Posts Tagged ‘Calendário’

calendario-bolaSe tem um assunto que é recorrente no Futebol em Terras Brasilis, esse assunto é o calendário.

Vira e mexe alguém se pronuncia com relação ao nosso calendário, à quantidade de jogos, ao formato do campeonatos e etc.

Talvez porque ainda não tenhamos encontrado o ponto certo entre o que os clubes e federações podem oferecer e aquilo que torcedores, críticos e imprensa realmente desejam.

Isso sem falar nos patrocinadores e detentores dos direitos de transmissão, no caso a Rede Globo, como escrevi recentemente.

O tema caiu muito mais no debate daqueles que acompanham o esporte bretão após o surgimento do Bom Senso FC e, principalmente, após a acachapante derrota de nossa Seleção na Copa do Mundo.

Que precisamos nos organizar melhor, isso é fato.

Mas, qual seria, na opinião desse blog, a melhor forma para fazermos isso? Qual o formato que entendemos ser o ideal, que permita aos nossos clubes maiores um número não tão excessivo de jogos e, contrariamente a isso, aos clubes menores um número tão pequeno de jogos?

Como fazer com que times importantes do país, que hoje são considerados apenas coadjuvantes (casos de Portuguesa, Guarani, Bahia, Atlético Paranaense, Paysandu, Ceará, Vitória, Coritiba, Remo, entre outros), possam voltar a ter chances de serem protagonistas?

Primeiramente esse blog acredita que devemos quebrar esse maldito paradigma que campeonato bom é nos moldes dos Europeus, com 18 ou 20 clubes na primeira divisão e o restante se fudendo lá embaixo.

Nosso país, sozinho, tem quase a mesma extensão territorial da Europa inteira. Nenhum país europeu tem 10 ou 12 clubes considerados grandes, com chances de ser campeões nacionais no início da temporada, como temos aqui. E nenhum país Europeu tem, ou deve ter (porque eu realmente não sei o número com exatidão) tantos clubes profissionais de futebol como temos por aqui.

Portanto, pra mim, essa história de Série A, B e C com 20 clubes cada uma só trará um efeito certo: a elitização do nosso futebol, restringindo a disputa aos grandes centros e, com o tempo, as conquistas a meia dúzia de clubes que tiverem a capacidade de se organizar melhor, ou que receberem mais investimentos de patrocinadores e detentores dos direitos de transmissão.

Quebrando-se esse paradigma, deveríamos partir para uma customização do modelo norte-americano, que eu vejo como melhor opção para o nosso país.

E como seria essa customização?

Eu já postei essa ideia aqui, há um bom tempo, mas vou reescrever de maneira resumida, para não tomar muito o tempo do leitor.

A primeira divisão do campeonato brasileiro seria dividida em 5 regiões, a saber: Sul-Minas; Rio-São Paulo; Central (com times da região Centro-oeste mais do Espírito Santo); Nordeste; e Norte.

As Regiões Sul-Minas, Rio-São Paulo e Nordeste contariam com 16 clubes, enquanto que as regiões Centro e Norte com 14 clubes.

As Regiões com 16 clubes teriam a disputa em pontos corridos, perfazendo um total de 30 rodadas (turno e returno), enquanto que as Regiões com 14 clubes poderiam, após uma primeira fase de turno e returno (26 jogos), fazer uma disputa de semi-final e final para completar os 30 jogos.

Após a fase Regional, os 16 melhores clubes disputariam a fase nacional, em fases eliminatórias com dois jogos (oitavas, quartas e semifinais) e com final em jogo único. Poderiam se classificar para essa fase nacional os 4 melhores das regiões com 16 equipes e os dois primeiros das regiões com 2 equipes.

As vagas para Libertadores e Sul-Americanas poderia ser definidas de acordo com o título da Região (Sul-Americana) e a classificação final da fase Nacional (4 primeiros, como é hoje). Caso uma mesma equipe seja campeã de sua Região e fique entre os quatro primeiros colocados da fase Nacional, essa equipe ficaria com a vaga para a Libertadores e passaria a vaga da Sul-Americana para o seguinte na classificação de sua Região.

Os dois últimos de cada Região seriam rebaixados para a segunda divisão, com caráter estadual.

Essa segunda divisão das Regiões seria disputada de maneira semelhante à primeira, porém com os clubes disputando a primeira fase dentro dos estados, em formato a definir por cada federação, e indo para uma seletiva final dentro da região. Por exemplo, na região Sul-Minas, os times disputariam primeiro a fase estadual (Gaúcho, Catarinense, Paranaense e Mineiro) e os melhores de cada estado iriam para a fase Regional, com disputas eliminatórias até se definir os dois finalistas e, consequentemente, que subiriam para a primeira divisão.

