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Seleção Brasileira continua a ignorar sua própria terra durante a preparação para a Copa América 2015.
A Seleção se ajeitando para posar antes do confronto contra o Chile, pela Global Tour.

A Seleção se ajeitando para posar antes do confronto contra o Chile, pela Global Tour, em Londres.

Desde 2013, e até 2022, a Seleção Brasileira terá todos os seus jogos amistosos sendo organizados por uma empresa inglesa, a Pitch International. Esse contrato, assinado ainda à época de Ricardo Teixeira na presidência da CBF, prevê um número próximo a 70 jogos amistosos durante essa década (jogos oficiais não entram nessa conta).

Como o próprio nome sugere, a ideia dos organizadores dos amistosos é fazer com que a única seleção cinco vezes campeã mundial possa desfilar seu talento pelos mais variados países do mundo, utopicamente imaginando que a nossa Seleção seja algo como os Harlem Globetrotters, coisa que não o é.

Ainda mais após a semifinal da Copa do Mundo de 2014, quando fomos duramente humilhados pelo futebol alemão, esse sim, atualmente, digno de uma “global tour”.

Mas, diferente do que ocorre com a Seleção Canarinho, a federação alemã é quem organiza os amistosos de sua seleção e os faz, em grande parte das vezes, em seus domínios.

Só como efeito comparativo, desde o final da copa vencida pelos alemães, no ano passado, a seleção alemã fez três amistosos, contra Argentina, Espanha e Austrália.

O único jogado fora do seu território foi contra a Espanha e, pasme, o jogo foi em solo espanhol.

Ou seja, não existe essa de “Global Tour” para a atual campeã mundial e dona do melhor futebol jogado no planeta.

Já a Seleção Brasileira, desde a derrota por 3×0 para a Holanda, que finalizou agonizantemente a nossa participação na Copa, já fez 8 jogos amistosos, sendo que absolutamente nenhum dentro dos nossos modernos estádios construídos para a Copa.

A diferença no número de amistosos se explica pela participação alemã nas eliminatórias da Eurocopa, que ocorrerá no ano que vem.

Mas fato é que, após o trágico final da Copa para o futebol brasileiro, seria interessante mesmo fazer alguns amistosos fora de casa, pra deixar a poeira baixar e fazer com que a torcida, ressentida que estava, voltasse a se interessar pela Seleção paulatinamente.

Mas oito jogos já se foram, com oito boas vitórias do time do técnico Dunga, e em nenhum a Seleção esteve aqui em sua terra.

Jogamos em Miami contra a Colômbia, em Nova Jersei contra o Equador, em Pequim contra a Argentina, em Singapura contra o Japão, em Istambul contra a Turquia (primeiro jogo em campo “não-neutro”), em Viena contra a Áustria (também em campo “não-neutro”), em Paris contra a França (o terceiro em campo “não-neutro”) e, ontem, em Londres contra o Chile.

Pô, não dava pra trazer uns dois ou três jogos desses aqui pro Brasil? Será que uma Turquia, uma Áustria ou até mesmo o Chile não aceitariam jogar aqui?

Qual é a dificuldade, nessa Global Tour, de se incluir o país de origem da Seleção Brasileira em seus locais visitados?

Já foi assim antes da Copa do Mundo e será assim até 2022?

Os dois próximos amistosos, na preparação do time para a Copa América, serão jogados aqui no Brasil. O primeiro contra o México, no Allianz Parque (que eu pretendo ir), e o segundo contra Honduras, ainda sem estádio definido.

Mas, mesmo assim, é muito pouco.

Por sorte, pelo o que eu li no blog do jornalista Almir Leite no Estadão.com (leia aqui), a CBF está revendo esse contrato exatamente por essa questão.

O já eleito futuro presidente da CBF, Marco Polo del Nero, quer que ao menos metade dos amistosos da Seleção sejam jogados aqui no Brasil.

