Sagrado

Posted: 11/11/2014 in Uncategorized
Etiquetas:, ,
Dinamite: de ídolo sagrado à dirigente questionado.

Dinamite: de ídolo sagrado à dirigente questionado.

Certa vez, ouvindo a um desses programas esportivos do rádio, um dos comentaristas afirmava que ídolo que é ídolo, nunca deveria voltar ao clube que o colocou nessa situação.

Segundo esse comentarista, que eu não me recordo quem era e nem sobre qual ídolo ele se referia no momento, ídolo é sagrado e, como tal, corria um enorme risco de, ao voltar, perder essa condição.

Na época isso me fez pensar sobre essa afirmação e confesso que acabei concordando com ela.

Em partes aquele comentarista tinha sua razão.

Isso já faz algum tempo e hoje podemos testemunhar que sim, aquele esquecido comentarista tinha razão.

Porque hoje o Clube de Regatas Vasco da Gama está elegendo de forma indireta o seu presidente, que assumirá o posto a partir de 1º de dezembro, no lugar de Carlos Roberto de Oliveira, popularmente conhecido como Roberto Dinamite.

Dinamite foi, quando jogador, o maior ídolo da torcida Cruzmaltina.

Era ele que fazia o contraponto com Zico, no Flamengo, no final da década de 70 e em toda a década de 80.

Dinamite foi o cara dos 5 gols no meu Corinthians, inesquecíveis para a torcida do Gigante da Colina, entre outros tantos feitos que só mesmo o excelente Juca Kfouri em sua coluna de ontem poderia relatar com tanta exatidão.

Para quem viveu essa época, como disse muito bem o esquecido (por mim) cronista, Dinamite era sagrado.

Era.

Porque quem viveu os últimos 6 anos viu nele um péssimo gestor. Alguém que conseguiu a proeza de levar o Vasco à segunda divisão, ou Série B se você preferir, por duas vezes em um curto espaço de tempo.

Nem os notórios dirigentes Palmeirenses não conseguiram tal fato, em tão pouco tempo.

É claro que não podemos esquecer da brilhante temporada que o Vasco teve em 2011, quando foi campeão da Copa do Brasil e vice-campeão do Brasileirão daquele ano, disputando o título até a última rodada.

Mas como não é a primeira impressão a que fica, mas sim a última, Dinamite será lembrado muito mais pela segunda queda, pelos erros de gestão, do que por apenas essa boa temporada que o time teve.

Além disso, Roberto Dinamite deixa o cargo sem nem ao menos conseguir indicar um sucessor, tamanha a aversão que os Vascaínos pegaram à sua gestão.

Nenhum dos três candidatos no pleito de hoje é considerado um candidato da situação.

Nenhum.

E o que é pior: quem está prestes a ser eleito é o nefasto Eurico Miranda, responsável direto pela primeira queda Vascaína, e grande inimigo político de Dinamite no Vasco.

É.

O sagrado já não é mais tão sagrado assim.

E como agravante desse caso, quem foi que disse que um bom jogador de futebol será, necessariamente, um bom dirigente? Onde está escrito, por exemplo, que um bom professor é um bom diretor de escola? Quem garante que um bom médico seja um bom dono de hospital?

São cargos diferentes, que exigem preparos diferentes.

Além do caso de Dinamite, existem outros em que aquele que era considerado sagrado saiu com sua imagem arranhada após retornar ao clube que o consagrou (seja para ocupar o mesmo cargo, seja para outra função).

Exemplos disso não faltam.

Um foi a recente passagem do técnico Felipão pelo Palmeiras, que culminou no segundo rebaixamento do Alviverde, mesmo tendo a conquista da Copa do Brasil.

Outro foi a atuação do Zico como dirigente do Flamengo, quando o Galinho trabalho com a ex-presidente do clube da Gávea, Patrícia Amorim, e onde teve muito mais decepções do que alegrias no cargo.

Pra fechar, esse dentro de campo e mais antigo um pouco, foi quando o meia Marcelinho Carioca retornou ao Corinthians da MSI, por conta de uma briga na justiça, e teve a sua pior passagem pelo Timão.

É lógico que para toda regra há exceção, mas invariavelmente o reatar de um namoro é menos saboroso do que o primeiro namoro que se teve.

Coincidentemente no sábado eu estava conversando com dois amigos São Paulinos e um deles ficou admirado quando eu disse que não gostaria mais de Tite no Corinthians.

“Como não? Ele não é seu ídolo?” questionou-me um desses amigos.

Talvez eu não o tenha respondido com essas palavras, mas acho que é exatamente porquê Tite é tão meu ídolo, que eu não o quero mais no meu Corinthians.

Seria muito decepcionante se ele perdesse a áurea que conquistou.

É bom não mexer naquilo que é Sagrado.

Comente esse post: