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Uma lembrança agitou minha mente durante toda essa semana.

Algo que vem lá dos fundos da minha memória, que nem eu imaginava que já poderia fazer tanto tempo. E, junto com essa lembrança, veio também um sentimento bem gostoso que eu tenho por alguém especial na minha vida.

Esse alguém é meu tio Carlos.

E essa lembrança é o primeiro jogo de futebol que eu fui assistir no estádio.

E, contando com a ajuda maravilhosa da internet, além da colaboração imprescindível da soneca da tarde da Manuelita, eu consegui achar o vídeo desse meu primeiro jogo.

Um Corinthians 4×0 Guarani, ou Guaraná como nós, as seis crianças que meu tio corajosamente levou ao estádio, teimávamos em chamar.

Num domingo de sol do ano de 1986, meu tio Carlos, que geralmente proporcionava os melhores passeios para aquela molecada toda, colocou seus dois filhos, Paulo e Guilherme, e os quatro sobrinhos, eu, meu irmão Rodrigo, a Priscila e o Claudinho (que hoje é, na verdade, Claudião), e fomos todos em direção ao velho estádio do Pacaembu.

Fomos de arquibancada, já que naquela época não era tão perigoso assim ficar nessa parte do estádio. Eu, Corinthiano fanático que já era, me lembro direitinho da primeira vez que vi o campo gramado do Pacaembú, ainda lá em cima, no portão de entrada.

Naquela época a arquibancada pegava desde a curva do portão principal até próximo do tobogã, passando por debaixo das cabines de rádio, onde hoje fica situada a cadeira laranja. Escolhemos nosso lugar bem abaixo das cabines de rádio, no meio do campo, com uma visão privilegiada.

O passeio, lógico, teve direito a sorvete, amendoim e uma bela bagunça, sempre capitaneada por esse meu tio.

Por falar no meu tio, como ele era corajoso, meu Deus! Levar seis crianças ao estádio e conseguir controlá-las era realmente um ato de muita coragem! Coragem não por ser um passeio perigoso, que naquela época não era, mas por conseguir dar conta da garotada, sempre com muita paciência e atenção.

Mas o tio Carlos sempre fazia isso. Quando não era a escalada no Pico do Jaraguá, era o passeio com piquenique no Parque do Carmo. Quando não era isso, nem aquilo, era uma deliciosa história do Pedro Malazartes nas reuniões de família, quando ficavam todas as crianças à sua volta, ouvindo atentamente as artes do tal do Pedro.

Boas lembranças nas quais eu sempre tento me espelhar para tentar ser um tio para meus sobrinhos e um pai para minha filha tão legal quanto era, na minha infância, meu tio Carlos.

Do jogo em si pouco me lembrava. Me lembrava que o Biro-Biro tinha feito um dos gols e que todos os outros tinham sido marcados por um outro jogador. Hoje vi, pelo vídeo, que esse jogador é um tal de Ricardo.

Mas isso não importava. Isso não importa.

O que importa é que para sempre vou levar na minha memória os passeios com o tio Carlos.

E que para sempre ele estará em meu coração.