Torcedora Vascaína lamenta a queda para a Série B em 2008. Lamentará novamente?

Torcedora Vascaína lamenta a queda para a Série B em 2008. Lamentará novamente?

Como era esperado, a 37ª rodada do Campeonato Brasileiro foi agitada mesmo apenas na parte debaixo da tabela.

Com os resultados ocorridos nessa rodada, pudemos ter três confirmações.

A primeira, ocorrida no sábado mesmo, e a mais previsível delas, foi a queda da Ponte Preta para a Série B do Brasileirão em 2014. Notícia essa já esperada há algumas rodadas, mas confirmada matematicamente apenas nessa.

A terceira confirmação em ordem cronológica, ocorrida ontem à noite, foi a classificação do Grêmio para a Libertadores de 2014. O Tricolor Imortal venceu o Goiás, outro candidato a uma vaga, e soma agora 64 pontos e não pode mais ser alcançado pelo quarto colocado, o próprio Esmeraldino. Goiás e Botafogo que, por sinal, vão torcer muito contra a Ponte Preta na final da Sul-Americana, pois se o título vier para o time campineiro, a quarta vaga para a Libertadores no Brasileirão vai direto para a Macaca.

A segunda confirmação, e tema desse post, é a de que em 2014, assim como em 2013, a Série B vai contar com, ao menos, um time grande do país.

Ou Fluminense, ou Vasco da Gama, ou os dois, vão para lá.

O que se tornou recorrente depois que os organizadores do nosso futebol acabaram com aquelas palhaçadas de virada de mesas, decidindo no tapetão o que seus times não tiveram competência para decidir em campo.

De 2002 pra cá, Palmeiras (2002 e 2012), Botafogo (2002), Grêmio (2004), Atlético Mineiro (2005), Corinthians (2007) e Vasco da Gama (2008) foram rebaixados e jogaram a Série B no ano seguinte, assim como manda a boa ética esportiva. Também como manda a boa ética, esses times voltaram para a Série A no campo, sem viradas de mesa ou auxílios exclusos das arbitragens por aí.

Antes disso, tivemos casos marcantes de virada de mesa no Futebol em Terras Brasilis, ambos envolvendo dois grandes Tricolores na década de 90, quando Grêmio e Fluminense foram rebaixados à divisão inferior e não a jogaram. O caso do Flu foi até mais marcante, pois depois de ser “salvo” pela cartolagem em 96, jogou a Série A e foi novamente rebaixado em 97, tendo chegado à Série C em 99.

Mas, por quê exatamente os times grandes brasileiros recorrentemente estão às voltas com a Série B?

Bem, além da clara falta de organização, péssimas administrações e nível de decisões sempre muito mais passionais do que racionais, isso sem falar numa completa inexistência de planejamento dos clubes (e quando eu digo planejamento, não falo do planejamento de uma temporada, mas sim no longo prazo), outros dois ingredientes muito específicos do nosso campeonato colaboram com essa situação.

Ah, e se você acha que eu sou aquele tipo de blogueiro que escreve sobre a situação de um clube apenas quando ele está por baixo, clique aqui e veja o que eu escrevi quando o Fluminense foi campeão brasileiro no ano passado.

O primeiro fator que leva esses times que pouco se preparam a serem rebaixados é que o campeonato brasileiro é, entre os principais campeonatos do mundo, aquele que conta com um maior número de times considerados grandes na sua disputa. Podemos ter, por exemplo, em um ano 12 grandes equipes que entram em campo em nível de igualdade. Isso não ocorre no campeonato espanhol,no italiano, no inglês e no alemão (só para citar os principais campeonatos Europeus).

Nesses campeonatos, podemos verificar um grande abismo entre dois ou três competidores em relação aos demais. Na Espanha, amplo domínio de Real e Barça. Na Itália, Juve, Milan e Inter tem grande domínio, inclusive no número de títulos conquistados. A situação se repete na Inglaterra, que apesar de atrair investidores (caso de Chelsea, Manchester City e Thottenham mais recentemente) os times que mais concentram títulos são Manchester United, Liverpool e Arsenal.

Talvez, o que mais se pareça nesse quesito com o nosso campeonato, é o campeonato argentino. Boca, Vélez, Independiente, River e Estudiantes formam um grupo mais homogêneo em relação aos demais competidores.

Mas, aí entra um outro fator crucial e que eu também coloco como grande responsável pela queda dos nossos times grandes: a regra para o rebaixamento.

Notícia do Flu rebaixado em 1997, de O Globo. Os Tricolores estão próximos a lerem essa  notícia novamente.

Notícia do Flu rebaixado em 1997, de O Globo. Os Tricolores estão próximos a lerem essa notícia novamente.

Se na argentina os quatro rebaixados são definidos pela média de pontos dos últimos três torneios (e lembre-se, lá cada turno é um torneio diferente), e se nas principais ligas Europeias o número máximo de rebaixados é de 3 equipes, aqui no Brasileirão o rebaixamento é um pouco mais cruel.

Tendo 4 times rebaixados de forma direta à segunda divisão, sem a média de pontos que pode salvar as grandes equipes como no argentino, o Brasileirão é, entre os principais campeonatos do mundo, aquele que mais dificilmente se escapa do rebaixamento.

Juntando esses dois fatores, o número de equipes de mesmo porte e a formato de rebaixamento, aliado ao péssimo trabalho feito por alguns dos principais clubes do país, fica claro porque que sempre teremos, se não houverem mais viradas de mesa, times grandes visitando a Série B.

E, por favor, não entendam esse post como uma crítica ao formato estabelecido em 2003. Não, não é isso.

É que, mesmo diante dessas duas dificuldades naturais existentes no Brasileirão, os dirigentes insistem em trabalhar de maneira a ignorar essa sempre gigantesca possibilidade.

Vejam, por exemplo, o caso do São Paulo nesse ano. Tudo foi feito exatamente para que o Tricolor paulista tivesse o mesmo destino dos demais clubes já citados mas que, por sorte, ou por um fator exclusivo às quatro linhas, o time se recuperou a tempo e evitou a queda.

E aí é que vem a pergunta: até quando os grandes clubes brasileiros vão ficar dependendo de sorte para não serem rebaixados?

Comente esse post: