Rivais e inimigos

Posted: 29/04/2014 in Uncategorized
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Apesar de rivais os dois clubes não devem se tratar como inimigos.

Apesar de rivais os dois clubes não devem se tratar como inimigos.

Talvez o que eu escreva aqui nesse post possa parecer, para muitos, algo utópico e sem a menor chance de acontecer.

Confesso que até para mim, que acredito piamente nisso, esse post parece bastante utópico.

Principalmente ao ler e ver as notícias da recente briga entre São Paulo e Palmeiras pela contratação do medíocre atacante Alan Kardec, que não é para o futebol nem 1% do que foi o original para o Espiritismo, onde os presidentes dos clubes se prestaram ao papel de irem à imprensa trocar acusações e, pior, ofensas.

Nesse ponto, os dois presidentes dos dois clubes não agem apenas como rivais, mas também como inimigos.

“Vou tirar um profissional excelente do meu inimigo para enfraquecê-lo”.

“Vou acusar meu inimigo para que todos conheçam seu modus operandi“.

Esse é tipo de coisa que eu imagino que os presidentes pensam, ou pensaram, durante todo esse episódio. Mal sabem eles que a única coisa que estão enfraquecendo é o nosso futebol, o único modus operandi que estão expondo é o seu próprio.

Não quero aqui defender A ou B, nem cair no “lugar comum” de dizer que esse tipo de ação incita a violência, porque não é bem esse o intuito do post (e até porque a violência só é incitada em quem está inclinado a ela).

Mas o intuito é de mostrar que esse tipo de situação realmente não contribui em nada para o fortalecimento do nosso futebol.

Achar que o inimigo é o seu clube rival é de uma tolice tão grande que, ao longo dos anos, só tem afastado mais o público consumidor dos estádios, dos times.

Apesar de pouco conhecer, nesse caso sou fã do modelo norte-americano de gestão esportiva. Veja se existe esse tipo de situação na NBA, ou na MLS, por exemplo.

Não.

Lá, os clubes não definem suas contratações e acredito que isso ocorra exatamente para evitar esse tipo de situação, além, é claro, de evitar o fortalecimento de uns em detrimento aos outros.

Tudo bem que lá o modelo já nasceu assim, diferente daqui, que teríamos que tentar construir algo parecido partindo de um modelo pre-existente.

Pensando o futebol como um negócio, como uma indústria, coisa que o é, é tolice achar que quem torce, acompanha e consome o São Paulo, por exemplo, pode, de um dia para o outro, torcer, acompanhar ou consumir o Palmeiras.

Mas não é tolice pensar que esse mesmo cara que consome o São Paulo pode um dia desviar seus olhos, e seu dinheiro, para o teatro, o cinema, ou seja, qualquer outra forma de lazer.

Porque, para o torcedor comum, aquele que não vive do futebol, o esporte nada mais é do que isso: uma opção de lazer.

E se você acha que esse tido torcedor comum é minoria, sinto lhe informar que você está redondamente enganado.

Mesmo que eu nunca tenha visto uma pesquisa sobre o comportamento das torcidas, como postei certa vez (clique aqui), tenho certeza de que o número de potenciais consumidores do nosso futebol (caras que torcem para um time, mas não o acompanham de perto) ainda é bem maior do que o número de torcedores que realmente consumam algo dos times.

E enquanto os presidentes dos clubes, de todos e não apenas dos envolvidos nesse caso, ficarem brigando por migalhas (não que o tal Alan Kardec seja uma migalha, mas também não é um pão inteiro) é bem difícil que ações sejam desenvolvidas para atrair esse tipo de consumidor.

O tempo que estão dispensando nessa mesquinharia sem fim poderia ser aproveitado para pensarem o Futebol em Terras Brasilis no longo prazo, em ações que fortaleçam não só seus clubes, mas o nosso futebol hoje e também para daqui 10, 15, 30 anos.

Pensarem em como tornar o modelo arcaico que temos hoje em algo comercialmente atrativo e, principalmente, lucrativo.

Não pensarem em como tirar um “Alan Kardec” do rival, mas sim em como segurarem os futuros Neymar, Ronaldo, Kaka, e tantos outros que saem do país a cada janela de transferências, esses sim jogadores que justificam brigas, mas não entre os nossos clubes e sim com os clubes Europeus.

Porque enquanto nos dignificarmos a brigar apenas por Alan Kardec, vamos ter que nos contentar por brigar apenas por Alan Kardec, e nada mais.

Comentários
  1. addyholder diz:

    Um pouco de mistica como tempéro….

    O ódio são paulino pelo Palmeiras é, como disse o Nobre, desde a década de 40… pelos fatos historicos que todos conhecemos. Eu, que nunca fui supersticioso nem nunca acreidtei em mandinga em futebol, estou quase mudando de opinião, pois um time como era o Palmeiras, da década de 70 pra trás, gigante… SOBERANO!!! passou realmente a se apequenar com filas, fiascos, eliminações e escassez de titulos importantes de uns tempos para cá e, o Sao Paulo tomou o lugar do Palmeiras nesse periodo, em numero de conquistas e torcida……

    Eu que pensava que essa crise eterna alvi-verde fosse até fruto de alguma macumba corintiana, começo a pensar agora que tudo isso seja fruto de um poderoso OLHO GORDO tricolor…..

    Eles sempre cobiçaram o Palestra Itália, ja fugiram de campo magoados, cobiçaram titulos e jogadores…. sempre quiseram ser o PALMEIRAS…

    eis o meu ponto de vista místico em relação a isso tudo.

    Pode paraecer ridiculo, mas é algo que muita gente vai parar pra analisar, ao menos .. rs

    abraços

    • E o que seria do futebol sem a crendice, não é mesmo?

      Muito obrigado pelo seu comentário, certamente ele vem a enriquecer o meu post.

      Agora, saber de onde em esse ódio é mais difícil do que descobrir quem nasceu primeiro: o ovo ou a galinha.

      Abraços.

      • addyholder diz:

        É verdade….. postei aos olhos e coração de um palmeirense. De repente, os são paulinos tem uma opinião bem diferente… certamente. Mas que o que citei procede, procede rssrs

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