E o futebol, CaDê?

Posted: 19/06/2012 in Uncategorized

Foi realizada, na tarde de ontem, uma reunião na sede da CBF para se decidir o futuro das Séries C e D do Campeonato Brasileiro. Estiveram presentes os presidentes (ou representantes) dos clubes e das federações envolvidas: Araguaína-TO, Santo André-SP, Brasil de Pelotas-RS, Rio Branco-AC e Treze-PB.

Os envolvidos saíram sem um consenso, exclusivamente por conta da decisão do Treze-PB de manter seu processo requisitando uma vaga na Série C, entendendo que é seu direito o acesso à tal Série.

Para que o amigo leitor do blog possa entender um pouco, veja bem, entender só um pouco do que acontece nesse imbróglio jurídico, vou tentar comentar os fatos da maneira mais clara e concisa possível. Para isso, tentarei utilizar a cronologia de tempo para ajudar no entendimento de todos.

A Série C de 2011 começou com o seguinte formato de disputa: 20 clubes divididos de forma regional em quatro grupos de cinco equipes, que jogariam em turno e returno, onde os dois primeiros colocados passariam à próxima fase e os últimos colocados de cada grupo estariam rebaixados para a Série D desse ano.

No Grupo A estavam Rio Branco-AC, Paysandú-PA, Luverdense-MT, Águia de Marabá-PA e Araguaína-TO e essa foi exatamente a ordem de classificação ao final da primeira fase.

No decorrer do campeonato o Rio Branco entrou na justiça comum contra uma decisão da Procuradoria de Defesa do Consumidor do Acre, que havia interditado a Arena da Floresta, estádio onde o time mandava seus jogos. Ocorre que, de acordo com o regulamento da CBF, os times devem decidir seus problemas na Justiça Desportiva e nunca na comum (isso depois de diversos problemas parecidos com esse envolvendo times da primeira divisão).

Rege tal regulamento que a equipe que assim proceder sofrerá pena de eliminação do torneio e rebaixamento automático de divisão.

Após algumas idas e vindas na justiça, tanto desportiva quanto comum, e para que a competição fosse continuada na sua segunda fase, o Rio Branco-AC aceitou a sua exclusão da competição e retirou suas ações na justiça. Porém, o seu rebaixamento não foi decidido, ficando o time Acriano apenas excluído de participar da fase seguinte.

Paralelamente a isso, no Grupo D, o Brasil de Pelotas-RS perdeu 6 pontos devido a escalação irregular do lateral direito Cláudio, devido a um julgamento do jogador por uma expulsão na última rodada da Série C de 2010. Com essa perda, o time do sul do país ficou com apenas dois pontos conquistados, terminando na última colocação do grupo, atrás do Santo André, quarto colocado.

O Treze-PB entra na situação quando, eliminado na fase de quartas de final da Série D (que dava vaga para os quatro semi-finalistas) e tendo o melhor desempenho entre os quarto-finalistas eliminados, entendeu que o rebaixamento da Série C deveria constar, no Grupo A, o Araguaína-TO e o Rio Branco-AC, abrindo uma quinta vaga para a Série D que, obviamente, seria sua.

Se aproveitando do imbróglio que já estava acontecendo entre os três times citados acima, o Brasil de Pelotas-RS entrou com ação na justiça em abril desse ano alegando que não havia sido informado sobre a punição ao jogador Cláudio e solicitou a sua vaga no lugar do Santo André na  Série C desse ano.

E assim estava formado mais um circo do futebol brasileiro!

Na reunião de ontem, como já dito, quatro clubes aceitaram a decisão da CBF e afirmaram que iriam retirar suas ações nas justiças comum e desportiva e aceitando o rebaixamento do Araguaína e do Brasil de Pelotas. Porém, com alguns julgamentos a seu favor, o Treze preferiu continuar com o processo pela vaga que seria deixada pelo Rio Branco-AC, supostamente.

Aos leitores que acompanhavam o futebol brasileiro até a década de noventa, fica a pergunta: essa situação lembra vocês de algo?

Era muito comum, principalmente quando do rebaixamento de algum clube grande, as viradas de mesa, as disputas judiciais e os imbróglios para começar um campeonato. Virava e mexia a gente via dirigentes comemorando com champanhe os salvamentos de queda do time A ou do time B.

Isso pode até não ocorrer mais nas duas principais divisões do futebol brasileiro, mas não quer dizer que não aconteça mais no futebol brasileiro. E é uma vergonha vermos que ainda temos espaço para tais situações. Não estou acompanhando o caso desde o começo e não sei o que foi decidido lá atrás, mas imagino que se o regulamento prescreve o rebaixamento da equipe que entrar na justiça comum ele deve ser cumprido à risca. Não importa se, no meio do processo, a equipe envolvida desista da briga judicial e aí se faz cumprir só metade do regulamento.

E isso, infelizmente, reflete negativamente no negócio futebol.  Além dos 60 clubes parados (alguns bem tradicionais no futebol brasileiro), temos os patrocinadores, os possíveis investidores, a chance de um jogador aparecer um pouco mais, se destacar. Quanto de dinheiro não fica parado aguardando que se tome uma decisão, que se tenha um consenso?

Espero que a situação se resolva o mais rápido possível e que a alegria volte aos campos do país inteiro. O futebol nacional não se resume apenas à 10, 20 equipes.

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