Essa segunda divisão teria que seguir o mesmo número de jogos para os clubes dentro da primeira fase (30 jogos, por exemplo), sendo que a segunda fase teria, obrigatoriamente, 7 jogos nas quatro fases eliminatórias (oitavas, quartas e semi com dois jogos e um jogo final).

Para os estados que tenham um número maior de clubes, como São Paulo, por exemplo, haveria a segunda, a terceira e até a quarta divisões estaduais, exatamente como há hoje.

Em paralelo à disputa desse campeonato a Copa do Brasil poderia continuar ocorrendo, até contemplando um número maior de equipes, mas podendo utilizar a classificação do ano anterior desse modelo do Brasileirão para determinar em que fase cada equipe entra, mais ou menos como ocorre hoje com as equipes que jogam a Libertadores que entram na Copa do Brasil apenas nas oitavas de final.

Necessariamente eu não vejo a necessidade de equipararmos nosso calendário ao europeu (com início em agosto e término em maio), apesar de saber que esse modelo privilegia as disputas de Seleções, que geralmente ocorrem entre os meses de junho e julho.

Mas também entendo que o nosso verão é demasiadamente desgastante para a prática de competições esportivas, principalmente nas regiões mais quentes do país, o que pode acabar por prejudicar o espetáculo.

Embora saibamos, também, que nossa realidade não é tão diferente atualmente, com os estaduais começando cada vez mais próximos da virada de ano, independente do calor que faça.

De qualquer forma, acredito que independente da data de início e fim, independente do regulamento que se faça, se quisermos um campeonato nacional que tenha o poder de fortalecer nossos clubes, em todas as regiões do país, temos que abandonar esse modelo exclusivista europeu para, a partir das nossas características como país, encontrar o modelo que melhor se adequará à nossa realidade.

Com esse tipo de proposta, dificilmente o grupo conseguirá a mudança desejada!

Com esse tipo de proposta, dificilmente o grupo conseguirá a mudança desejada!

Vi hoje, na página do Bom Senso FC no Facebook, que finalmente o grupo de atletas irá apresentar para a detentora dos direitos de imagem (TV Globo)  alguma proposta sobre a principal reivindicação do grupo, a mudança no calendário.

Conforme eu escrevi aqui há alguns dias, era exatamente isso que estava faltando ao grupo de atletas: alguma proposta!

Não sei se influenciados pelos meus comentários, ou não (acredite, eu postei na página deles as minhas opiniões e sei que eles, ou os responsáveis pela página, leram), mas desde ontem vem rolando uma proposta do grupo para redução dos estaduais e ampliação das séries C e D do Brasileirão.

Pela proposta do Bom Senso, todos os estaduais deveriam ser disputados em formato parecido com a Copa do Mundo de Seleções, com 32 equipes divididas em oito grupos de 4 cada, e sete datas para se conhecer o campeão. Para evitar que os clubes menores tenham apenas esse compromisso no ano, as séries C e D seriam ampliadas no número de participantes, a fim de abrigar e deixar em atividades os mais de 500 clubes de futebol profissional durante o restante do ano.

Essa proposta visa diminuir o número de jogos dos grandes clubes do Futebol em Terras Brasilis, passando de 83 para 72 o número máximo de jogos que uma equipe daqui pode fazer dentro de uma temporada.

Ok.

Querem saber a minha opinião, se é que ela é importante?

Péssima ideia!

Confesso que fiquei desanimado com o que eu li.

Principalmente por três motivos:

  1. Como preencher as 32 vagas de estados que não possuem esse número de equipes profissionais de futebol (e, acredite, são muitos)?
  2. E para os casos dos estados com mais de 32 clubes profissionais, o que seria feito com os demais times?
  3. Como tornar atrativa para todos os interessados as duas divisões de acesso com tantos clubes disputando?

Para o primeiro motivo, a ideia (também bem péssima) do Bom Senso é preencher as vagas restantes com times amadores(?!?), o que deixa a proposta muito, mas muito longe de ser exequível. Nenhuma federação estadual, nem a televisão e nem os patrocinadores vão ter interesse em realizar, transmitir ou patrocinar um campeonato assim.

Para o segundo motivo, provavelmente podemos imaginar que a ideia seria fazer as demais divisões do estadual com a mesma fórmula, respeitando o limite de 7 datas.

Já para o terceiro motivo ainda não li nada que o grupo tenha pensado a respeito, mas também duvido da eficácia da ideia, tanto para organizadores, detentores do direito de transmissão e patrocinadores.

Fato é que dificilmente uma ideia dessa vai emplacar, mas que dificilmente, também, o grupo conseguiria alguma coisa se não sugerir nada, protestando apenas pelo fato de protestar.

E aí fica a pergunta: qual é, então, a diferença enter não sugerir nada e sugerir isso?

