Arquivo de Dezembro, 2013

A Macaca vai com tudo para cima do Lanús, no primeiro jogo da final da Sul-Americana.

A Macaca vai com tudo para cima do Lanús, no primeiro jogo da final da Sul-Americana.

A Ponte Preta entra em campo nessa noite, no estádio do Pacaembu, para fazer história dentro da sua mais que centenária história.

Além de fazer história dentro da sua própria história, a Macaca tem a chance de fazer história no Futebol em Terras Brasilis.

Fazer história dentro da sua própria história significa excluir de vez a estigma de ser reconhecida apenas pelo vice no campeonato paulista de 1977, quando o Corinthians sagrou-se campeão depois de 23 anos de fila, num jogo que marcou até hoje também a história Pontepretana.

Fazer história dentro da sua própria história significa poder participar, pela primeira vez, da Taça Libertadores de América, o campeonato mais importante do nosso continente.

Fazer história dentro da sua própria história significa poder se equiparar, em conquistas, ao seu maior rival, campeão do Brasileiro de 1978.

E, se tudo isso se refere apenas à história da Ponte, como ela poderia fazer história para o Futebol em Terras Brasilis?

Simples.

Se a Ponte Preta conquistar a Taça Sul-Americana, ela será o primeiro time do interior do país a conquistar um título continental.

Igualará, novamente, um feito que o seu arquirrival conseguiu ao ser o primeiro campeão “caipira” do Brasileirão.

Além disso, a Ponte pode se tornar o primeiro clube que não faz parte do G12 (os doze principais clubes do Brasil) a ser campeão de uma copa continental. Ou, se você preferir, o primeiro time “não grande” a ser campeão de uma copa continental.

Você pode até não achar isso um grande feito, mas é.

Pra você ter uma ideia do grau de importância desse fato, até hoje, em se tratando das copas oficiais que a Conmebol já organizou, apenas quatro clubes brasileiros fora desse G12 já disputaram alguma final.

Em 1999 o CSA, de Alagoas, chegou à final da Copa Conmebol, e a perdeu para Talleres, da Argentina. Na época, a Copa Conmebol havia sido relegada ao último degrau de desejos dos clubes sul-americanos, tanto que o CSA só participou depois que Vitória, Bahia e Sport recusaram a vaga.

Essa Copa, falida que estava, teve nesse ano a sua última edição.

Em 2002 o São Caetano surpreendeu o Futebol em Terras Brasilis ao chegar à final da Libertadores da América, que acabou perdendo para o Olímpia, do Paraguai, nos pênaltis naquela que pode ser considerada uma das piores derrotas que o futebol brasileiro sofreu em campo.

Depois de ter vencido o primeiro jogo em Assunção por 2×1, e virar o primeiro tempo do jogo de volta, no Pacaembu, vencendo por 1×0, o time do então técnico Jair Picerne acabou cedendo a virada para os paraguaios, e a derrota veio nos pênaltis.

Eu e meu amigo Leonardo estávamos lá no Pacaembu naquela noite.

Em 2005 outro time de fora do G12 repetiu o fato do Azulão, chegando à final da Libertadores da América. Dessa vez o feito foi do Atlético Paranaense, que não teve muita sorte ao enfrentar o São Paulo, na primeira final brasileira da competição.

0x0 no primeiro jogo no Rio Grande do Sul, e um estrondoso 4×0 para o Tricolor no Morumbi deram o terceiro título ao Tricolor e deixou os Atleticanos com um gostinho amargo na boca.

Por fim, em 2010 o Goiás chegou à final da Sul-Americana, tal como a Ponte fez nesse ano, mas acabou perdendo o título para o Independiente da Argentina, também nos pênaltis (como o Azulão fizera na Libertadores).

Agora é a vez da Ponte tentar quebrar essa escrita e entrar de vez para a história do Futebol em Terras Brasilis.

Jogadores do Santa Cruz, com a taça de campeão Brasileiro da Série C.

Jogadores do Santa Cruz, com a taça de campeão Brasileiro da Série C.

Um fato desse final de semana que não foi ignorado por esse blogueiro, mas que infelizmente não tive condições de escrever sobre, foi a conquista da Série C pelo Santa Cruz-PE.

Certamente, apesar de infelizmente, também não pude ver o jogo. Estava na estrada, voltando de um almoço na casa de um parente no interior de São Paulo, mas assim que pude quis saber quem, e como, havia ganhado o último título nacional de 2013.