O que esse blog apóia incondicionalmente.

E espera, o quanto antes, que a Seleção volte a atuar em nossos, agora modernos, estádios.

Um dos assuntos que mais chamou a atenção na mídia esportiva brasileira dessa semana foi a decisão do Superior Tribunal de Justiça no embate jurídico entre Sport Club do Recife e Clube de Regatas do Flamengo sobre quem é, ou não, o campeão brasileiro de 1987.

Na decisão, o STJ confirmou decisões judiciais anteriores e manteve o clube pernambucano como o Campeão Brasileiro de 1987. Para quem não sabe o STJ é a última instância jurídica no país. Acima dele temos apenas o Superior Tribunal Federal que, por definição, é a última instância para julgar matérias constitucionais, o que não é o caso em voga.

Então, concluímos que legalmente o campeão brasileiro de 1987 é o Sport Club Recife, certo?

Sim, legalmente sim.

E, se legalmente o Sport é o campeão brasileiro, por quê o Blog FTB considera o Flamengo como campeão daquele ano na composição de pontos do Ranking?

Porque aí, caros amigos leitores, temos que recorrer à história desse campeonato para entender como ele foi criado, disputado e finalizado. E, se você tiver um pouquinho de tempo e paciência, convido-o a ler esse breve resumo que o blogueiro aqui preparou para você.

Vamos lá?

Por que surgiu a Copa União?

Bem, para responder essa pergunta temos que voltar um pouco mais no tempo, mais precisamente no ano de 1986, quando o Campeonato Brasileiro daquele ano foi a maior síntese do que era a bagunça na organização e gestão do nosso campeonato. Entre todas as confusões, foram determinantes para esse caso um julgamento de dopping no jogo entre Joinville e Sergipe, que terminou empatado, mas que o time catarinense conseguiu os pontos no tribunal.

A partir daí, para a formação da primeira divisão do ano seguinte, que seria composta por 28 clubes divididos em dois módulos (verde e amarelo) começou a sofrer uma série de brigas judiciais porque o Botafogo-RJ não estaria classificado entre essas 28 equipes, e teria que jogar a segunda divisão em 1987 e o Vasco da Gama não se classificaria para a fase final de 1986 caso esses pontos fossem mantidos para o Joinville.

E, quando falamos de Vasco da Gama, principalmente naquela época, falamos de Eurico Miranda.

Além disso, é bom frisar o contexto histórico que nosso país vivia naquela época. Estávamos entrando no processo de redemocratização, com uma economia extremamente frágil, inflação nas alturas e uma assembléia constituinte que tomava grande parte das atenções nacionais.

No meio disso tudo a sempre bem administrada CBF anuncia, dois meses antes do início do Brasileirão de 1987, que não teria condições financeiras para realizar o campeonato daquele ano. A CBF estava quebrada!

Foi aí que Carlos Miguel Aidar, presidente do São Paulo, e Márcio Braga, presidente do Flamengo, se uniram aos demais 11 principais clubes do país (Palmeiras, Santos, Corinthians, Grêmio, Internacional, Atlético Mineiro, Cruzeiro, Vasco da Gama, Botafogo, Fluminense e Bahia) para organizar o Campeonato Brasileiro de 1987 e, consequentemente, fundaram o Clube dos 13.

Para que o campeonato acontecesse, o C13 convidou mais três clubes (Santa Cruz, Goiás e Coritiba) e correu atrás de patrocínios para a realização do certame. Com o apoio da Varig, da Rede Globo e da rede de hotéis Othon, a Copa União sairia do papel e seria realizada.

Pronto, estava dada a chance que a CBF queria para se apropriar daquilo que ela não teve competência para fazer.

Álbum de figurinhas da Copa União. Até nisso o C13 foi mais competente do que a CBF.

Álbum de figurinhas da Copa União. Até nisso o C13 foi mais competente do que a CBF.

