Cerveja pode?

Posted: 30/05/2012 in Uncategorized
Na noite dessa última segunda-feira, dia 28, foi anunciado pelos grandes clubes de São Paulo um acordo entre as agremiações e a Ambev, através de sua marca de cerveja Brahma.
Corinthians, Palmeiras, São Paulo, Santos, Portuguesa e Ponte Preta entraram para um rol que já reunia os outros grandes clubes brasileiros (Grêmio, Inter, Flamengo, Fluminense, Vasco, Botafogo, Cruzeiro e Atlético-MG) e mais alguns clubes considerados médios e pequenos, entre eles ABC e América do RN, América e Ipatinga de Minas Gerais, Botafogo da Paraíba, Avaí, Figueirense, Ceará, Fortaleza, Bahia, Vitória, Goiás, Juventude, Náutico e Sport.
No acordo, costurado pelo empresário Ronaldo Nazário, a empresa irá ajudar os clubes administrativamente, e não financeiramente como geralmente acontece. A Ambev usará sua expertise para estruturar a saúde financeira dos clubes, desenvolver seus projetos de sócios torcedores e estruturar suas categorias de base e suas estruturas de trabalho.
Do ponto de vista comercial, um puta acordo pros clubes!
Ter como parceira uma empresa extremamente competente no que faz e, principalmente, tendo esse acordo o foco na gestão dos clubes, e não apenas financeiro, faz com que se admire e muito a negociação e fechamento do contrato.
Se pensarmos que não é apenas um, dois ou três clubes envolvidos, mas sim a grande maioria dos times de massa do país, veremos então que a tendência é que esses acordos só desenvolvam sustentavelmente os clubes nacionais, e os fortifiquem cada vez mais para alçarem vôos mais longos.
Comercialmente tudo parece perfeito!
Porém, e como para tudo há um porém, do ponto de vista esportivo esse acordo é péssimo!
Sim, porquê em sua origem o futebol é esporte, e não negócio. 
Entendo que os clubes precisam de dinheiro para se manterem competitivos, para se gerirem e para movimentar a máquina do entretenimento no país. Ok.
Só que vincular a imagem de uma entidade feita para o esporte com uma bebida alcoólica não faz sentido, não tem ligação.
Tirando aquele futebol de final de semana, onde obrigatoriamente rola um churrasco com cerveja, quem estiver lendo esse post que já tenha praticado algum esporte com treino semanal regular, com objetivos de conquistas e de melhoras, sabe que, ao final de um treino, de uma competição, tudo o que não se quer ver é uma lata de Brahma. Nem de Antártica, nem de Itaipava e de nenhuma outra cerveja.
A prática esportiva requer certos cuidados que incluem-se neles a abstinência alcoólica.
E não caro leitor, não sou eu, este blogueiro que te escreve, alguém que repudia ou que não toma bebidas alcoólicas. Muito pelo contrário, adoro assistir meu futebol com uma latinha de cerveja na mão.
E também sei que a famosa marca de cerveja está presente no futebol há muitos e muitos anos, basta lembrar da seleção de 94 levantando o dedo indicador em riste para lembrar o slogan da bebida.
Agora, continuar ligando o futebol às bebidas pode ser um equívoco. Quer um exemplo?
Até o início dos anos 80 era muito comum ver nas TVs por aí a propaganda de cigarros estreladas por jogadores de futebol. A mais clássica delas envolvia o jogador Gérson, da Copa de 70, com o cigarro Vila Rica e o velho bordão: “Porque o importante é levar vantagem. Sempre”.
Pois é. Imagine hoje, uma propaganda dessa sendo estrelada pelo Neymar. Nem precisamos imaginar, basta lembrar o furdúncio que foi na imprensa quando o ex-técnico Daniel Passarela, num jogo do Corinthians, acendeu um cigarro para tentar se acalmar. Faltaram crucificar o hermano.
Ou, pior, imagine se amanhã seu time de coração anuncie seu novo patrocinador: Taurus (aquela marca de armas e revolveres).
Ao menos a artilharia do time estaria garantida, não é?
Da mesma forma, ao olhar esportivamente o acordo entre os clubes e a cervejaria Brahma, sinto que há algo que não combina, que não vai bem.
A Ambev tem outras marcas que poderia explorar o mercado futebol tão bem quando a da cerveja. Por quê não a do Guaraná Antartica? Ou, até melhor, por quê a indústria de bebidas não lança um isotônico para firmar esse acordo?
Cerveja vende mais, né? Eu sei…
Só não acho que tenha a ver cerveja com a prática esportiva.

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