Quem mais sofre com isso

Posted: 03/09/2013 in Uncategorized
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O goleiro Rogério Ceni, no jogo contra o Botafogo: desabafo coerente, crítico e com toda razão (Foto Dhavid Normando / Agência Estado)

O goleiro Rogério Ceni, no jogo contra o Botafogo: desabafo coerente, crítico e com toda razão (Foto Dhavid Normando / Agência Estado)

Ao final do jogo do último domingo, entre São Paulo e Botafogo, o goleiro Tricolor Rogério Ceni deu uma declaração muito interessante, criticando a absurda semana que o São Paulo, e mais alguns times, terão pela frente.

O São Paulo, por exemplo, fará quatro jogos em oito dias, praticamente jogando dia sim, dia não. Botafogo domingo, Náutico hoje, Criciúma quinta e Coritiba no próximo domingo. No meio disso tudo viagens de SP para o Rio, do Rio para Recife, de Recife para SP e daí para Curitiba.

Lógico que essa condição foi criada pela própria diretoria São Paulina, que também foi alvo das críticas do capitão Tricolor, quando mandou o time para a Europa realizar amistosos, além do sempre apertado calendário brasileiro, que conta com o início lá pelo dia 20 de janeiro e só para no começo de dezembro.

A situação acabou atingindo outros clubes também, como o Náutico, que jogou no último sábado, jogará hoje, quinta e domingo.

Mais times também se envolveram nessa confusão, por conta da malfadada viagem do Santos à Barcelona, e do adiamento de um jogo do Atlético Mineiro, quando da disputa da final da Libertadores.

Tudo isso acabou resultando nesse absurdo que veremos essa semana.

Os maiores prejudicados são, sem dúvida alguma, os atletas dos times envolvidos, que irão sim sofrer o desgaste desses jogos. Se você é daqueles que acham que o cara tem sim que jogar, afinal ganha bem para isso e blá, blá, blá, sinto muito, mas eu irei discordar completamente de você.

Muitos de nós, meros mortais, sempre falamos: “o quê? Se eu ganhasse X mil reais comeria grama!! Jogaria todo dia. O cara ganha uma puta grana pra fazer o que gosta”. Acontece que a coisa não é bem assim.

Primeiro porquê estamos falando de esporte de alto rendimento, que exige muito mais da musculatura e do preparo físico do atleta, do que aquele bom e velho futebol de final de semana que você joga de vez em quando exige de você.

Segundo porquê até num mundo cheio de cifrões, onde se faz o que gosta, há o estresse, o desgaste natural do ser humano com aquela atividade (que pode até passar a não ser mais tão prazerosa por conta das cobranças nela envolvidas), principalmente no futebol onde a cobrança vem de todo lado, inclusive numa mesa de um restaurante.

E, por fim, porquê os jogadores dependem, para exercerem sua atividade, de uma máquina extremamente complexa, maravilhosa, mas também muito, muito limitada, chamada corpo humano. Veja, por um exemplo, nas transmissões de jogos pela TV, quando um jogador é substituído, que aparece quantos quilômetros ele correu. Geralmente você vê lá 6, 8 e até 10km, em menos de uma hora e meia, com movimentos tão diversos que atingem todo o corpo do atleta.

Bem, eu não sou fisiologista e como médico sou um excelente administrador, porém acredito ser praticamente impossível ficar sujeito à maratona que alguns atletas serão expostos, sem que haja uma contusão, um desgaste além do normal. Piora no caso do São Paulo, por exemplo, que está lutando para sair da ZR e que se não conseguir os resultados sabe que a cobrança será maior, e maior, e maior e maior.

Nessa semana, e também na próxima, estaremos vendo o Futebol em Terras Brasilis ser conduzido novamente à década de 90, onde esse tipo de situação era muito comum.

A coisa fica pior ainda para os atletas quando percebemos que nem os dirigentes dos próprios clubes, nem das federações, nem da CBF, quanto menos a Globo (maior interessada em transmitir jogos), menos ainda os patrocinadores irão sair em sua defesa, tentando evitar esse tipo de situação. Seria pífio falar sobre a possibilidade do sindicato fazer esse papel, pois todos sabem que esse, exatamente esse sindicato não tem força alguma no Brasil.

Atletas como o próprio Rogério Ceni, o zagueiro Paulo André do Corinthians, ex-jogadores como o lateral Júnior, do Flamengo, o meia Raí, ex-São Paulo, e tantos outros que, além de muito talentosos com a bola nos pés, pensam o futebol brasileiro de maneira diferenciada, deveriam sim criar uma associação para esse fim, ou até mesmo participar do sindicato dos atletas com mais pró-atividade, a fim de melhorar não só as condições para as grandes estrelas dos nossos campos, mas para todos aqueles que praticam o Futebol em Terras Brasilis.

Pois estes sim, são aqueles que mais sofrem com essa absurda desorganização.

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