E como foi a disputa?

Entre o anúncio da formação da Copa União e o início de sua disputa tivemos dias de muitas disputas judiciais, bate-bocas e uma centena de outras cenas impressionantes que só uma gestão eficiente, lucrativa e organizada pode fazer por você (ou pelo futebol). Fato é que, após o anúncio do Clube dos 13, a CBF quis voltar atrás na sua decisão de organizar o brasileirão, pois via que era sim possível fazê-lo, mas os presidentes dos clubes não aceitaram essa mudança de postura.

Enquanto o C13 organizava seu campeonato, a CBF tentava correr atrás juridicamente para tomá-lo para si. Fez que fez que conseguiu organizar aquilo que seria chamado de Módulo Amarelo, de forma idêntica ao formato de disputa da Copa União, contando porém com a desistência de participação do América-RJ.

A Copa União, ou o denominado Módulo Verde pela CBF, foi disputada em quatro fases, sendo as duas iniciais com os 16 times divididos em duas chaves e jogando contra os times da outra chave na primeira fase e contra os times da própria chave na segunda fase.

O vencedor de cada fase em cada grupo estaria classificado para as semifinais (terceira fase), que foram Atlético Mineiro (campeão do grupo A na primeira fase), Internacional (campeão do grupo B na primeira fase), Flamengo (2o colocado no grupo A na segunda fase – o Atlético Mineiro havia conquistado a primeira colocação novamente desse grupo) e Cruzeiro (campeão do grupo B na segunda fase).

Nas semifinais o Rubro-negro eliminou o Galo, enquanto que o Colorado tirava da disputa do Cruzeiro.

Acontece que, logo após o início da disputa da Copa União, a CBF divulgou o regulamento do Campeonato Brasileiro de 1987.

Isso mesmo que você leu, a CBF divulgou o regulamento APÓS o início da Copa União (após a segunda rodada). A essa altura, o tal Módulo Amarelo ainda nem havia sido iniciado, esperando obviamente que a CBF anunciasse seu regulamento.

No regulamento inicial, à pedido do Clube dos 13, haveria o cruzamento entre os dois primeiros colocados de cada Módulo (Verde e Amarelo) apenas para a definição dos representantes brasileiros na Libertadores 1988, e não para a definição de seu campeão. Porém, a CBF cagou para o que queriam os 13 maiores clubes do país e, em seu malfadado regulamento, colocou o cruzamento entre os dois primeiros colocados de cada Módulo como definição do título de campeão brasileiro.

E esse cruzamento só ocorreria em janeiro de 1988.

As finais:

Enquanto Flamengo e Internacional duelavam na final da Copa União, Sport e Guarani duelavam na final do Módulo Amarelo.

No primeiro jogo da decisão da Copa União, Internacional e Flamengo ficaram no empate em 1×1, no Beira-Rio. No outro Módulo, o Guarani vencia o Sport por 2×0 no Brinco de Ouro da Princesa.

Chegou, então, o dia 13 de dezembro de 1987.

Maracanã lotado, Ilha do Retiro idem.

Na cidade maravilhosa, o Flamengo vence por 1×0 e se torna o Campeão da Copa União, ou o Campeão Brasileiro como quase toda a imprensa esportiva assim o definiu (com exceção do SBT, que estava aliado à CBF e transmitia o Módulo Amarelo).

Enquanto que na capital pernambucana o Sport fazia 3×0 no Guarani e levava a disputa para a prorrogação e pênaltis (não tinha essa de saldo de gols). O 0x0 na prorrogação levou a final para a disputa por pênaltis.

E, aí meus amigos, mais um absurdo aconteceu.

Quando a disputa estava 11 a 11 os dois presidentes dos dois clubes resolveram, por si próprios, retirarem seus times de campo.

“Chega de bater pênaltis! Já que nós dois estamos classificados para o quadrangular final mesmo, pra que vamos perder tempo em cobranças de penalidades?” devem ter pensado os cartolas.

