Se não se pode vencê-los

Posted: 10/02/2013 in Uncategorized
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estádio vazio

Domingo de carnaval, para quem não gosta de samba e adora futebol, é propício para deixar a TV ligada em algum canal de esporte e esquecer o resto da programação carnavalesca. E, tirando os protestos femininos da minha casa, o tempo em que eu fiquei como “dono” do controle remoto nessa manhã de domingo foi para ver os gols dos campeonatos estaduais.

Na verdade eu estava procurando informações sobre a Copa do Nordeste e sobre a final da Copa da África.

E, zapeando entre os canais esportivos que o meu pacote de TV por assinatura possui, pude assistir aos tais gols da rodada de ontem no Paulista. E um detalhe me chamou muito, mas muito a atenção.

Todos os jogos realizados nesse sábado sem a presença de algum time grande, preste bem a atenção eu disse Todos, tinham em suas arquibancadas um enorme vazio. Via-se um ou outro gato pingado, meia dúzia de parcos torcedores e mais nada.

Com um apelo muito pequeno, e uma fórmula muito grande, o Campeonato Paulista não consegue fazer nem aquilo que os seus defensores dizem que ele faz: ajudar os pequenos a sobreviver.

Procurei, antes de escrever esse post, informações sobre o público e renda dos jogos de ontem (com exceção de Corinthians x São Caetano e Guarani x São Paulo), mas não achei. E, se achasse, certamente seria um público médio inferior a 2.000 pagantes.

Bragantino 3×2 São Bernardo, Ituano 3×3 Ponte Preta, União Barbarense 1×1 Botafogo e Oeste 2×1 Mirassol juntos não levaram 10.000 pessoas aos estádios. Se duvidar, nem metade disso.

E, como que um campeonato que se propõe a manter viva a paixão do torcedor interiorano, não atrai público nos jogos entre times do interior? Que campeonato é esse em que as cidades só se mobilizam quando um grande vai visitá-las, ou quando um dos seus representantes chega a uma já perdida final?

Dois motivos podem explicar tal falta de interesse: primeiro uma fórmula muito chata e sem grandes atrativos, com jogos que pouco ou nada valem; segundo que, tirando alguns casos como os dos times campineiros e talvez o do Botafogo de Ribeirão, a imensa maioria dos torcedores do interior torcem mesmo é para os times da capital.

Com relação a este segundo motivo pouco pode ser feito. Ou melhor, até tem muito que poderia ser feito, mas necessitaria de uma mudança muito grande na forma de administrar o futebol (e seus campeonatos) e também na cultura do esporte no Brasil. Já com relação ao primeiro motivo, aí sim poderíamos realmente fazer algo que torne mais atrativos os jogos entre times do interior do estado.

Se não se pode vencê-los, junte-se a eles:

Não, não vou à partir de agora passar a defender a existência e manutenção desses falidos campeonatos estaduais. Mas, como certamente não serão minhas críticas a eles que fará com que eles deixem de existir, quem sabe uma sugestão possa ser bem-vinda, né?

Já está provado que fazer o campeonato com 20 clubes (e para esse caso estou me referindo apenas ao Campeonato Paulista) jogando um turno único com todos se enfrentando e classificando os oito primeiros para as fases finais não é lá muito atrativo. Leva pouco público ao estádio e, principalmente, atrai pouca audiência para a televisão.

Pois bem, vamos pitacar então.

Para o ano que vem eu faria com que os seis primeiros classificados desse ano, ou seja os quatro semi-finalistas e os dois que tiveram melhor campanha entre os eliminados nas quartas-de-final, já entrariam no campeonato do ano que vem na segunda fase.

Os demais dez clubes, juntando os quatro que subirão da série A-2, iniciam o campeonato divididos em dois grupos de 7 times, onde jogariam todos contra todos em turno único (ou seja, apenas 6 jogos) e o campeão de cada grupo também se classificaria para a fase seguinte. Os dois últimos de cada grupo cairiam para a série A-2 de 2015 e subiriam apenas dois times de lá, até a série A-1 ficar com apenas 16 clubes.

Junte a esses dois classificados aqueles seis clubes que se classificaram automaticamente nesse ano e, em dois grupos de 4 clubes, jogariam em turno e returno para decidir os semi-finalistas e finalistas da competição. Os quatro semi-finalistas, junto com o terceiro colocado de cada grupo, já se garantiriam para a segunda fase do campeonato do ano seguinte.

Essa fórmula certamente beneficiaria os grandes clubes do estado, dando a eles a possibilidade de iniciar a competição numa fase mais final e, além disso, proporcionando também um maior tempo de pré-temporada.

Para os times pequenos, ficaria a responsabilidade de jogar cada jogo como se fosse uma final, já que seriam apenas seis jogos para se chegar à segunda fase e mais seis para se tentar uma vaga nas semi-finais. Talvez, com uma fórmula mais emocionante como essa, não viríamos mais cenas como as da foto desse post, que mostra uma arquibancada completamente vazia no momento de um gol.

Esse blogueiro sabe que não é apenas a fórmula de disputa que atrai o público para o estádio, porém imagina que aumentando ao menos um pouco o interesse do torcedor do interior pelos times de sua cidade, a força de cada time também poderá aumentar.

E aí, aqueles que defendem a continuação desses campeonatos estaduais, poderão enfim ter razão ao destacarem a força que eles dão aos times do interior.

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