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Eu já disse aqui, ou no endereço antigo do blog, que o único legado que a Copa do Mundo de 2014 vai deixar para o país é um pouco mais de 15 estádios modernos, novos e em condições de abrigar o público com todo conforto e segurança. Alguns desses estádios serão, sem dúvida nenhuma, grandes elefantes brancos. Mas outros não.

E, na esteira da nova onda de estádios brasileiros, três clubes que não tiveram seus estádios escolhidos para a Copa de 2014 também terão estádios novos (ou renovados). O São Paulo que aprovou a instalação da cobertura no estádio do Morumbi, e além disso o projeto consiste também em dedicar uma área do estádio para shows de médio porte. O Palmeiras que praticamente pôs abaixo seu antigo Parque Antártica e está construindo no local um novo estádio, muito bonito por sinal, e o Grêmio que construiu sua nova arena em local diferente do antigo estádio Olímpico (que será demolido).

Dos três, apenas esse último já está pronto e em uso. Sua inauguração foi em um jogo amistoso no final do ano passado e o estádio recebeu nessa última quarta-feira seu primeiro jogo oficial.

Nem preciso narrar aqui, com dois dias de atraso, o que ocorreu no estádio gaúcho.

O que é preciso refletir, e isso parece que o presidente do clube gaúcho e sua torcida ainda não fizeram, é que um estádio novo não comporta mais esse tipo de atitude, esse tipo de situação. Ou não poderia comportar.

O Grêmio erra em manter um espaço dedicado aos vândalos em seu estádio. Erra ao permitir que um investimento daquele porte, que trás ao torcedor comum uma sensação de estar sendo bem tratado, querido, ainda abrigue os mesmos que destroem seu patrimônio, afastam investimentos e causam sérios riscos à integridade física deles e dos outros.

E lembremos que nos dois jogos na nova arena houve esse tipo de problema. No primeiro, por sinal um simples amistoso comemorativo de abertura do estádio, teve um quebra-quebra no mesmo setor.

O legado que um estádio moderno pode trazer para o futebol não é apenas a beleza das novas construções, mas sim uma mudança de comportamento dos clubes com relação aos seus torcedores, passando a tratá-los com o respeito e a dignidade que qualquer empresa do setor de entretenimento dá aos seus consumidores, e não como um bando de qualquer coisa ou um rebanho de bezerros.

Seja na Arena Grêmio, seja no Mineirão (que receberá um clássico já no seu jogo de abertura), seja na Fonte Nova ou lá em Itaquera, essas novas e modernas arenas multi-uso sugerem um novo tratamento àqueles que ocuparão suas cadeiras, seus camarotes. Se eu compro um ingresso para um estádio desses, quero chegar com conforto, entrar sem empurra-empurra, comer e ir ao banheiro sem perder meu lugar (reservado) e, principalmente, ter ao menos uma pequena sensação de que chegarei bem em minha casa.

Chega de espaços reservados para torcidas organizadas, chega de permitir que os vândalos que sempre agem brutalmente frequentem mais nossos estádios (velhos ou novos), chega de dar abrigo para aqueles que um dia ou outro, certamente, irão destruir o patrimônio dos clubes.

Enquanto mantivermos a mentalidade antiga, os estádios novos serão apenas bonitos por fora, para se tirar fotos de helicóptero e fazer cartões-postais. Mais nada. E, com episódios como o dessa última quarta-feira ocorrendo constantemente, essas novas arenas se tornarão os velhos estádios em pouco tempo.

E aí, o único legado que a Copa do Mundo poderia ter deixado, será destruído por nossa ignorância.

A foto desse post é de Lucas Uebel / Uol Esporte.

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