Rei dos empates

Posted: 09/09/2014 in Uncategorized
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Domingo à tarde, antes de começar o clássico entre Brasil e Argentina pelo Mundial de Basquete vi o primeiro tempo do jogo entre Criciúma e Corinthians, pela 19ª rodada do Brasileirão.

O jogo, como você já deve saber, terminou em 0 a 0 e, depois do início do jogo de basquete, só colocava no jogo do Timão nos intervalos da partida de basquete.

Foi aquele típico 0x0 chato, com poucas emoções nos momentos que eu vi e que já tem se tornado comum nos jogos das 16 horas que a rede Globo transmite.

Inclusive vi muita gente reclamando nos grupos de futebol que eu participo do Facebook que a Globo poderia passar o clássico do Maracanã, entre Fluminense e Cruzeiro, ao invés desse joguinho feio que foi entre Criciúma e Corinthians. A maioria deles, lógico, de fora de São Paulo e não torcedores de nenhum dos quatro clubes envolvidos.

E enquanto rolava mais esse empate Corinthiano fiquei pensando em escrever no blog, pois tenho a sensação de que o número de jogos que o Corinthians tem empatado nos últimos anos tem sido muito maior do que era antigamente.

Basta lembrar que o Corinthians já é o time que tem mais empate nessa edição do Brasileirão, com 9 empates em 19 jogos, e foi o que mais empatou no ano passado, quando o time foi apelidado de empaTite numa referência clara ao ex-treinador Corinthiano, e quando o Timão igualou o recorde de empates no atual modelo do Brasileirão (turno e returno com 38 rodadas), finalizando o campeonato com 17 empates nos 38 jogos.

E aí eu fui pesquisar para ver se esse meu sentimento era, realmente, verdadeiro.

E não é que era?

Para efeito de comparação e até porque pelo meu entendimento a gestão do futebol do Corinthians mudou à partir desse momento, eu separei o desempenho Corinthiano antes e pós queda para segunda divisão do Brasileirão, quando o ex-ditador Alberto Dualib deixou a presidência do clube e o Corinthians passou a ser mais, digamos, bem administrado.

Esse “bem administrado” envolve uma questão muito peculiar. De 2008 pra cá o Timão teve apenas três técnicos diferentes.

Mano Menezes comandou o Timão entre os anos de 2008 e 2010, quando foi substituído por Adílson Batista, que durou pouco menos de três meses no cargo (se eu não me engano). Para o lugar dele veio o técnico Tite, que comandou o Timão do final de 2010 até dezembro do ano passado para ser substituído por, novamente, Mano Menezes.

Ou seja, o Corinthians mantém desde 2008 uma linha de atuação no comando técnico do time.

Que é muito bem amparada por uma grande coerência na maioria das contratações de jogadores que o Corinthians fez desde então, conseguindo por muitas vezes substituir um jogador conhecido e “estrela” por outro que chega quase que desconhecido, mas que com o tempo se mostra em tão alto nível com aquele que saiu.

Esse efeito ocorre, principalmente, no sistema defensivo Corinthiano.

Certo ou não, vamos aos fatos.

Pelo Brasileirão, e desconsiderando a Série B de 2008 pelo óbvio motivo que os adversários eram bem mais fracos, o Corinthians jogou 210 jogos entre 2003 e 2007 e disputou 209 jogos de 2009 até domingo.

Um número quase que idêntico de partidas.

No primeiro período, antes do rebaixamento, o time conquistou um título do nacional, em 2005, e teve a péssima campanha que culminou com o descenso em 2007.

No segundo período, pós retorno, o Corinthians também conquistou um título e teve como sua pior campanha a 10ª colocação nos campeonatos de 2009 e 2013.

Veja na imagem abaixo o aproveitamento do Timão nos dois períodos:

Desempenho do Corinthians nas onze edições do Brasileirão disputadas de 2003 até hoje.

Desempenho do Corinthians nas onze edições do Brasileirão disputadas de 2003 até hoje.

O número de vitórias conquistadas aumentou de 84 para 88 e o número de derrotas caiu de 69 para 54. Detalhe que o número de empates também aumentou, e consideravelmente.

Se no primeiro período analisado o Timão teve 57 empates, no segundo esse número subiu 17,5% e foi para 67 empates.

É lógico que não podemos observar apenas o lado ruim da estatística. No mesmo período o aproveitamento de pontos do Corinthians no Brasileirão saltou de 49,37% para 52,79%.

Para que o leitor tenha um dado comparativo, o time que acumula o melhor aproveitamento de pontos no Brasileirão da era dos pontos corridos (desde 2003) é o São Paulo, que conquistou 56,82% dos pontos. O aproveitamento da equipe Corinthiana nesse segundo período analisado, de 52,79% dos pontos, deixaria o Timão como o terceiro melhor nesse quesito, ficando atrás do próprio São Paulo e do Cruzeiro, que tem, desde 2003, um aproveitamento de 54,05% dos pontos disputados.

Acontece que tanto São Paulo, quanto Cruzeiro, possuem um percentual de empate em relação ao número de jogos bem menor do que o Corinthiano.

Enquanto o Corinthians, no período de 2009 a 2014, empatou 32% dos seus jogos, o São Paulo tem um percentual de 25% de empates e o Cruzeiro, pasme, tem apenas 19,7% de empates.

Isso no Brasileirão apenas.

Se você comparar o desempenho Corinthiano em todas as competições disputadas nesses dois períodos, verá que o número sobe um pouco mais.

Veja na imagem abaixo:

E aqui a análise de todas as competições disputadas no período.

E aqui a análise de todas as competições disputadas no período.

Enquanto que entre 2003 e 2007 o Timão empatou 84 jogos, de 2008 pra cá esse número saltou para 128, um aumento de 52,4%.

Relativamente o número é bem parecido daqueles do Brasileirão e com um aumento também significativo. O Corinthians empatou pouco mais de 30% dos jogos oficiais disputados entre 2008 e 2014, sendo que no período anterior esse percentual era de 25%.

Ou seja, a cada três jogos do Corinthians ao menos um já sabemos qual vai ser o resultado.

É certo, também, que temos que reconhecer que o número de derrotas caiu drasticamente. E que nesse período o Timão talvez tenha vivido suas maiores conquistas.

Outro ponto que deve ser analisado é que quando se envolve competições no formato Copa o empate não é um resultado ruim, como muitas vezes é no Campeonato Brasileiro.

Foi assim que o Timão conquistou de forma invicta sua única Libertadores da América, com 8 vitórias e 6 empates nos 14 jogos.

Nesse ponto empatar foi fundamental.

Mas, talvez o que emputeça os torcedores Corinthianos muitas as vezes não é o resultado em si, mas sim a forma como ele é conquistado.

Se o time empata um jogo em que tenha demonstrado raça, que buscou a vitória a todo momento e não conseguiu, é uma coisa. Agora, empatar porque acha o resultado bom, porque os jogadores se acomodam em campo ou porque o técnico faz alterações equivocadas na equipe é outra coisa.

Aí é de dar raiva.

E de mudar o canal da televisão antes que dê sono.

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