Posts Tagged ‘violência no futebol’

Lógico que o tema central desse post não poderia ser outro. Afinal, o “mundo esportivo brasileiro” está falando da guerra campal ocorrida no modesto estádio de Joinville, no interior da Santa e Bela Catarina.

Mas, o blogueiro aqui pergunta, qual é a novidade nisso tudo?

Duas torcidas tensas, pouco policiamento e nenhum, registre-se, nenhum sentimento de medo da lei daqueles que transformaram um simples jogo de futebol em notícia do caderno de polícia dos principais jornais do país.

Já dá até para prever o futuro: agora os ministérios públicos vão pedir a extinção das torcidas organizadas de Vasco e Atlético Paranaense, os políticos vão usar suas belas e velhas bravatas contra a violência nos estádios (até a presidente do país já o fez), o Tribunal de Justiça Desportiva vai punir “exemplarmente” os clubes, mas depois vai despunir (e essa palavra eu acabei de inventar) por conta dos recursos impetrados, a sociedade vai ficar indignada por um tempo, mas logo passa porquê o Natal já está chegando e é preciso deixar um clima de confraternização mundial no ar, e blá, blá, blá…

E, confesso, eu hesitei muito em escrever tudo isso (e olha que eu escrevi muito pouco sobre o fato), até porquê respeito meus poucos leitores e tento ser, ao menos, um pouco original no meu blog.

E, aí meus amigos, eu lhes digo: por essas e por outras que já faz mais de 4 anos que eu não ponho meus micosentos pés em nenhum estádiozinho sequer.

Brasileirão 2013:

À sombra dos acontecimentos de Joinville, que é uma bela e aprazível cidade por sinal, o Campeonato Brasileiro de 2013 acabou de maneira inédita.

Inédita porquê foi a primeira vez que dois times grandes de um mesmo estado foram rebaixados à Série B do ano seguinte, e inédito porquê pela primeira vez o atual campeão foi rebaixado no Brasileirão.

E, curiosamente, ontem eu estava assistindo ao Sportv e vi que a equipe do Tá na Área fez um levantamento de quantas vezes no futebol mundial, principais e menores campeonatos nacionais, isso havia ocorrido. Eu não me lembro o número, mas era algo impressionantemente raro.

Bem, além do rebaixamento do Vasco e do Fluminense, tivemos a confirmação do vice-campeonato do Grêmio e da 3a colocação do Atlético Paranaense, ambos garantidos na Libertadores de 2014.

Quem não está garantido, mas pode chegar lá, é o Botafogo, que depende do desfecho da Taça Sul-Americana para saber se irá ou não para a competição continental. Caso dê Ponte na próxima quarta-feira, quem ocupará essa vaga será o time de Campinas.

No mais, além do claro destaque de termos três times considerados médios entre os seis primeiros colocados do campeonato (é a primeira vez que isso acontece na era dos pontos corridos), uma grande decepção para os times de São Paulo, onde seu melhor colocado, o Santos, terminou em 7o lugar.

Ranking:

Com a classificação final, veja a pontuação que os dez primeiros colocados angariaram em nosso Ranking:

Classificação final Brasileirão 2013

A atualização do Ranking de 2013 ocorrerá após o final da Taça Sul-Americana, ainda nessa semana.

Aposta:

Os que acompanham o blog desde o início do Brasileirão sabem que eu fiz uma brincadeira com um amigo torcedor do Atlético Paranaense, onde ele iria participar de um bolão e pediu, no início do campeonato, para que eu descrevesse como eu acreditaria que iria terminar o Brasileirão 2013.

Veja abaixo o quadro comparativo, com a tabela da direita com as colocações finais do Brasileirão e a da esquerda com o meu palpite:

Os palpites desse blogueiro não foram tão bons assim.

Os palpites desse blogueiro não foram tão bons assim.

Acertei apenas o Grêmio no G4 e a quada de Vasco da Gama e Náutico.

Espero que meu amigo não tenha se baseado nos meus palpites.

Amanhã teremos a atualização das páginas dos dez primeiros colocados do Brasileirão.

Foto do torcedor envolvido na briga do último domingo, que passou uma bela temporada em Oruro.

Foto do torcedor envolvido na briga do último domingo, que passou uma bela temporada em Oruro.

Uma notícia extracampo vem tomando conta do noticiário esportivo essa semana: a participação, na briga entre “torcedores” de Vasco e Corinthians no jogo do último domingo, de um (ou dois) integrantes da Gaviões da Fiel que ficaram detidos na Bolívia, por conta da morte do garoto Kelvin Espada no primeiro jogo do Corinthians pela Libertadores desse ano.

O que pareceu algo espantoso para muitos, não foi nada além da constatação do pensamento desse que vos escreve: que aqueles que foram detidos, tinham sim, alguma coisa a ver com o ocorrido em Oruro. Direta ou indiretamente.

Mas como não estou aqui para julgar ninguém, até porque, de acordo com o que lemos na imprensa, não foram encontradas provas dessa participação dos doze caras que foram presos lá na Bolívia, o cerne desse post não será discutir a participação ou não deles na morte do menino.