Talvez essa tenha sido a primeira, se não única, vez que uma disputa por pênaltis terminava empatada.

Aí, para terminar de cagar, a CBF declara o Sport como campeão daquele Módulo, inclusive com a concordância do Guarani, pois o time pernambucano tinha a melhor campanha entre os dois finalistas.

Ora, se a melhor campanha era fator de desempate, por quê não fora utilizada logo que terminou os noventa minutos e o Sport já havia vencido o Guarani por 3×0 (devolvendo com sobras o placar do primeiro jogo)?

Poster do Flamengo Campeão Brasileiro de 1987!

Poster do Flamengo Campeão Brasileiro de 1987! Era assim que a imprensa tratava o Rubro-Negro.

O quadrangular:

Em janeiro de 1988 a CBF divulga a tabela do quadrangular final, não reconhecendo o Flamengo como campeão brasileiro, e informando a todos que aqueles seis jogos seriam sim para decidir o título de 1987.

Desnecessário dizer que nem Flamengo, nem Inter e nem nenhum outro clube do C13 que estivesse nessa disputa entrariam em campo naquele janeiro, né?

Mas, vale dizer o seguinte: esse quadrangular foi tão bem aceito por todos que, incrivelmente, até a Federação Carioca marcou jogos do Flamengo no estadual daquele ano nas mesmas datas do tal quadrangular.

Uma das principais federações que formam a Confederação Brasileira de Futebol agiu em direção contrária ao que queria a entidade máxima no país.

Guarani e Sport venceram seus jogos contra Flamengo e Inter por WO e, nos jogos entre si, empataram no Brinco de Ouro por 1×1 e o Sport venceu na Ilha por 1×0.

Sport e Guarani foram os representantes brasileiros na Libertadores de .1988.

Posição do Blog:

Analisando todos os fatos históricos, e tenha certeza caro leitor, eu tentei me informar bastante sobre esse assunto, o Blog não pode deixar de condenar toda a atuação da CBF nesse caso, bem como das federações estaduais e dos tribunais esportivos, e vejo a CBF muito mais como uma entidade política do que de gestão do nosso futebol.

Dessa forma, entendo que toda a condução do caso foi meramente política, o que me faz ter certo nojo disso tudo o que ocorreu.

Nojo principalmente da passada de perna que a CBF deu nos clubes que tentavam se organizar de outra maneira, determinando o cumprimento de um regulamento que estes não estavam de acordo e que fora confeccionado após o início das disputas.

Por conta disso, continuaremos considerando a classificação final da Copa União para a composição do nosso Ranking, mantendo o Flamengo como o campeão nacional (se você não quiser utilizar-se do termo Brasileiro) daquele ano e o Internacional como vice-campeão.

Da mesma forma que o Blog não considera o Santos Futebol Clube oito vezes campeão brasileiro, o que não diminui a importância que damos aos seis títulos conquistados da Taça Brasil na década de 60.

Vale lembrar que a CBF fez esse reconhecimento dos títulos da Taça Brasil e do Torneio Roberto Gomes Pedrosa quando estava em negociação dos direitos de transmissão de seus campeonatos, tentando agradar aos presidentes de Bahia, Santos, Palmeiras, Botafogo e Cruzeiro para não perder votos importantes ao seu favor.

O que é igualmente condenável.

A única certeza que fica disso tudo é que, enquanto houver futebol na face da terra, o resultado do campeonato brasileiro de 1987 será debatido, discutido e esse ano nunca, nunca terá fim.

Com esse tipo de proposta, dificilmente o grupo conseguirá a mudança desejada!

Com esse tipo de proposta, dificilmente o grupo conseguirá a mudança desejada!

Vi hoje, na página do Bom Senso FC no Facebook, que finalmente o grupo de atletas irá apresentar para a detentora dos direitos de imagem (TV Globo)  alguma proposta sobre a principal reivindicação do grupo, a mudança no calendário.

