robbenDepois de uma primeira fase completamente excepcional, não apenas pelo número de gols, mas muito mais pela qualidade e intensidade dos jogos que vimos, as oitavas de final terminaram e, curiosamente, prestaram um excelente serviço à Copa do Mundo de 2014.

De uma maneira muito mais, digamos, realista, as oitavas de final foram disputadas entre sábado e terça passados e serviram para classificar as oito seleções que haviam terminado a primeira fase na liderança de seus grupos.

Os oito times que entrarão em campo à partir da próxima sexta-feira são, exatamente, os oito que terminaram em primeiro lugar na primeira fase.

E é a primeira vez que isso acontece na história das Copas.

Desde a edição de 1986, no México, quando a Copa do Mundo passou a ser disputada em sistema eliminatório à partir da sua segunda fase, é a primeira vez que todos os líderes de grupos se classificam para a disputa das quartas de final.

A Copa que havia chegado mais próximo disso foi exatamente a última, na África do Sul, quando apenas Gana, que havia se classificado em segundo lugar no seu grupo, chegou entre os oito primeiros.

neymarJá a que ficou mais longe dessa marca foi a primeira Copa disputada nesse modelo, a do México em 1986, quando nada menos que 5 seleções, entre as oito classificadas, haviam ficado em segundo ou em terceiro lugares no seus grupos. Ainda bem que, ao menos, a campeã daquela Copa foi uma seleção que terminou a primeira fase na liderança do grupo, a Argentina de Maradona.

Aqui vale a ressalva de explicar que até 1994 a Copa era disputada por 24 seleções, divididas em 6 grupos, onde os primeiros e segundos colocados dos grupos se classificavam para as oitavas, junto com os 4 melhores terceiros colocados, para totalizar 16 equipes na segunda fase.

Então, como se percebe que é óbvio, de 1986 até 1994 não poderíamos ter uma fase de quartas de final formada apenas por seleções que houvessem se classificado em primeiro no grupo da primeira fase, como tivemos nessa edição do Mundial.

Mas, voltando à edição desse ano, outra característica também chama bastante a atenção entre esses oito classificados para as quartas: com a exceção de Brasil (que não disputou) e de França, que se classificou na repescagem europeia, porque esteve no grupo da até então favorita Espanha, todas as demais 6 seleções tiveram ótimo desempenho nas eliminatórias também.

Argentina e Colômbia foram, respectivamente, primeira e segunda colocadas nas eliminatórias da América do Sul.

Alemanha, Holanda e Bélgica terminaram na liderança de seus grupos na eliminatória da Europa, classificando-se diretamente para a Copa sem precisar da repescagem (como a França).

E a Costa Rica terminou a eliminatória da América do Norte e Central na segunda colocação, ficando atrás apenas dos Estados Unidos, que foram eliminados nas oitavas de final apenas na prorrogação.

messiDos oito apenas quatro vão passar para disputar, esses sim, a Copa do Mundo completa (7 jogos).

Vamos, então, já que o tempo é curto, a uma breve análise dos oito classificados.

Breve mesmo.

A ordem está de acordo com a ordem dos jogos.

Alemanha x França:

Alemanha: chegou como uma das grandes favoritas e logo no seu primeiro jogo fez por merecer esse rótulo. De lá pra cá, vem mostrando um futebol instável e sofrendo demais para vencer jogos que, teoricamente, seriam fáceis (vide Argélia nas oitavas). Se quiser passar vai ter que enfrentar a França como fez com Portugal e tem time para isso.

França: surpreendeu a muitos, inclusive a mim. Principalmente depois que o principal nome da equipe, Ribéry, foi cortado por uma lesão nas costas. Apesar de não estar com 100% de aproveitamento, tem um dos melhores ataques da competição. Pode surpreender, mas se parar por aqui muitos franceses ficarão orgulhosos dos L’Blues.

james hernandezBrasil x Colômbia:

Brasil: precisa apagar a Síndrome de Barbosa dos seus jogadores, principalmente do capitão Thiago Silva. O peso que o goleiro da Seleção de 50 carrega até hoje está assustando os meninos da família Scolari, e isso tem que ser trabalhado mais do que os planos táticos do treinador. Continua favorito, mas apenas porque terá a maioria da torcida no estádio. Em casa quase ninguém ganha do Brasil.

Colômbia: técnica e taticamente é favorita no confronto. É dona do segundo melhor ataque da competição e tem o artilheiro isolado, autor do mais belo gol da Copa até aqui. Da mesma forma que a França, vem surpreendendo principalmente por não contar com o seu principal astro, Falcão Garcia, cortado por lesão. Se não sentir o peso de disputar pela primeira vez as quartas, pode sim transformar o Castelão de 2014 no Maracanã de 1950.

Argentina x Bélgica:

Argentina: quem tem Messi, aparentemente, tem tudo. A seleção argentina não vem fazendo uma Copa brilhante, não impôs goleadas aos adversários mais fracos (como Bósnia ou Irã) e sofreu uma barbaridade para eliminar a Suíça (o equivalente ao Chile da Europa) sem ir para os pênaltis. Mas o melhor jogador do mundo vem resolvendo em lances isolados, coisa que o craque realmente faz, e pode resolver novamente.

Bélgica: apesar de ter chegado ao que era considerado por muitos especialistas, o seu objetivo, a seleção belga não empolgou ninguém até agora. Mas tem condições, ao menos teoricamente, de jogar água no chope argentino e transformar toda a festa hermana até aqui em mais um triste e doloroso tango. Mas, cá pra nós, entre Hazard+10 e Messi+10, com quem você ficaria?

Costa Rica x Holanda:

Costa Rica: quem, em sã consciência, falaria exatamente depois de tudo o que essa seleção já fez, que agora podemos considera-la uma zebra? Eu não arrisco isso, embora também não aposte um centavo sequer em sua classificação. Mas, lembremos que do tal grupo da morte, onde tínhamos 7 títulos mundiais em jogo, essa zebra foi a que chegou mais longe até aqui. Que eles já entraram para a história dos mundiais isso ninguém duvida. Devemos, então, duvidar de mais alguma coisa?

Holanda: a melhor seleção da Copa até agora é, certamente, a dona do melhor ataque da competição. Manteve os 100% de aproveitamento depois de uma virada incrível sobre o empolgado time do México, nos últimos minutos de jogo, mesmo tendo jogado pior do que os norte americanos na primeira etapa. Vem forte, como grande favorita, contra a modesta Costa Rica, e nela sim eu apostaria meu rico dinheirinho (não só pela classificação, mas como também pela quebra do estigma de vice).

Como o amigo leitor que acompanha o blog pôde perceber, quando eu tentei prever o que teríamos de confronto nessa fase de quartas de final (leia aqui), não fiz nenhuma previsão que tenha realmente acontecido.

Então, faça um favor a você mesmo, se for apostar em algum bolão não tome como parâmetro essas minhas análises.

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