Confesso que o resultado não me surpreendeu. Apesar de não ter acompanhado a disputa da Série C, imaginei que, ao decidir no Arruda, dificilmente o Santinha deixaria escapar esse título.

Se lembrarmos que o primeiro jogo havia terminado 0x0, no Maranhão, a probabilidade do título não ficar no Recife era menor ainda.

Estádio lotado, torcida e times confiantes e a festa já armada eram sinais de que pela primeira vez nesse século um time pernambucano seria campeão brasileiro.

Depois da última e mais horripilante virada de mesa que tivemos no Futebol em Terras Brasilis, chamada Copa João Havellange (e por quê deveria ter outro nome, né?), o torcedor brasileiro vem se acostumando a ver o seu principal campeonato ser disputado de maneira limpa, ao menos no que se refere ao cumprimento dos regulamentos.

De lá pra cá, já tivemos 13 campeonatos brasileiros nas Séries A, B e C, e cinco campeonatos na Série D (um total de 44 campeonatos).

Dessas 44 disputas o estado de São Paulo se firmou como o principal estado do nosso futebol, tendo conquistado 16 títulos do campeonato brasileiro (sendo 7 na Série A, 4 na B e 5 na C), o que dá mais de um título do nacional por ano. No segundo lugar desse mini-ranking vem o estado de Minas Gerais, com 5 conquistas (2 na Série A, e 1 em cada uma das outras divisões).

Veja na tabela abaixo todos os campeões brasileiros, de todas as divisões, de 2001 pra cá:

Todos os campeões das 4 divisões do Campeonato Brasileiro, de 2001 pra cá.

Todos os campeões das 4 divisões do Campeonato Brasileiro, de 2001 pra cá.

É lógico que se ampliarmos a pesquisa desde 1971 pra cá, teremos muitos outros clubes e estados que terão conquistado um título do campeonato brasileiro. Porém, de 1971 até 2000 a bagunça era tanta, com vários anos em que a Série B nem foi disputada, por exemplo, que nem vale a pesquisa (quanto menos a postagem).

E isso nem é o mais importante agora. O mais importante é que o Santinha vem, aos poucos, exorcizando todos os demônios dos últimos anos, tendo conquistado o tricampeonato estadual (2011, 12 e 13) e, agora, um título nacional.

Esse é o Santinha que todo torcedor Cobra Coral quer!

Parabéns ao Santa Cruz, aos seus jogadores, comissão técnica e, como não poderia deixar de ser, aos seus inúmeros torcedores espalhados pelo país.

Torcedora Vascaína lamenta a queda para a Série B em 2008. Lamentará novamente?

Torcedora Vascaína lamenta a queda para a Série B em 2008. Lamentará novamente?

Como era esperado, a 37ª rodada do Campeonato Brasileiro foi agitada mesmo apenas na parte debaixo da tabela.

Com os resultados ocorridos nessa rodada, pudemos ter três confirmações.

A primeira, ocorrida no sábado mesmo, e a mais previsível delas, foi a queda da Ponte Preta para a Série B do Brasileirão em 2014. Notícia essa já esperada há algumas rodadas, mas confirmada matematicamente apenas nessa.

A terceira confirmação em ordem cronológica, ocorrida ontem à noite, foi a classificação do Grêmio para a Libertadores de 2014. O Tricolor Imortal venceu o Goiás, outro candidato a uma vaga, e soma agora 64 pontos e não pode mais ser alcançado pelo quarto colocado, o próprio Esmeraldino. Goiás e Botafogo que, por sinal, vão torcer muito contra a Ponte Preta na final da Sul-Americana, pois se o título vier para o time campineiro, a quarta vaga para a Libertadores no Brasileirão vai direto para a Macaca.

A segunda confirmação, e tema desse post, é a de que em 2014, assim como em 2013, a Série B vai contar com, ao menos, um time grande do país.

Ou Fluminense, ou Vasco da Gama, ou os dois, vão para lá.

O que se tornou recorrente depois que os organizadores do nosso futebol acabaram com aquelas palhaçadas de virada de mesas, decidindo no tapetão o que seus times não tiveram competência para decidir em campo.

De 2002 pra cá, Palmeiras (2002 e 2012), Botafogo (2002), Grêmio (2004), Atlético Mineiro (2005), Corinthians (2007) e Vasco da Gama (2008) foram rebaixados e jogaram a Série B no ano seguinte, assim como manda a boa ética esportiva. Também como manda a boa ética, esses times voltaram para a Série A no campo, sem viradas de mesa ou auxílios exclusos das arbitragens por aí.

