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O time do São Paulo embarca hoje para uma viagem ao exterior, onde terá quatro jogos em compromissos diversos contra times europeus e japoneses.

A primeira parada será na Alemanha, onde jogará a Copa Audi (ou Audi Cup se você preferir). Trata-se de um torneio amistoso organizado pela marca de veículos que não é levado muito à sério pelos participantes. Essa será a terceira edição do torneio e contará, como se sabe, com Bayern de Munique, Manchester City e Milan, além do Tricolor paulista.

Depois, o time de Paulo Autuori vai para Portugal disputar um amistoso com o Benfica e finaliza sua excursão no Japão, onde enfrentará no dia 07/8 o Kashima Antlers, em jogo válido pela 6a. edição da Copa Suruga Bank (torneio criado entre a federação japonesa de futebol e a Conmebol).

Essa viagem, com um apelo muito mais comercial do que futebolístico em si, veio para o Tricolor em um momento ao mesmo tempo bom e ruim. E deve ser aproveitada para despertar a consciência de todos do time paulista.

O lado ruim da viagem começou bem antes dela acontecer propriamente. Lá atrás, quando o então diretor de futebol do clube, Adalberto Batista, deixou de acompanhar o time em uma viagem para disputar um jogo válido pela fase de grupos da Libertadores, para ir à Europa acertar a parte européia dessa excursão. Essa ausência foi um dos primeiros atritos que ele teve com o elenco, principalmente com o goleiro e líder Rogério Ceni.

Esse lado ruim continuou quando, após o retorno do Brasileirão, o Tricolor engatou uma série de resultados negativos. A seqüência de jogos ocorridos logo após a troca de treinador, dois deles por conta de adiantamentos de datas para realizar a excursão, fizeram com que Paulo Autuori não tivesse, até hoje, uma semana inteira de treinamentos. Bem sabem aqueles que gostam e acompanham o futebol que, para um técnico novo implantar alguma mudança no padrão de jogo de um time é necessário tempo e treinamento. Autuori não teve muito disso por enquanto.

Fechando o lado ruim, que está intimamente ligado com o parágrafo acima, tem o desgaste que os atletas irão sofrer na viagem. Afinal, Alemanha, Portugal e Japão não são países vizinhos, nem tampouco próximos do Brasil. Após o jogo no Japão, o Tricolor terá que enfrentar uma dura viagem de volta e entrar em campo já no dia 10/8, contra a Portuguesa, no estádio do Canindé.

Um absurdo que beira o desumano.

Mas existe o lado bom.

E não é o lado comercial. Tão menos o ganho em exposição de marca no exterior, motivo pelo qual o ex diretor de futebol fechou a participação do Tricolor nos amistosos.

Esses podem realmente serem bons, não sei.

Mas fato é que a viagem vai tirar um pouco do foco da imprensa na crise Tricolor, além de arejar as cabeças dos jogadores e da comissão técnica. Além disso, essa excursão pode servir também para unir mais o elenco, fazer com que os jogadores entendam o que quer o técnico Paulo Autuori e, porque não, até servir como um enorme treinamento do Tricolor em terras estrangeiras.

Os resultados, que não serão nenhuma catástrofe, pouco vão amenizar ou piorar a crise. E não podem ser encarados de forma séria pela torcida São-Paulina.

O que deve ser feito por todos no time do Morumbi, desde o presidente até o roupeiro, passando pelos torcedores, durante essa excursão é tomar consciência da real situação do time no Campeonato Brasileiro.

Digo isso porquê, se você analisar, um comportamento típico dos grandes clubes que experimentaram o descenso à Série B do Brasileirão nos últimos anos, é o de desdenhar da hipótese quando essa ainda é bem pequena. Ou seja, antes da queda os dirigentes, técnicos, jogadores e até torcedores dos grandes clubes sempre acham que “ainda dá tempo de recuperar”, que “temos X rodadas pela frente”, que “nosso time é incaível” (como se essa palavra existisse), e que “ainda não é o momento de falar em rebaixamento”.

Quando voltar de viagem o Tricolor continuará na zona de rebaixamento, isso se não estiver na lanterna do campeonato. O foco, o discurso e a meta maior do time deve ser em sair e se afastar da zona de rebaixamento.

A preocupação de todos deve ser em tirar o time do Morumbi desse lugar. Lutar rodada a rodada, ponto a ponto, sempre mantendo o discurso contra a permanência da equipe em tão incômoda posição.

Lembrem-se apenas do Palmeiras no ano passado, que nas primeiras rodadas do Brasileirão diziam que estava na zona de rebaixamento por conta da prioridade que o time deu para a fase final da Copa do Brasil. Depois foi porquê o time estava de ressaca do título. Daí pra frente o discurso era sempre o mesmo: “Ainda tem muito tempo, não vamos nos preocupar com isso agora”.

Deu no que deu.

Time e técnico para sair dessa indesejada situação o São Paulo tem.

Falta ter agora a consciência.