Ao contrário disso, quero escrever sobre a dependência que os grandes clubes brasileiros têm de suas torcidas organizadas, e tentar analisar se isso é ou não prejudicial ao Futebol em Terras Brasilis.

Também não espere, caro leitor, encontrar nesse blog amador uma informação de bastidor, ou algo que ainda ninguém tenha falado, ou escrito. Eu não tenho essa pretensão, tão menos essa  capacidade…

Mas, vamos aos fatos, tomando como exemplo o caso desse(s) integrante(s) da maior organizada Corinthiana.

Já é muito complicado para um pai de família como eu, para um jovem trabalhador, para quem quer que seja, acompanhar de perto o clube de coração em viagens longas. Geralmente essas viagens levam mais que um ou dois dias, atrapalhando aqueles que têm de trabalhar de segunda a sexta (às vezes também nos sábados e domingos). Se o jogo é numa quarta-feira, então, aí que fica realmente inviável.

Mais complicado ainda, para esse mesmo pai de família, deve ser ficar detido em um país que seja por seis longos meses. Quem paga as contas desse pai de família? Como ele volta a trabalhar, depois de um ocorrido desses? O que acontece com esse emprego?

Complica mais um pouco a situação se, logo após voltar dessa prisão, tirar uns dias para acompanhar seu time do coração em um jogo na capital federal, distante uma pá de quilômetros da cidade de São Paulo. Se a viagem for de ônibus, então, pior ainda.

Logo percebe-se que esse torcedor, por exemplo, ou vive de torcer para o seu time ou é muito rico…

Vamos considerar que ele viva de torcer para o seu time, pois até aqueles que são muito ricos possuem compromissos, ou profissionais ou de quaisquer outras áreas, que impeçam de acompanhar tão de perto sua paixão futebolística.

Então, usando um pouco de raciocínio lógico, e ligando um ponto ao outro, percebemos que alguns torcedores vivem de serem torcedores organizados, dos mais variados times, visto que essa situação não se restringe apenas ao Alvinegro do Parque São Jorge.

São torcedores que acompanham seus times nos mais distantes pontos do país e, por que não, do mundo.

E alguém financia tudo isso.

Uma vez eu vi uma entrevista do atual presidente do Fluminense, Sr. Peter Siemsen, onde ele admitiu que o clube dava subsídios (agora não me lembro se financeiros, ou de logística) para que a torcida organizada do Tricolor acompanhasse o seu time onde fosse.

E ele justificou essa despesa como uma forma de promoção do clube, coisa que a torcida era responsável por levar o estandarte, faixas e bandeiras do clube onde fosse.

Declaração interessante, corajosa e polêmica.

E o presidente foi voz solitária, sendo que nenhum outro, nunca mais, admitiu tal fato.

Mas, apesar de ninguém afirmar com certeza, sempre lemos e ouvimos na imprensa que todos, absolutamente todos os clubes, dirigentes e conselheiros mantém suas torcidas organizadas por perto, financiando viagens, dando ingressos (ou descontos na aquisição destes), e até bancando carnavais e etc.

Afinal, o que faria, por exemplo, a torcida Independente ter defendido com unhas e dentes o atual presidente do São Paulo, maior responsável pela péssima fase que o clube vive atualmente?

Quando da morte do garoto boliviano, lembro-me que escrevi que todos os culpados teriam que ser punidos (leia aqui). Óbvio que isso nunca aconteceria, né? Seria como punir toda classe política pela morte de um cidadão comum na porta de um hospital público esperando atendimento.

Mas, e aí, é vantagem para os clubes manterem suas organizadas tão próximas?

Politicamente, para os dirigentes, sim, é!

Evita protestos, gritaria na porta dos CT’s, depredação das sedes e até ameaças de morte! Além, é claro, de garantir tal dirigente, ou seus pares, no poder dos clubes e federações.

Já, para aquele torcedor desorganizado, que gostaria de ir a um estádio com seu filho, com sua filha, para curtir um domingo de sol, não, não é!

Mas esse torcedor pouco influencia no processo eletivo do clube, né? Geralmente não protesta, não briga, não discute. Se o time dele perde ele vai pra casa e continua sua vida normalmente, sabendo que futebol, para ele, é apenas uma forma de lazer, de entretenimento. Ele praticamente não conta…

É lógico que existe o lado bom das torcidas organizadas. Para tudo na vida existe um lado bom. Realmente é muito bonito ver a festa que essas torcidas fazem nos estádios, quando se propõem apenas a isso, e aí independe de qual time você torça, de qual torcida estamos falando.

Mas esse lado bom compensa o lado ruim? E, acrescento, o lado ruim dessa ligação estreita entre dirigentes e torcidas organizadas não pode ser favorável para o próprio dirigente?

Fosse você o presidente de um grande clube do futebol brasileiro, tentaria aproximação a essas entidades, ou afastamento?

Fato é que, por inúmeras razões que vão desde a política interna dos clubes, até a certeza da impunidade nos casos como o do garoto Kevin, os dirigentes mantém essa aproximação com as torcidas organizadas, financiando-as e criando vínculos de difícil dissolução no futuro.

E a nós cabe apenas assistir a tudo pela televisão.

Porque em estádio eu não boto mais meus pés!