Conforme eu escrevi aqui há alguns dias, era exatamente isso que estava faltando ao grupo de atletas: alguma proposta!

Não sei se influenciados pelos meus comentários, ou não (acredite, eu postei na página deles as minhas opiniões e sei que eles, ou os responsáveis pela página, leram), mas desde ontem vem rolando uma proposta do grupo para redução dos estaduais e ampliação das séries C e D do Brasileirão.

Pela proposta do Bom Senso, todos os estaduais deveriam ser disputados em formato parecido com a Copa do Mundo de Seleções, com 32 equipes divididas em oito grupos de 4 cada, e sete datas para se conhecer o campeão. Para evitar que os clubes menores tenham apenas esse compromisso no ano, as séries C e D seriam ampliadas no número de participantes, a fim de abrigar e deixar em atividades os mais de 500 clubes de futebol profissional durante o restante do ano.

Essa proposta visa diminuir o número de jogos dos grandes clubes do Futebol em Terras Brasilis, passando de 83 para 72 o número máximo de jogos que uma equipe daqui pode fazer dentro de uma temporada.

Ok.

Querem saber a minha opinião, se é que ela é importante?

Péssima ideia!

Confesso que fiquei desanimado com o que eu li.

Principalmente por três motivos:

  1. Como preencher as 32 vagas de estados que não possuem esse número de equipes profissionais de futebol (e, acredite, são muitos)?
  2. E para os casos dos estados com mais de 32 clubes profissionais, o que seria feito com os demais times?
  3. Como tornar atrativa para todos os interessados as duas divisões de acesso com tantos clubes disputando?

Para o primeiro motivo, a ideia (também bem péssima) do Bom Senso é preencher as vagas restantes com times amadores(?!?), o que deixa a proposta muito, mas muito longe de ser exequível. Nenhuma federação estadual, nem a televisão e nem os patrocinadores vão ter interesse em realizar, transmitir ou patrocinar um campeonato assim.

Para o segundo motivo, provavelmente podemos imaginar que a ideia seria fazer as demais divisões do estadual com a mesma fórmula, respeitando o limite de 7 datas.

Já para o terceiro motivo ainda não li nada que o grupo tenha pensado a respeito, mas também duvido da eficácia da ideia, tanto para organizadores, detentores do direito de transmissão e patrocinadores.

Fato é que dificilmente uma ideia dessa vai emplacar, mas que dificilmente, também, o grupo conseguiria alguma coisa se não sugerir nada, protestando apenas pelo fato de protestar.

E aí fica a pergunta: qual é, então, a diferença enter não sugerir nada e sugerir isso?

Na manhã dessa segunda-feira ouvi no rádio, a caminho do trabalho, um pequeno debate que há muito tempo eu não ouvia.

O debate, motivado pelo jogo entre Atlético Paranaense e Corinthians de ontem e pela reclamação dos jogadores e do técnico Tite com relação às condições do gramado, tratava das condições dos estádios brasileiros, mais precisamente daqueles em que são jogados os jogos da Série A do nacional. Durante esse debate, muito se falou sobre uma possível necessidade da CBF definir um padrão de estádios para que os times das Séries A e B do Brasileirão tivessem que mandar seus jogos.

Os apresentadores do programa, que não vou citar qual era, defendiam que deveria haver sim uma padronização definida pela CBF e, aqueles que não se enquadrassem, teriam que mandar seus jogos em outros estádios, possivelmente até fora de sua cidade ou estado.