O goleiro Rogério Ceni, no jogo contra o Botafogo: desabafo coerente, crítico e com toda razão (Foto Dhavid Normando / Agência Estado)

O goleiro Rogério Ceni, no jogo contra o Botafogo: desabafo coerente, crítico e com toda razão (Foto Dhavid Normando / Agência Estado)

Ao final do jogo do último domingo, entre São Paulo e Botafogo, o goleiro Tricolor Rogério Ceni deu uma declaração muito interessante, criticando a absurda semana que o São Paulo, e mais alguns times, terão pela frente.

O São Paulo, por exemplo, fará quatro jogos em oito dias, praticamente jogando dia sim, dia não. Botafogo domingo, Náutico hoje, Criciúma quinta e Coritiba no próximo domingo. No meio disso tudo viagens de SP para o Rio, do Rio para Recife, de Recife para SP e daí para Curitiba.

Lógico que essa condição foi criada pela própria diretoria São Paulina, que também foi alvo das críticas do capitão Tricolor, quando mandou o time para a Europa realizar amistosos, além do sempre apertado calendário brasileiro, que conta com o início lá pelo dia 20 de janeiro e só para no começo de dezembro.

A situação acabou atingindo outros clubes também, como o Náutico, que jogou no último sábado, jogará hoje, quinta e domingo.

Mais times também se envolveram nessa confusão, por conta da malfadada viagem do Santos à Barcelona, e do adiamento de um jogo do Atlético Mineiro, quando da disputa da final da Libertadores.

Tudo isso acabou resultando nesse absurdo que veremos essa semana.

Os maiores prejudicados são, sem dúvida alguma, os atletas dos times envolvidos, que irão sim sofrer o desgaste desses jogos. Se você é daqueles que acham que o cara tem sim que jogar, afinal ganha bem para isso e blá, blá, blá, sinto muito, mas eu irei discordar completamente de você.

Muitos de nós, meros mortais, sempre falamos: “o quê? Se eu ganhasse X mil reais comeria grama!! Jogaria todo dia. O cara ganha uma puta grana pra fazer o que gosta”. Acontece que a coisa não é bem assim.

Primeiro porquê estamos falando de esporte de alto rendimento, que exige muito mais da musculatura e do preparo físico do atleta, do que aquele bom e velho futebol de final de semana que você joga de vez em quando exige de você.

Segundo porquê até num mundo cheio de cifrões, onde se faz o que gosta, há o estresse, o desgaste natural do ser humano com aquela atividade (que pode até passar a não ser mais tão prazerosa por conta das cobranças nela envolvidas), principalmente no futebol onde a cobrança vem de todo lado, inclusive numa mesa de um restaurante.

E, por fim, porquê os jogadores dependem, para exercerem sua atividade, de uma máquina extremamente complexa, maravilhosa, mas também muito, muito limitada, chamada corpo humano. Veja, por um exemplo, nas transmissões de jogos pela TV, quando um jogador é substituído, que aparece quantos quilômetros ele correu. Geralmente você vê lá 6, 8 e até 10km, em menos de uma hora e meia, com movimentos tão diversos que atingem todo o corpo do atleta.

Bem, eu não sou fisiologista e como médico sou um excelente administrador, porém acredito ser praticamente impossível ficar sujeito à maratona que alguns atletas serão expostos, sem que haja uma contusão, um desgaste além do normal. Piora no caso do São Paulo, por exemplo, que está lutando para sair da ZR e que se não conseguir os resultados sabe que a cobrança será maior, e maior, e maior e maior.

Nessa semana, e também na próxima, estaremos vendo o Futebol em Terras Brasilis ser conduzido novamente à década de 90, onde esse tipo de situação era muito comum.

A coisa fica pior ainda para os atletas quando percebemos que nem os dirigentes dos próprios clubes, nem das federações, nem da CBF, quanto menos a Globo (maior interessada em transmitir jogos), menos ainda os patrocinadores irão sair em sua defesa, tentando evitar esse tipo de situação. Seria pífio falar sobre a possibilidade do sindicato fazer esse papel, pois todos sabem que esse, exatamente esse sindicato não tem força alguma no Brasil.

Atletas como o próprio Rogério Ceni, o zagueiro Paulo André do Corinthians, ex-jogadores como o lateral Júnior, do Flamengo, o meia Raí, ex-São Paulo, e tantos outros que, além de muito talentosos com a bola nos pés, pensam o futebol brasileiro de maneira diferenciada, deveriam sim criar uma associação para esse fim, ou até mesmo participar do sindicato dos atletas com mais pró-atividade, a fim de melhorar não só as condições para as grandes estrelas dos nossos campos, mas para todos aqueles que praticam o Futebol em Terras Brasilis.

Pois estes sim, são aqueles que mais sofrem com essa absurda desorganização.