Estádios padrão CBF?

Posted: 22/07/2013 in Uncategorized
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Na manhã dessa segunda-feira ouvi no rádio, a caminho do trabalho, um pequeno debate que há muito tempo eu não ouvia.

O debate, motivado pelo jogo entre Atlético Paranaense e Corinthians de ontem e pela reclamação dos jogadores e do técnico Tite com relação às condições do gramado, tratava das condições dos estádios brasileiros, mais precisamente daqueles em que são jogados os jogos da Série A do nacional. Durante esse debate, muito se falou sobre uma possível necessidade da CBF definir um padrão de estádios para que os times das Séries A e B do Brasileirão tivessem que mandar seus jogos.

Os apresentadores do programa, que não vou citar qual era, defendiam que deveria haver sim uma padronização definida pela CBF e, aqueles que não se enquadrassem, teriam que mandar seus jogos em outros estádios, possivelmente até fora de sua cidade ou estado.

Talvez mal acostumados que estamos com o tal padrão FIFA para os estádios que sediarão a Copa do Mundo de 2014, e pelas reais péssimas condições de jogo ontem em Curitiba, o debate possa voltar a surgir em outros programas esportivos e vire, de uma hora para outra, mais um daqueles temas que todos podem opinar.

maracana02_depoisCom a vinda da Copa do Mundo para o país vimos algumas arenas modernas serem erguidas, ou pela reforma de antigos estádios, ou pela simples construção de um novo espaço. Assim, os doze estádios da Copa passaram, e estão passando, de sonho para realidade de termos um local mais digno para assistirmos ao nosso bom e velho futebol.

Além das doze sedes mais quatro estádios, ainda que em cidades-sede, entraram (ou entrarão) no rol de arenas modernas e confortáveis que citei acima. São eles a Arena do Grêmio, em Porto Alegre, o Allianz Parque, do Palmeiras, o Independência em Belo Horizonte e o Engenhão, no Rio.

Mas, como sabe bem o leitor desse blog, esses 16 novos palcos para o nosso futebol não representam, talvez, nem 10% dos estádios brasileiros. Se formos contar apenas com os 20 participantes da Série A desse ano, os 16 estádios seriam, na verdade e quando prontos, apenas 45% dos estádios, visto a ausência do Palmeiras e de times de Brasília, Cuiabá, Manaus e Maceió na primeira divisão.

Ou seja, a representatividade dessas novas arenas, mesmo que no mais importante campeonato do país, ainda é muito pequena.

E, considerando que a representatividade dessas novas arenas ainda é baixa, qual deveria ser o tal padrão CBF para os estádios nacionais? O que deveria ser aceito como padrão de qualidade Série A, Série B ou Série C pela entidade que “organiza” o Futebol em Terras Brasilis? O que se pode aceitar, e o que não se pode, em padrão de qualidade nos nossos estádios?

Falar que todos deveriam seguir o padrão FIFA é bem bonitinho, mas extremamente utópico.  Só nós sabemos quanto tempo demorou para que um estádio com o mínimo de conforto fosse erguido em nosso país, e quanto de dinheiro público não está sendo necessário para levantar os doze estádios que sediarão a Copa.

Você pode dizer: “Ah, mas os estádios mais antigos que temos atualmente na Série A (Pacaembú, Morumbi, Vila Belmiro, Couto Pereira, São Januário, Barradão, Eriberto Hulse e Serra Dourada) podem servir de padrão para a Série A”.

Sim, podem.

Padrão, mas não de qualidade.

Estádios sem banheiro, sem assento marcado, sem estacionamento, sem camarotes, sem local para refeição, com dificuldade de acesso (para entrar ou sair) podem ser padrão, mas não de qualidade. Isso sem contar na infraestrutura para os profissionais envolvidos, como vestiários amplos e confortáveis, sala de imprensa, drenagem do gramado, a tal da zona mista para entrevista a jogadores sem ter que jornalista acessar o campo, entre outros.

Quando falamos em estabelecer um padrão, seja para estádios, seja para o que for, devemos pensar que todos os envolvidos no processo devem dispor de condições de, se não imediatamente, alcançar este padrão no curto ou médio prazo. Além disso, estabelecer um padrão significa dizer que algo terá uma qualidade que agrade, ou que pelo menos não desagrade, aos que utilizam do serviço/produto.

Seria muito bom se conseguíssemos estabelecer um padrão para os nossos estádios, ao menos para os 50 principais palcos do futebol no país. Mas isso, se um dia acontecer, não será do dia para a noite, de uma hora para outra. Será um trabalho que envolverá um investimento muito grande dos proprietários dos estádios (clubes ou prefeituras) para alcançar e manter esse padrão.

Até para colocar em prática a estapafúrdia ideia de fazer com que a CBF arque com esses investimentos soa como loucura, uma vez que a entidade teria que distribuir recursos para todos os clubes, o que já mostra a inviabilidade dessa ideia.

Apesar dos percalços no jogo de ontem, temos que ter em mente que para a realidade do futebol no país mudar é necessário  mudar a realidade do país, dos investimentos no esporte em geral e isso leva muito, mas muito mais tempo.

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