Talvez mal acostumados que estamos com o tal padrão FIFA para os estádios que sediarão a Copa do Mundo de 2014, e pelas reais péssimas condições de jogo ontem em Curitiba, o debate possa voltar a surgir em outros programas esportivos e vire, de uma hora para outra, mais um daqueles temas que todos podem opinar.

maracana02_depoisCom a vinda da Copa do Mundo para o país vimos algumas arenas modernas serem erguidas, ou pela reforma de antigos estádios, ou pela simples construção de um novo espaço. Assim, os doze estádios da Copa passaram, e estão passando, de sonho para realidade de termos um local mais digno para assistirmos ao nosso bom e velho futebol.

Além das doze sedes mais quatro estádios, ainda que em cidades-sede, entraram (ou entrarão) no rol de arenas modernas e confortáveis que citei acima. São eles a Arena do Grêmio, em Porto Alegre, o Allianz Parque, do Palmeiras, o Independência em Belo Horizonte e o Engenhão, no Rio.

Mas, como sabe bem o leitor desse blog, esses 16 novos palcos para o nosso futebol não representam, talvez, nem 10% dos estádios brasileiros. Se formos contar apenas com os 20 participantes da Série A desse ano, os 16 estádios seriam, na verdade e quando prontos, apenas 45% dos estádios, visto a ausência do Palmeiras e de times de Brasília, Cuiabá, Manaus e Maceió na primeira divisão.

Ou seja, a representatividade dessas novas arenas, mesmo que no mais importante campeonato do país, ainda é muito pequena.

E, considerando que a representatividade dessas novas arenas ainda é baixa, qual deveria ser o tal padrão CBF para os estádios nacionais? O que deveria ser aceito como padrão de qualidade Série A, Série B ou Série C pela entidade que “organiza” o Futebol em Terras Brasilis? O que se pode aceitar, e o que não se pode, em padrão de qualidade nos nossos estádios?

Falar que todos deveriam seguir o padrão FIFA é bem bonitinho, mas extremamente utópico.  Só nós sabemos quanto tempo demorou para que um estádio com o mínimo de conforto fosse erguido em nosso país, e quanto de dinheiro público não está sendo necessário para levantar os doze estádios que sediarão a Copa.

Você pode dizer: “Ah, mas os estádios mais antigos que temos atualmente na Série A (Pacaembú, Morumbi, Vila Belmiro, Couto Pereira, São Januário, Barradão, Eriberto Hulse e Serra Dourada) podem servir de padrão para a Série A”.

Sim, podem.

Padrão, mas não de qualidade.

Estádios sem banheiro, sem assento marcado, sem estacionamento, sem camarotes, sem local para refeição, com dificuldade de acesso (para entrar ou sair) podem ser padrão, mas não de qualidade. Isso sem contar na infraestrutura para os profissionais envolvidos, como vestiários amplos e confortáveis, sala de imprensa, drenagem do gramado, a tal da zona mista para entrevista a jogadores sem ter que jornalista acessar o campo, entre outros.

Quando falamos em estabelecer um padrão, seja para estádios, seja para o que for, devemos pensar que todos os envolvidos no processo devem dispor de condições de, se não imediatamente, alcançar este padrão no curto ou médio prazo. Além disso, estabelecer um padrão significa dizer que algo terá uma qualidade que agrade, ou que pelo menos não desagrade, aos que utilizam do serviço/produto.

Seria muito bom se conseguíssemos estabelecer um padrão para os nossos estádios, ao menos para os 50 principais palcos do futebol no país. Mas isso, se um dia acontecer, não será do dia para a noite, de uma hora para outra. Será um trabalho que envolverá um investimento muito grande dos proprietários dos estádios (clubes ou prefeituras) para alcançar e manter esse padrão.

Até para colocar em prática a estapafúrdia ideia de fazer com que a CBF arque com esses investimentos soa como loucura, uma vez que a entidade teria que distribuir recursos para todos os clubes, o que já mostra a inviabilidade dessa ideia.

Apesar dos percalços no jogo de ontem, temos que ter em mente que para a realidade do futebol no país mudar é necessário  mudar a realidade do país, dos investimentos no esporte em geral e isso leva muito, mas muito mais tempo.