Imagem arranhada

Torcedores Portugueses chorando o rebaixamento da Lusa na 39a rodada do Brasileirão.

Não vou entrar no detalhe jurídico da decisão do STJD sobre a perda de pontos da Portuguesa, e sua conseqüente queda para a Série B. A decisão foi unânime e, o mínimo que devemos acreditar, é que as pessoas que a tomaram o fizeram apenas de forma técnica, sem querer favorecer A em detrimento de B (leia-se favorecer Fluminense em detrimento da Portuguesa).

O que me parece, e o que parece a muitos cronistas pelo o que eu li, é que a decisão foi pesada demais para o “crime” cometido pelo time do Canindé. Pode ser.

Talvez, se o erro fosse na 5a rodada do campeonato e os pontos subtraídos cinco dias depois, não estaríamos aqui discutindo o mérito, se o Fluminense foi ou não o maior beneficiado e se houve ou não a famosa virada de mesa.

Virada de mesa que, é sempre bom lembrar, é um termo que perdeu um pouco do seu uso original. Usamos essa expressão quando um campeonato tinha seu regulamento alterado em favor de time A ou B, como por exemplo o próprio Fluminense fora favorecido no campeonato Brasileiro de 1998, que teve seu regulamento alterado para evitar que o Tricolor disputasse a segunda divisão. O que não é esse caso.

Sendo ou não virada de mesa, sendo ou não uma puta sacanagem, sendo ou não uma forma de não termos dois grandes na Série B em 2014, o que pouca gente tem falado é o quanto esse fato todo está arranhando a imagem do Futebol em Terras Brasilis.

Bem como o quanto esse fato está colaborando para arranhar mais ainda a imagem do Fluminense.

O que piora quando lemos que o time carioca enviou representante para o julgamento e que sua torcida compareceu à porta do STJD para acompanhar e torcer pelo resultado final. Se o Flu não tem nada a ver com o julgamento, ao menos não diretamente, por quê tinha um representante seu lá?

E isso, repito, não quer dizer que o time das Laranjeiras tenha alguma coisa a ver com o fato. Como já escrevi num post anterior, não vi nenhum dirigente do Fluminense impondo que a Lusa escalasse e colocasse em campo o jogador Héverton.

Mas, que o Brasileirão 2014 terá sua imagem arranhada para sempre, isso terá. E bem no ano da Copa do Mundo no Brasil, né?

O que, se levado ao extremo, pode até afastar patrocinadores, investidores e dinheiro do nosso futebol. E isso era tudo o que o nosso futebol não precisava mais.

Os grandes clubes brasileiros, que tanto falavam em prosperidade no final da década passada, e vem sofrendo para fechar acordos de patrocínio de camisa, de nome de estádio, não percebem que esse tipo de situação só colabora para que empresas sérias não queiram envolver seu nome nesse tipo de coisa?

E os atletas do Bom Senso FC, que querem um futebol melhor para todos, também não vão se pronunciar à respeito? Isso é um futebol brasileiro melhor para todos?

Tenho cá minhas dúvidas.

Aconteça o que acontecer, principalmente no dia 27/12 em que os recursos serão julgados, essa situação já entrou para a história do nosso futebol. 2013 ficará para sempre lembrado como o campeonato com uma ou duas rodadas no STJD, assim como ficou o de 2005 (chamado até hoje de Zveitão), o de 2000, que trouxe o Flu da Série B direto para a Série A (isso sim é virada de mesa) e tantos outros.

E, da mesma forma, o Flu ficará marcado mais uma vez por ter o seu nome no meio de uma situação dessa.

São as imagens que teremos para sempre.

Para sempre arranhadas.