e 1×0 em 06/02/2011, ambos pelo Paulista).
A vitória de ontem me deixou mais feliz no meu aniversário, além de por o Timão na frente da minha estatística particular.