Antes disso, tivemos casos marcantes de virada de mesa no Futebol em Terras Brasilis, ambos envolvendo dois grandes Tricolores na década de 90, quando Grêmio e Fluminense foram rebaixados à divisão inferior e não a jogaram. O caso do Flu foi até mais marcante, pois depois de ser “salvo” pela cartolagem em 96, jogou a Série A e foi novamente rebaixado em 97, tendo chegado à Série C em 99.

Mas, por quê exatamente os times grandes brasileiros recorrentemente estão às voltas com a Série B?

Bem, além da clara falta de organização, péssimas administrações e nível de decisões sempre muito mais passionais do que racionais, isso sem falar numa completa inexistência de planejamento dos clubes (e quando eu digo planejamento, não falo do planejamento de uma temporada, mas sim no longo prazo), outros dois ingredientes muito específicos do nosso campeonato colaboram com essa situação.

Ah, e se você acha que eu sou aquele tipo de blogueiro que escreve sobre a situação de um clube apenas quando ele está por baixo, clique aqui e veja o que eu escrevi quando o Fluminense foi campeão brasileiro no ano passado.

O primeiro fator que leva esses times que pouco se preparam a serem rebaixados é que o campeonato brasileiro é, entre os principais campeonatos do mundo, aquele que conta com um maior número de times considerados grandes na sua disputa. Podemos ter, por exemplo, em um ano 12 grandes equipes que entram em campo em nível de igualdade. Isso não ocorre no campeonato espanhol,no italiano, no inglês e no alemão (só para citar os principais campeonatos Europeus).

Nesses campeonatos, podemos verificar um grande abismo entre dois ou três competidores em relação aos demais. Na Espanha, amplo domínio de Real e Barça. Na Itália, Juve, Milan e Inter tem grande domínio, inclusive no número de títulos conquistados. A situação se repete na Inglaterra, que apesar de atrair investidores (caso de Chelsea, Manchester City e Thottenham mais recentemente) os times que mais concentram títulos são Manchester United, Liverpool e Arsenal.

Talvez, o que mais se pareça nesse quesito com o nosso campeonato, é o campeonato argentino. Boca, Vélez, Independiente, River e Estudiantes formam um grupo mais homogêneo em relação aos demais competidores.

Mas, aí entra um outro fator crucial e que eu também coloco como grande responsável pela queda dos nossos times grandes: a regra para o rebaixamento.

Notícia do Flu rebaixado em 1997, de O Globo. Os Tricolores estão próximos a lerem essa  notícia novamente.

Notícia do Flu rebaixado em 1997, de O Globo. Os Tricolores estão próximos a lerem essa notícia novamente.

Se na argentina os quatro rebaixados são definidos pela média de pontos dos últimos três torneios (e lembre-se, lá cada turno é um torneio diferente), e se nas principais ligas Europeias o número máximo de rebaixados é de 3 equipes, aqui no Brasileirão o rebaixamento é um pouco mais cruel.

Tendo 4 times rebaixados de forma direta à segunda divisão, sem a média de pontos que pode salvar as grandes equipes como no argentino, o Brasileirão é, entre os principais campeonatos do mundo, aquele que mais dificilmente se escapa do rebaixamento.

Juntando esses dois fatores, o número de equipes de mesmo porte e a formato de rebaixamento, aliado ao péssimo trabalho feito por alguns dos principais clubes do país, fica claro porque que sempre teremos, se não houverem mais viradas de mesa, times grandes visitando a Série B.

E, por favor, não entendam esse post como uma crítica ao formato estabelecido em 2003. Não, não é isso.

É que, mesmo diante dessas duas dificuldades naturais existentes no Brasileirão, os dirigentes insistem em trabalhar de maneira a ignorar essa sempre gigantesca possibilidade.

Vejam, por exemplo, o caso do São Paulo nesse ano. Tudo foi feito exatamente para que o Tricolor paulista tivesse o mesmo destino dos demais clubes já citados mas que, por sorte, ou por um fator exclusivo às quatro linhas, o time se recuperou a tempo e evitou a queda.

E aí é que vem a pergunta: até quando os grandes clubes brasileiros vão ficar dependendo de sorte para não serem rebaixados?